Os problemas do presidente Mário Celso Petraglia com a imprensa foram escancarados ontem, durante a entrevista coletiva. Ele mostrou mais uma vez destempero com as indagações da imprensa, principalmente depois de um jornalista indagar o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, sobre o possível recebimento ilegal (de 100 mil dólares) do dirigente em 2007 da Fifa e da CBF, publicada ontem em uma reportagem de O Estado de S. Paulo.
Petraglia, antes de Valcke responder, tomou a palavra, criticou a imprensa e pediu desculpas ao secretário-geral da Fifa. “Eu me envergonho como paranaense, que a nossa mídia faça esse tipo de pergunta que não tem nenhum objetivo e quer criar mais um clima de destruição que temos vivido nesses três anos, desde que a Copa do Mundo foi designada para a nossa cidade. Lamentavelmente temos que conviver com esse tipo de coisa. Eu peço perdão em nome do nosso clube”, disse.
Mesmo sem a obrigação de responder, Valcke falou sobre o assunto. “É incrível como a mídia se interessa em assunto de 2006 e não de 2007. Gostaria de saber qual a razão da pergunta, mas vou responder essa pergunta boba. Todos os funcionários da Fifa precisam cumprir aviso prévio e, quando pediram minha saída, eu executei o aviso prévio em 2006. Está na legislação da Suíça, é só verificar no site da Fifa”, esclareceu o dirigente da Fifa.
O humor do presidente atleticano, antes mesmo da entrevista coletiva começar, na Arena da Baixada, já não era dos melhores. Consultado por seus funcionários do departamento de comunicação sobre a cerimônia de entrega de medalhas do Hospital Pequeno Príncipe aos membros da Comitiva da Fifa, Petraglia, sem perceber que o microfone estava ligado e com áudio disponível aos jornalistas presentes pelo aparelho de tradução, respondeu de forma grosseira e impediu a realização do evento durante a coletiva. “Não vou fazer porra nenhuma do hospital”, esbravejou.
A perseguição com a imprensa – que em várias oportunidades ele usou a seu favor, como quando a CAP S/A produziu uma carta recomendando greve dos operários da obra, para pressionar a busca de mais verbas – vem desde o início. A indicação de parentes na construção e a retirada de concorrentes para beneficiar a empresa do filho na venda das cadeiras foram as primeiras denúncias. Mas o humor piorou após a intervenção da Fifa e dos poderes públicos, tirando de Petraglia o controle da obra e criando uma comissão mais transparente. Foi a partir disso que a obra decolou.
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