A derrota para o Sport, na terça-feira passada, foi a gota d’água para o diretor de futebol do Paraná, Guto de Melo. Após a partida, o dirigente expôs as entranhas da crise paranista.
Para exemplificar a “situação caótica” vivida pelo clube, e ao mesmo tempo dar uma esperança à torcida, Guto disparou: “Em 1995 o Atlético estava numa situação muito pior e deu a volta por cima com o Petraglia”.
Além de citar o rival e seu ex-presidente, o diretor tricolor admitiu a possibilidade de terceirizar o departamento de futebol. O suficiente para gerar polêmica e uma nova onda de especulações.
A situação do Furacão era mesmo pior? Poderia Mário Celso Petraglia assumir o futebol do Paraná? O Paraná Online falou sobre o assunto com Petraglia, que negou qualquer possibilidade de trabalhar na Vila Capanema e enfatizou sua descrença no futuro tricolor: “Não vejo solução possível”.
Paraná Online – A situação do Atlético em 1995 era mesmo pior que a do Paraná atualmente?
Petraglia –Infinitamente pior. Não tínhamos patrimônio nem jogadores, e as dívidas eram imensas. Nosso torcedor estava com o moral muito baixo, o orgulho ferido. O clube estava praticamente numa situação de insolvência.
Paraná Online – O Paraná pode usar alguma medida tomada pelo Atlético como exemplo?
Petraglia – O mercado atual é totalmente diferente. Tivemos a oportunidade de fazer caixa vendendo jogadores. A Lei Pelé trouxe uma nova situação. O Paraná não é exceção. Fora os 12 principais clubes do País, todos tiveram uma curva descendente. O interior de São Paulo, o Nordeste…
Paraná Online – Se não fosse feito nada naquela época, seria tarde demais?
Petraglia – Tenho certeza. Conseguimos uma projeção da nossa marca, um título brasileiro, um vice da Libertadores e montamos a estrutura que propiciou a vinda da Copa do Mundo, que projetará o clube entre os seis primeiros do País.
Paraná Online – Qual é a solução para o Paraná?
Petraglia – Não vejo solução. Tenho dito desde 1995 que não cabe no Estado mais de um clube de primeira grandeza entre os dez maiores do País. É o máximo. Não quero dizer que outros clubes tradicionais desaparecerão. Mas ficarão vagando entre as séries B, C e D.
Paraná Online – Terceirizar o futebol seria uma saída?
Petraglia – Não acredito. Isso geraria um conflito de interesses entre o clube e o terceirizado, que busca o lucro. Futebol é paixão e conquista de títulos. Fazer caixa é só um meio para chegar a esse objetivo, não a finalidade. Não acredito que possa haver uma conciliação.
Paraná Online – No caso de uma terceirização, o senhor poderia assumir o futebol do Paraná?
Petraglia – Não tenho mais absolutamente nenhum interesse no futebol. A razão da minha participação foi unicamente a paixão por meu clube. Por mais que digam o contrário, o Atlético só me custou dinheiro e muito trabalho. Dou minha missão por encerrada. Não quero mais saber de trabalho no futebol. Nem se for a Seleção Brasileira.