Após dois anos fechado, o Pinheirão parece fazer parte de um passado distante para o futebol paranaense. Só parece. Hoje praticamente abandonado, o elefante branco pode ganhar novas cores e pintar como solução para projetos de Atlético e Coritiba.
No último dia 30 de maio, o estádio da Federação Paranaense de Futebol (FPF) completou dois anos longe da bola. Nessa mesma data, em 2007, oficiais de justiça da 18.ª Vara Cível de Curitiba lacraram os portões, por problemas de documentação e falta de segurança.
Desde então, o local se tornou algo parecido com um imenso terreno baldio. Muros pichados e em ruínas, vidros quebrados, muito lixo, mato e animais. Um cenário lamentável para aquele que já foi o mais audacioso projeto do futebol paranaense.
Desde a década de 1960, muito tempo, trabalho e dinheiro foram desperdiçados no terreno doado pela Prefeitura à FPF, no Tarumã. O local abrigou por anos uma obra paralisada, já foi casa do Atlético, do Paraná e, num moribundo suspiro, quase foi indicado para receber a Copa do Mundo de 2014.
Com o Paraná de volta à Vila Capanema, a Arena da Baixada confirmada como palco curitibano na Copa e o Coritiba planejando um novo Couto Pereira, o Pinheirão parece, à primeira vista, uma inútil pilha de ferro e concreto.
Mesmo assim, o velho campo continua dando prejuízo. Para mantê-lo, mesmo fechado, a FPF gasta cerca de R$ 30 mil por mês. “Toda a manutenção que pode ser feita está sendo realizada. Também recebemos solicitações para uso da pista de corrida e às vezes o Ministério Público autoriza”, diz o presidente da Federação Paranaense de Futebol – Hélio Cury.
Reforma
O que se desenhava como um melancólico desfecho pode sofrer uma reviravolta. Antes rejeitado, o estádio pode até dar sua contribuição para o projeto da Copa em Curitiba.
A indicação da Baixada para o mundial, que parecia ser o último prego no caixão, é uma das prováveis fontes de uma sobrevida para o Pinheirão. O Atlético ficará “sem teto” durante as obras de conclusão da Arena, por aproximadamente um ano, e pode precisar da outrora desprezada hospedaria.
Por enquanto, o assunto é tratado com cautela pela diretoria rubro-negra que desconversa o assunto. “Faz muitos anos que não vou lá e não tenho nem idéia de como está o estado de conservação. Ainda não sabemos onde o clube mandará seus jogos nesse período de reforma”, diz o vice-presidente Ênio Fornea.
O Pinheirão, porém, aparece como uma das poucas alternativas para o Furacão. Hoje com mais de 20 mil sócios, o clube terá que arrumar um lugar para acomodá-los.
“Ainda não sei qual o interesse deles, mas a FPF está sempre à disposição. Se chegarmos a um acordo bom para as duas partes, não haverá nenhum obstáculo”, garante Hélio Cury.
Se a saída for mesmo o estádio da FPF, o Atlético terá que gastar algum dinheiro para deixá-lo em mínimas condições de uso. “Entre a parte estrutural, instalações elétricas e hidráulicas e prevenção de incêndio, calculamos um custo aproximado de R$ 200 mil”, diz o vice-presidente Reginaldo Cordeiro. Se a reforma incluir a troca das cadeiras (hoje nas cores do Paraná Clube), novos banheiros e bares, os custos pode passar de R$ 2 milhões.