Obra do descaso

Pinheirão completa quatro anos de interdição

Inaugurado pela Federação Paranaense de Futebol em 1985, com a promessa de um dia comportar público de 200 mil pessoas, o estádio Pinheirão completa  quatro anos de interdição. No local, que por quatro ocasiões recebeu a Seleção Brasileira, e chegou a concorrer com a Arena da Baixada pela indicação como subsede da Copa do Mundo 2014, pouco sobrou de glamour. Prevalece o abandono e a destruição parcial causada pela ação de vândalos e falta de reparos.

Com as portas fechadas desde 2007, partidas de futebol estão proibidas no estádio. Populares e árbitros da FPF também não podem mais caminhar na pista de atletismo. O veto é da 18.ª Vara Civil de Curitiba, atendendo solicitação do Ministério Público.

Até dois meses atrás, o gramado do estádio parecia uma floresta. Depois que algumas imagens foram publicadas em blogs na internet, funcionários afirmam que receberam determinação do presidente da FPF, Hélio Cury, para que o mato fosse roçado. Procurado pela Tribuna, o dirigente não quis se pronunciar sobre o abandono. “Já foi explicado muito e não temos mais nada a falar sobre o Pinheirão”, disse ele, que anteriormente havia falado que a federação gasta estimados R$ 30 mil por mês com a preservação do local.

Ofuscado o brilho do palco que já recebeu craques como Zico e o argentino Caniggia, as dependências do estádio passaram a ganhar visibilidade apenas pela presença do crack. Moradores da região do Tarumã chegam inclusive a evitar passagem por ali, com medo de serem roubados por usuários de drogas que utilizam o Pinheirão como “mocó”.

Diversos materiais que pertenciam ao acervo do museu do futebol paranaense foram furtados. O mesmo ocorreu com algumas placas de bronze com nomes de futebolistas na “calçada da fama”, com ladrões arrancando as homenagens feitas para craques como o fenômeno Ronaldo. Resistiram somente as plaquetas de ídolos do futebol local, como Dirceu Kruger, Barcimio Sicupira e Carlos Alberto Garcia.
Já os antigos dormitórios, que antigamente recebiam delegações do interior, se encontram completamente devastados. Em uma sala ao lado, sobraram apenas entulhos e um quadro do ex-presidente da FPF, Onaireves Moura.

Para impedir que ladrões façam a farra dentro das dependências do estádio, cachorros rottweilers se tornaram responsáveis por fazer a guarda do local. Pelo menos três vigias também trabalham no Pinheirão, que toda sexta-feira à noite vira terra de ninguém. “Motoqueiros ficam empinando, fazendo manobras perigosas e algazarra”, comentou um morador do bairro Tarumã, indignado com a falta de segurança.

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