O presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, assume, a partir de janeiro, a presidência do conselho deliberativo do clube – ele foi eleito ontem pelos sócios do clube, o que não foi surpresa por se tratar de uma disputa em chapa única. Entretanto, as principais decisões relativas ao time, para 2004, partem da sua atual administração. A começar pela manutenção do técnico Mário Sérgio. “Ele tem contrato até 2004 e temos o compromisso de mantê-los. Independente de quem assuma a presidência, apostamos no bom senso”, disse Petraglia após votar no pleito realizado ontem à tarde, na Arena da Baixada.
E não é apenas o novo comandante que já está definito. As diretrizes relativas ao time também estão prontas. Em 2004 será dada a continuidade do projeto de investimento em revelações de atletas. “Estamos tendo uma boa resposta, especialmente nessa reta final”, diz Petraglia.
O técnico Mário Sérgio, que tem se reunido com assiduidade com a diretoria, está ciente da decisão e confiante para o próximo ano. “Sabemos da necessidade de contenção de despesas e temos uma boa safra sendo revelada”, diz o comandante. Segundo o treinador, o que deve ser feito com cuidado é o lançamento de cada atleta. “Tem que ter o feeling. O Alessandro (Lopes), por exemplo, só foi lançado nessa reta final e foi tão bem que se firmou como titular. Se fosse em outras circunstâncias talvez não fosse assim”, diz Mário Sérgio, referindo-se ao período em que o Rubro-negro ainda brigava para fugir do rebaixamento. O lado positivo de ter um time jovem, para o treinador, é a vontade de mostrar serviço da garotada. “Eles têm muito o que conquistar e têm que brigar para conquistar o próprio espaço. A motivação é grande”. O único ponto negativo em ter uma equipe tão jovem tem a ver com o deslumbramento. “Os jogadores devem ter muita consciência para que o sucesso repentino não resultem em excessos extra-campo”. Atento a isso, Mário não se intimida em puxar as orelhas dos jogadores que “pulam a cerca”. Na semana passada, em reunião antes do treinamento, ele foi enfático ao dizer que se os atletas quiserem dar escapadas, podem dar, mas que na hora de jogar, todos têm que dar sangue. Especialmente agora, que a vaga para a Copa Sul-Americana está ainda mais próxima. “O espírito de luta está crescendo com as chances de classificação.”
Sobre contratações e dispensas, nem a diretoria nem Mário tocam no assunto. A única certeza é que o treinador considera importante a presença de alguns atletas mais experientes no grupo. “É bom para dar um equilíbrio e referência para os mais novos.”
Arena na agenda de Fleury
Gisele Krodel Rech
O nome do novo presidente do Atlético só deverá ser conhecido entre os dias 18 e 20 deste mês – a eleição do conselho administrativo ainda não tem data definida. Entretanto, é pouco provável que haja bate-chapa e a tendência é que o novo presidente do conselho gestor. Ele será nomeado pelo conselho deliberativo – mais precisamente por Mário Celso Petraglia, com apoio de seus pares de diretoria João Bettega, Diogo Fadel Braz, Tobias de Macedo e Yara Eisenbach. Por ora, o mistéiro norteia os rumos da presidência. “O próximo passo será pensar nesse assunto”, disse Petraglia à Tribuna, após ser eleito.
A verdade é que a nomeação de um presidente vai mais em direção ao cumprimento do estatuto do clube do que à escolha de uma figura centralizadora de poder. “O regime da atual diretoria, na prática, não é presidencialista. Temos um colegiado, um grupo que comanda os rumos do clube por puro idealismo”, diz o advogado João Carlos Fleury da Rocha, apontado nos bastidores como nome forte para assumir a presidência. “Ainda estamos nas tratativas da composição de chapa. Nunca tive a pretensão de ser presidente e não sou candidato a nada. Só o farei se for realmente necessário, em caráter excepcional”, diz o advogado, que é sócio do Atlético há mais de 30 anos.
Atualmente, Fleury faz parte do conselho admnistrativo do clube, o que o deixa inteirado do planejamento para o futuro. “Nós temos a diluição de poder e todos têm o direito de opinar e ficar a par das decisões. Por isso, é fato que o grande projeto para o ano que vem é a conclusão da Arena. Isso não é uma promessa. É um compromisso.” Entretanto, para cumprir esse compromisso, que ajudaria o clube a transformar a Arena em um centro de entretenimento de fato, o clube espera a resolução que envolve o Colégio Expoente, que funciona no terreno do clube. “Enquanto isso não for definido juridicamente, não estabelecemos um cronograma. Mas estamos trabalhando duro nos bastidores, buscando administradores de shoppings e estádios no estilo da arena, no exterior.” Segundo Fleury, a idéia é fechar com um grupo administrativo forte que possa ajudar no término da obra. “O clube está buscando, mas devido à situação financeira do país, os empresários estrangeiros ainda vêem certos investimentos no Brasil com olhos ressabiados.” A intenção da diretoria é tornar a Arena uma fonte de lucro e não de despesas, como vem ocorrendo. “Esse ano tivemos 23 jogos, mas tivemos que conservar os estádio o ano todo. Não conseguimos auferir a receita necessária para pagar as contas da Arena.”
A empolgação e idealismo demonstrados por Fleury em relação ao futuro do clube deixam claro porque ele é apontado como candidato forte. Ontem, porém, um novo nome passou a ser especulado para a presidência: o do jovem empresário Samir Haidar, que já foi vice-presidente de futebol. Procurado pela Tribuna, ele não foi localizado.