Polícia começa segunda fase da operação ‘Jules Rimet’

O primeiro dos nove investigados da segunda fase da operação “Jules Rimet” – que em sua primeira parte desarticulou um esquema milionário de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo e acusou 12 pessoas, entre elas o CEO da Match, Raymond Whelan – foi ouvido nesta quinta-feira pela Polícia Civil do Rio. Ex-empresário de jogadores como Edilson, Denilson e Júnior Baiano, Luiz Antonio Vianna de Souza, de 48 anos, prestou depoimento por quase duas horas na 18ª DP (Praça da Bandeira), que investiga o caso.

Segundo a polícia, ele contou ter pessoalmente visto o franco-argelino Lamine Fofana, preso desde o dia 1º de julho e acusado de ser o líder da quadrilha, receber cerca de US$ 100 mil em espécie por vendas de ingressos e de camarotes, em diferentes ocasiões e locais, que os policiais não quiseram detalhar.

Para o promotor Marcos Kac, que participa da operação junto com a polícia, a quantia vista por somente um dos investigados mostra o quão grandioso era o volume de dinheiro movimentado pela quadrilha. A polícia estima em pelo menos R$ 200 milhões.

Nesta quinta-feira, além do novo depoimento, teve início a tentativa de rastreamento do dinheiro da quadrilha, com o apoio do Laboratório de Lavagem de Dinheiro da polícia. Até o momento, os investigadores ainda não conseguiram descobrir as contas bancárias de Fofana – só dos integrantes brasileiros do grupo. “Queremos saber para onde foi o dinheiro”, disse o promotor Marcos Kac.

Nesta sexta-feira, um outro empresário ligado ao franco-argelino tem depoimento marcado na 18ª DP. Os policiais não revelaram seu nome, disseram apenas que ele também está entre os nove investigados na segunda fase da operação.

Em ligações telefônicas interceptadas pela polícia, Luiz Antonio Vianna de Souza foi flagrado pedindo ingressos para o franco-argelino. No depoimento e também em entrevista aos jornalistas, na saída da delegacia, ele negou ter comprado ou revendido as entradas, mas admitiu ter longa relação com Fofana. “Eu ajudava ele nos deslocamentos, procurava casa para alugar. Ajudei em muitos negócios, sim, porque tinha muito interesse comercial no Lamine. Ele é empresário de futebol e eu ‘vendo’ jogadores”, afirmou.

O empresário contou ter conhecido Fofana há quatro anos, quando tentou uma transferência do atacante Adriano para Dubai, sem sucesso. Com base nas gravações telefônicas e em outros indícios, a polícia quer averiguar qual era a ligação de Luiz Antonio Vianna de Souza com o franco-argelino e a quadrilha.

O empresário admitiu ter sido o responsável por convidar os campeões mundiais de 1970 para a festa que Fofana promoveu dias antes de ser preso, no restaurante Palaphita, na Lagoa, zona sul do Rio. Luiz Antonio Vianna de Souza foi fotografado na festa pelas duas agentes infiltradas da 18ª DP ao lado de nomes como Jairzinho e Mozer.

Quem pagou a conta daquela festa, segundo Luiz Antonio Vianna de Souza, foi Fofana. O empresário revelou também que muitos dos presentes na ocasião – ele inclusive – foram levados de graça pelo franco-argelino para camarotes no Maracanã em dois jogos da Copa: Argentina x Bósnia e França x Equador.

EXECUTIVO – A defesa de Raymond Whelan, CEO da Match que continua preso no Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio, informou nesta quinta-feira que entrou com novo habeas corpus pedindo a liberdade do inglês, desta vez no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Outro pedido de habeas corpus está na segunda instância do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) e será analisado pela desembargadora Rosita Maria de Oliveira Netto, da 6ª Câmara Criminal.

No pedido apresentado ao STJ, o advogado Fernando Fernandes quer “suspender os pedidos de prisão” até que o outro habeas corpus seja julgado pela desembargadora Rosita Maria de Oliveira Netto. Nesta semana, a magistrada já negou pedido de extensão do habeas corpus de terça-feira da semana passada, que libertou o inglês, para o novo pedido de prisão (de quinta), que o levou novamente a ser detido.

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