Ao abandonar o automobilismo em 2015, a escocesa Susie Wolff, então piloto de testes da Willians, publicou um duro relato em um blog sobre a chance de uma mulher competir na Fórmula 1. “Se acho que existem mulheres preparadas? Sem dúvida. Se eu acredito que isso vai acontecer a curto prazo? Infelizmente, não”.

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São quatro décadas, desde 1976, sem uma mulher emparelhar um carro no grid de largada na Fórmula 1. Mas dois anos depois do amargo adeus de Susie Wolff, outra competidora, a colombiana Tatiana Calderón, volta a sonhar em correr na categoria, dominada por homens e cujo chefão até o ano passado, o inglês Bernie Ecclestone, mantinha um discurso machista em suas entrevistas. “Não conheço uma mulher capaz de pilotar um carro de Fórmula 1”, disse, em 2016.

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Tatiana, de 24 anos, assinou contrato com a Sauber para ser a piloto de desenvolvimento, seguindo o caminho de Susie. “Comentários como esse (de Ecclestone) fazem com que você fique mais forte. Eu sempre corri contra homens e nunca senti que não posso ganhar. E ganhei em várias categorias. É preciso mudar essa percepção de muitos anos”, disse ela ao jornal O Estado de S.Paulo, em entrevista por telefone.

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Tatiana ganhou no kart, onde começou a correr em Bogotá. Venceu corridas e foi campeã da categoria também nos Estados Unidos. É a única mulher a subir ao pódio na Fórmula 3 britânica. Ano passado, ela chegou à GP3, quando seus resultados chamaram a atenção da Sauber, escuderia comandada por mulheres. Monisha Kaltenborn é a chefe do time. E Ruth Buscombe, a estrategista das corridas.

Como piloto de desenvolvimento, Tatiana continuará disputando provas da GP3, mas passará a integrar o time da Sauber nos GPs europeus de Fórmula 1, trabalhará com engenheiros da escuderia e fará sessões no simulador. Esse é o passo a passo até guiar um carro de F-1. “Sempre é difícil ser mulher nesse esporte porque você tem de ganhar respeito dentro e fora da pista”, disse. “Mas os tempos vão mudando, pouco a pouco. Há mulheres trabalhando na F-1 e a Sauber é bom exemplo disso”.

Apenas cinco mulheres participaram de provas da principal categoria do automobilismo. A primeira delas foi a italiana Maria-Teresa de Filippis, entre os anos de 1958 e 1959. Lella Lombardi, também italiana, disputou 12 Grandes Prêmios nos anos de 1970. E ela foi a primeira (e única) a pontuar na categoria e a última a disputar um GP, em 1976. “Espero que eu seja a próxima”, afirmou Tatiana.