Depois de publicamente se manter afastado do futebol do Atlético nos últimos meses, focando sua atenção às obras da Arena da Baixada, o presidente Mário Celso Petraglia parece ter retomado o controle do futebol rubro-negro. Suas primeiras medidas foram a rescisão de contrato do imperador Adriano, o afastamento do zagueiro e ídolo Manoel, além da manutenção de Miguel Ángel Portugal no comando da equipe e o remanejamento de Márcio Lara, seu braço direito, para a vice-presidência de futebol. As medidas não repercutiram bem entre os torcedores, mas mostram uma tendência de guinada nos rumos do time em 2014.
Afastamento de Manoel
Em entrevista concedida ontem à rádio 95,7, Petraglia falou sobre vários temas e respondeu a perguntas de alguns torcedores. O assunto mais esperado foi o afastamento repentino do zagueiro Manoel, uma das poucas unanimidades do elenco atleticano. No último sábado o clube divulgou uma nota em seu site justificando o afastamento pela falta de disciplina, comprometimento e gratidão do jogador para com o clube. Neco Cirne, empresário de Manoel em entrevista à Tribuna 98, no entanto, rechaçou a explicação e disse que tudo não passou de represália do clube, afinal ele não quis renovar seu vínculo (que vai até o fim de 2015).
Segundo Cirne, Petraglia se acha Deus e quer impor contratos pouco vantajosos aos jogadores e como resposta à negativa simplesmente os excluem do time, desvalorizando-os e forçando-os a aceitar suas condições. Petraglia rebateu. “Esse cidadão não sabe ler e nem escrever. Não ouçam, não acreditem e nem levem em conta as declarações dessas pessoas. Um imbecil desses diz absurdos e o povo acredita. Azar do Manoel que é representado por ele”, afirmou o presidente atleticano.
Petraglia disse ainda que as negociações com Manoel estiveram atreladas as negociações com Paulo Baier, também representado por Cirne. “Esse moço que o representa, esse troglodita, é o mesmo que representa o Baier. O Baier também servia como agente, intermediário. Já estava fazendo sua carteira de clientes para quando se aposentar”, reclamou. “Da outra vez que renovamos com o Manoel, tivemos que renovar com o Baier. Depois tivemos problemas com o Baier e passamos a ter com esse moço também (Manoel). O que nos levou a essa posição foi a demonstração tácita, objetiva que ele tem externado para todos, que ele não quer mais jogar no CAP. Que já esta há 8 anos desmotivado e não gosta e não sente vontade de levantar e ir para o Atlético. Cansou, quer ser vendido”, acrescentou.
Segundo Petraglia, até que o atleta mude sua postura em relação ao clube ou que o clube recebe uma proposta para a compra de Manoel, o jogador seguirá no time “Expressinho”.
Adriano contaminou elenco
Em atitude rara dentro de seu “modus operandi”, Petraglia admitiu que a contratação de Adriano foi um erro. Para ele, o jogador prejudicou o clima interno ao invés de ajudar. “Nós cometemos um erro na presunção de sermos um pouco pretensiosos ao trazer o Adriano. Achei que podíamos ajudar esse moço, mas foi pior. O tiro saiu pela culatra. O ambiente se deteriorou e o clima ficou ruim”, disse o presidente atleticano.
De acordo com Petraglia, o ambiente já não era satisfatório há muito tempo, mas piorou muito. “Parece que aquilo (o CT do Caju) virou uma casa da mãe joana. Demos tudo para ele, mas ao invés de trazer um ambiente bom, criou um círculo vicioso negativo e outros jogadores entraram nessa também”, reclamou. A postura mais áspera com Manoel e com Adriano também foi tomada contra outros jogadores. O mandatário atleticano disse ainda que outros atletas se insurgiram e passaram a criticar tudo, a não respeitar o técnico e achar que estavam “acima do bem e do mal”. “Passaram a se achar donos do clube”, afirmou.
Um ,dos contaminados, segundo Petraglia, foi o próprio Manoel. Antônio Lopes, diretor técnico, observou a influência de forças negativas desde 2011 e a decisão por afastar o jogador já havia sido tomada. Contudo, o clube aguardou o término da Libertadores para não ser acusado de responsável pela desclassificação.
Ainda hoje uma lista de dispensa deve conduzir outros atletas para fora do clube, ou ainda para treinar em separado com o zagueiro. “Decidimos mudar. O Adriano não foi possível continuar e ele entendeu. O Manoel, assim como outros com falta de vontade e motivação de continuar jogando no clube, vai jogar no Expressinho”.
Miguel fica
Petraglia respondeu também a torcedores que pedem a saída do treinador. Aliás, uma manifestação está sendo organizada via Facebook para na próxima quarta-feira mobilizar torcedores em frente à Arena da Baixada pedindo a saída do treinador. O presidente bancou Ángel e justificou. “Reciclamos o grupo. Não renovamos com 15 jogadores e o Miguel não tinha 18 para treinar para a pré-Libertadores. É superficial esse julgamento de que ele é incompetente. Já provamos que sabemos trabalhar”, disse o presidente, pedindo paciência do torcedor. “Toda a diretoria e comissão técnica entendeu que a manutenção (do treinador) é para o bem do clube. Acreditem. Ou vocês acham que queremos o pior? Isso nos ofende, nos magoa. Nos imputa uma incompetência. Parece que somos bobos, palhaços em manter o Miguel”, reclamou.
Reforços e sócios
O Atlético ainda não confirmou, mas já contratou o meia Bady, do São Bernardo. Outros devem vir (e sair), mas Petraglia admite dificuldades. “Estamos buscando. Infelizmente não foi possível trazer jogadores disponíveis antes do fechamento da janela do exterior para cá. Estamos em contato constante com o mercado. Vamos buscar jogadores que tenham vontade de jogar no Atlético. Já pensou botar em campo jogadores que não estão com tesão de jogar? Vamos trazer jogadores dentro da nossa realidade”, disse.
Realidade que, segundo Petraglia, só poderá ser promissora se os sócios não abandonarem o clube. “Faço um apelo para a torcida. Sei que é difícil. Sabemos que temos essa herança de cinco jogos fora e quatro de portões fechados. Mesmo assim precisamos que a torcida se associe, se envolva. Precisamos de 40 mil sócios, de recursos para fazermos time. O estádio é um meio, para conforto e segurança. Mas precisamos de time e grandes partidas, conquistas. Agora, lamentavelmente, está muito devagar”, criticou.
