A Polícia suspeita que o são-paulino Charles Lemos dos Santos, vítima de um ataque com barras de ferro e um cabo de enxada na madrugada desta quinta-feira, tenha sido alvo de um acerto de contas entre torcidas organizadas. A ação contra o torcedor foi muito parecida com a sofrida pelo santista Márcio Barreto de Toledo, morto no dia 24 de fevereiro.

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Após o jogo entre São Paulo e Penapolense, no Morumbi, por volta das 2h20, Charles estava com mais dois amigos na frente da estação Luz, no Centro, esperando a volta da circulação dos trens, prevista para 4h40, quando foi surpreendido por um grupo de dez pessoas que desceram de dois veículos.

Aos gritos de “Vocês vão morrer”, os agressores atacaram o trio. Os dois amigos de Charles conseguiram escapar, mas ele acabou cercado e espancado. Com vários ferimentos na cabeça, foi levado ao Hospital das Clínicas em estado grave. Até o fim da tarde da última quinta-feira, o quadro dele era estável. Charles, 25 anos, é sócio da torcida organizada Independente e vestia uma camiseta da facção no momento do ataque.

De acordo com as vítimas, não foi possível reconhecer os agressores, que não vestiam camisas de clubes. As placas dos veículos também não foram anotadas – um dos automóveis era um Volkswagen, modelo Polo, cor preta.

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No dia 24 de fevereiro, Márcio Toledo, 34 anos, integrante da Torcida Jovem, morreu após ser espancado no Jardim Aricanduva, depois de assistir ao clássico entre Santos e São Paulo, no Morumbi. Câmeras de segurança registraram o momento em que são-paulinos, dentro de dois carros, ficam de tocaia à espera de um grupo de santistas e, em seguida, partem para o ataque com barras de ferro na mão. Márcio estava em um ponto de ônibus quando foi atacado.

“O modus operandi dos dois crimes foi o mesmo. É provável que haja algum tipo de ligação”, disse o delegado Arariboia Fusita Tavares, do 3.º DP.

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Opinião semelhante tem o delegado do 21.º DP, Moisés Teodoro Messi Filho. Ele é o responsável pelas investigações sobre a morte de Márcio. “Nenhuma hipótese pode ser descartada. O grande problema é que praticamente toda semana é registrada uma briga de torcida em São Paulo”, afirmou.

Ele ainda não conseguiu identificar os responsável por atacar Márcio e reclama da falta de colaboração das torcidas. “Sem testemunha fica difícil chegar a alguma conclusão. Nem os torcedores que conseguiram escapar prestaram queixa à Polícia.”

INVESTIGAÇÃO – O Boletim de Ocorrência foi registrado no 2.º DP (Bom Retiro) como lesão corporal e rixa. Mas como o ataque ocorreu na área do 3.º DP (Campos Elísios), o caso foi transferido. Tavares, no entanto, pretende encaminhar nesta sexta-feira a investigação para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

O caso deve ficar com a delegada Margarete Barreto. Ele comandou a Operação Hooligans, que investiga a invasão ao CT do Corinthians no último dia 1.º de fevereiro e prendeu três membros de torcidas organizadas. O trio já foi solto por ordem da Justiça. Mais de cem vândalos participaram da invasão.