A TV Globo inicia nesta quinta-feira uma série de reuniões com os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. A emissora é detentora dos direitos de transmissão das principais competições do País e pretende estreitar o diálogo com os dirigentes.

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Com a audiência em queda, a Globo quer discutir com os clubes propostas para atrair a atenção do público e melhorar o nível das partidas, alvo de muitas críticas principalmente depois da Copa do Mundo. Mas vai ouvir queixas sobre a divisão das cotas de transmissão, sobretudo das equipes de fora do eixo Rio-São Paulo.

“A distribuição desse dinheiro precisa ser rediscutida para que não aconteça no Brasil o mesmo que aconteceu na Espanha, onde somente Barcelona e Real Madrid têm chances de serem campeões e o restante dos clubes briga pelas posições intermediárias”, disse o presidente do Vitória, Carlos Falcão.

Para o dirigente, não adianta a Globo cobrar “investimento dos clubes na formação de jogadores”, como diz trecho do convite feito pelo emissora, se a divisão das cotas não for revista. “É a lei de mercado. Você não consegue competir com os outros clubes quando recebe apenas 10% do valor que eles recebem da televisão, como é o caso do Vitória”, criticou Falcão.

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Levantamento feito pela consultoria BDO mostra que a Globo distribuiu no ano passado aos 24 maiores clubes do Brasil mais de R$ 1 bilhão. A TV é a principal fonte de receita dos clubes e na última temporada representou 33% do faturamento das agremiações, superando bilheteria, patrocínio e venda de jogadores. O Flamengo, com R$ 110,9 milhões, aparece no topo da lista, seguido do Corinthians com R$ 102,5 milhões.

Com o fim do Clube dos 13, em 2011, a negociação sobre os diretos de transmissão passou a ser feita individualmente e não mais em bloco. E os clubes de maior torcida viram as suas receitas subirem, aumentando as críticas dos pequenos.

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Para Mário Celso Petraglia, presidente do Atlético Paranaense, não basta os clubes discutirem, neste momento, a revisão de contratos já assinados com a Globo. A ideia do dirigente é aproveitar o encontro com os diretores da emissora para propor alterações na legislação esportiva e no calendário. “A Globo é a maior financiadora do futebol no Brasil e temos de discutir com ela mudanças estruturais e não apenas paliativas”.

Uma das propostas da emissora é acabar com os pontos corridos no Campeonato Brasileiro, em vigor desde 2003, e retomar o mata-mata, com a disputa de eliminatórias a partir das quartas de final. Seria uma maneira de, na visão de executivos da Globo, aumentar a audiência. Os clubes, no entanto, não se mostram dispostos a mudar o sistema da competição. “Fomos convidados pela Globo e vamos ouvir o que ela tem a dizer. Só depois é que podemos nos posicionar”, alegou o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil.

Desde o fim da Copa do Mundo a emissora tem procurado se aproximar dos clubes. O diretor Marcelo Campos Pinto tem participado das discussões sobre o Proforte e até sobre a implantação de uma Norma de Conduta e Ética para impedir o assédio de jogadores menores de 16 anos.