Nas arquibancadas da Eurocopa, o nacionalismo dos torcedores europeus assusta as autoridades que se esforçam para lutar contra a xenofobia e o racismo. Nos campos, as seleções são obrigadas a conviver com estrangeiros, filhos de imigrantes ilegais e mesmo jogadores naturalizados há poucos meses.
A Europa vive um ressurgimento dos nacionalismo e de medidas contra a imigração. O tema faz parte de praticamente todas as eleições nos últimos três anos e a Uefa teme que a Eurocopa comece a dar sinais de ser uma plataforma para essas tendências nacionalistas.
O presidente da Uefa, Michel Platini, foi claro ao pedir que "as diferenças entre os povos sejam respeitadas", em uma clara mensagem aos grupos que queiram usar o futebol para demonstrar a superioridade de um país. Ele recomendou os árbitros que simplesmente parem os jogos se atos de racismo forem identificados.
"Esperamos que cada seleção mostre sua força, mas que isso não signifique nada além do futebol ou que seja transposto para a política", afirmou Pascal Couchepin, presidente da Suíça, anfitriã do torneio e que também vive uma polêmica em torno da nacionalização de estrangeiros. Dezenas de agentes da polícia secreta foram distribuídos pelas cidades que sediarão os jogos. Falando a língua de cada um dos países classificados, os agentes vão identificar os líderes dos grupos xenófobos e convocar a polícia.
Foi assim que, no último domingo, parte da torcida alemã que invadiu a Áustria foi pega entoando gritos nazistas contra os poloneses, o que resultou na prisão de 157 pessoas. Horas depois, era o polonês nacionalizado alemão Lukas Podolski quem dava a vitória ao time de Berlim. E ele não é o único "estrangeiro" na seleção alemã. Klose também é polonês de nascimento, Mario Gomez é espanhol e Kevin Kuranyi é carioca.
No sábado, Portugal abriu o placar com Pepe, que até 2007 era brasileiro. Os brasileiros ainda estão presentes nos times da Polônia, Turquia e Espanha. Isso sem contar com o grande número de filhos de imigrantes, alguns deles ilegais, que hoje são heróis nacionais. No time da Suíça, por exemplo, uma das estrelas é o filho de turco Hakan Yakin. Nomes pouco suíços como Ricardo Cabanas e Gelson Fernandez (nascido em Cabo Verde) também fazem parte do time.
Na seleção da Croácia há ainda australianos, alemães e suíços. Já os franceses ficaram conhecidos desde 1998 por ter um time com nomes árabes e africanos. Neste ano, Karim Benzema ou Samir Nasri não são ídolos de times do Oriente Médio, mas da seleção francesa.