Nelson Ângelo Piquet ainda é menor de idade, mas sabe bem o que quer da vida. Campeão sul-americano de F-3 domingo, quatro provas antes da última etapa, o herdeiro não se empolga. Aos 17 anos, faz planos de chegar à Fórmula 1 em até dois anos e avisa que este foi só o primeiro de muitos títulos. Ontem, por telefone, o filho do tricampeão mundial de F1 Nelson Piquet se mostrou mais disposto a falar do que de costume. Sem falsa modéstia, afirmou ser um dos melhores pilotos da categoria. Disse quem são os inimigos e ainda se defendeu da tese de que seu carro, da Piquet Sports, é tão bom que faria qualquer um chegar ao título.
Agência Estado – Qual a sensação de ser campeão?
Nelsinho Piquet – Não mudou nada. Vou continuar me esforçando do mesmo jeito. Foi só o 1.º de vários que virão. E espero ganhar mais corridas até o fim do ano.
AE – Sexta-feira, você não estava eufórico com a possibilidade do título. Agora também não. Porque a vitória foi folgada?
Nelsinho – Sou quieto, não sou de festa. Vou comemorar quando ganhar algo mais disputado.
AE – Foi “moleza”?
Nelsinho – Isso para quem viu só o resultado. Mas trabalhamos muito, descobrindo um monte de coisas que os outros não descobriram.
AE – O carro é tão bom que foi o fator mais importante? Um piloto pior se daria bem?
Nelsinho – Tem o papel do carro, da equipe, meu, do engenheiro… No ano que vem, com outro piloto vamos ver o que ele fará.
AE – Disputar a corrida com a asa traseira quebrada provou que você é bom? Atrapalhou muito?
Nelsinho – Não muito, mas o carro perdeu estabilidade nas curvas. Com a asa boa, acho que passaria o (Danilo) Dirani (vencedor no domingo. Nelsinho foi 2.º).
AE – Antes da corrida, o piloto Wagner Ebrahim disse que o grid todo faria o possível para evitar o título, por causa dos testes irregulares da Piquet Sports. Você sentiu isso?
Nelsinho – Se falou, foi da boca para fora. Não poderia ter feito nada. Eu e o Dirani abrimos tanta vantagem que parecia outra categoria. Não me preocuopei.
AE – Há esse tipo de complô? Você fica isolado?
Nelsinho – Tem uns que provocam o ano todo, falam mal da minha família…
AE – Quem?
Nelsinho – O pessoal de Brasília.
AE – Da equipe Amir Nasr?
Nelsinho – É.
AE – O que seu pai falou sobre o título?
Nelsinho – Ele mandou os parabéns.
AE – Mais uma prova de que faltou emoção nessa conquista?
Nelsinho – Podia não ser no Rio de Janeiro, mas que eu seria campeão não tinha dúvida.
AE – Você diz que vai correr na F-3 Inglesa no ano que vem, mas ainda não sabe em qual equipe. Como é isso?
Nelsinho – Não fechamos contrato, mas estamos conversando com duas ou três equipes. Faltam detalhes.
AE – E para a F-1, quanto tempo?
Nelsinho – Se eu começar a ganhar várias corridas no ano que vem e pintar uma oportunidade boa, talvez eu vá. Mas se eu estiver apanhando, talvez tenha de ficar dois anos.