Muita gente acha que jogador de futebol é mimado demais. Salários altos, fama e muita exposição marcam a carreira dos grandes artistas da bola. Embora essa seja uma realidade distante do futebol paranaense, nos bastidores alguns jogadores recebem sim um tratamento todo especial. O objetivo não é mimar o candidato a ídolo, mas sim deixa-lo a vontade para que pense exclusivamente no futebol.
Com as recentes negociações de Marcelo e Douglas Coutinho, o meia Marcos Guilherme assumiu definitivamente o posto de principal aposta do Atlético ao status de ídolo e atleta mais valioso da história do clube. Para administrar sua carreira e futuramente negociar o jogador com o exterior, Rafael Stival, descobridor do meia, contratou o empresário Pablo Miranda, “tutor” de Marcelo (negociado com um grupo de investidores e o Flamengo). O objetivo é fazer o menino brilhar ainda mais – no Furacão e na seleção brasileira olímpica.
“A ideia é dar um suporte mais amplo aos atletas. Não só em negociações, mas em diversas demandas. Tudo o que ele precisa, a gente resolve”, explicou Miranda, que também assessora o zagueiro Léo Pereira e o meia Harrison, ambos do Furacão. “O assédio em cima do Marcos Guilherme tem sido muito grande. Acredito que ele seja uma pessoa competente para cuidar dos atletas”, explicou Stival.
Marcos Guilherme recebe atenção especial desde que chegou ao CT do Caju. Apresentado pelo presidente Mário Celso Petraglia como a maior “jóia” do clube, ainda não produziu em campo o suficiente para isso. Mesmo assim, foi o jogador que mais jogou no Brasileirão do ano passado e ajudou o time a terminar a competição na 8ª colocação.
Com esse novo status, o trabalho precisa ser constante. Para ter tranquilidade de jogar sem se preocupar com os problemas da vida pessoal, a presença de um assessor se mostra necessária, segundo Miranda. Marcelo, por exemplo, teve um sério problema de saúde na família e quem cuidou disso foi o empresário.
O projeto que o Atlético e Stival têm para Marcos Guilherme é, se forem consideradas as prematuras transações envolvendo jovens jogadores do Brasil para o exterior, a longuíssimo prazo. O objetivo é ver o meia vestindo a camisa da seleção brasileira nas Olímpiadas do Rio de Janeiro. “Só sai se for extremamente valorizado. Ele sabe disso e tem o projeto na cabeça. Vamos trabalhar nesse projeto de deixar ele explodir, virar um atleta de alto nível no Atlético”. Se isso acontecer, será ele o responsável pelas negociações.
A ida de Marcelo para o Flamengo rendeu aos cofres atleticanos 4 milhões de euros (além da manutenção de 50% dos direitos econômicos). O know-how de Miranda, que havia renovado o contrato de Marcelo com o Furacão no início do ano, será utilizado não só para uma futura negociação, mas também para “cuidar” de Marcos Guilherme.
Miranda tem relações antigas com o Atlético. Além de assessorar jogadores como Ferreira e Valencia, colombianos que jogaram no Furacão na década passada, também negociou o lateral Alexsandro com o Santos. Essa transação foi o estopim de uma polêmica envolvendo ele e seus sócios Rui Paciornik e Alexandre Rocha Loures com o então presidente Marcos Malucelli, em 2010. Como eram ex-funcionários do clube, eles foram acusados de aliciar jogadores para que assinassem contratos de representação. O caso deu em nada.