Visivelmente alterado, Petraglia nada informou de novo. Falou mal de todos. |
Os dois dirigentes mais importantes do Atlético convocaram uma entrevista coletiva com o único objetivo de descarregar suas metralhadoras giratórias. O presidente João Augusto Fleury da Rocha e o presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia – este com especial transtorno – não pouparam ninguém: teve bate-boca com repórter, insinuações de maracutaia no futebol, alfinetadas no Coritiba e, principalmente, ataques à imprensa de um modo geral, chamada de ?negativista?, ?maldosa?, entre outros adjetivos que Petraglia fez questão que os repórteres registrassem. No fim, nenhum anúncio mais importante, como o novo técnico ou reforços de peso, o que frustrou o hoje amargurado torcedor atleticano.
Fleury, em tom de voz baixo, iniciou exaltando o atual momento do clube. O presidente atleticano criticou a imprensa por não valorizar a classificação do time à segunda fase da Libertadores. ?O Atlético não está na sarjeta, nem de chinelos?, disse.
Exaltado, Petraglia começou defendendo sua vida privada, afirmando que nunca foi condenado pela Justiça. ?Não admito que falem da pessoa. Critiquem profissionalmente o Atlético?, falou, para se contradizer muitas vezes em seguida.
Depois de ameaçar processar ?tantos quantos forem necessários?, partiu para os ataques pessoais. Com o dedo em riste, desafiou o repórter Remy Tissot, das Rádios Globo e CBN, a provar que o Atlético contratou 72 jogadores. Aos gritos, disse a Tissot que não admite mau-caratismo e estendeu o recado a todos os ?que se escondem covardemente atrás da latinha?. O repórter respondeu e mais tarde ambos bateram boca, numa cena constrangedora.
Os cronistas Carneiro Neto e Capitão Hidalgo, das mesmas rádios, também foram atacados. ?Nunca herdei cartório da família, ganhei dinheiro com meu esforço. Ou ele é muito burro ou todos nós somos mais inteligentes do que ele?, falou, sobre Carneiro.
Petraglia reclamou também de uma suposta parcialidade da imprensa. ?Nosso principal concorrente não se classificou na Copa do Brasil contra o Treze da Paraíba, e nada foi feito?, afirmou. Usou como argumento uma suposta indiferença dos meios de comunicação às conquistas do Atlético desde que tomou posse. Disse ainda que não tem dois mandados de prisão e sugeriu à imprensa que investigue ?outros presidentes? (de clube). Ainda lançou no ar a acusação de recebimento de propina por parte da imprensa, generalizando e sem exibir provas. ?Ou vocês (falando a todos os jornalistas) recebem dinheiro para calar a boca??
O presidente do Conselho admitiu que o clube vive a pior crise dos últimos dez anos e que houve ?negligências? para que as coisas chegassem a este ponto, sem citar quais são. Mudanças à vista? Nenhuma, por enquanto. ?Enquanto estivermos aqui, será dessa maneira. Queiram o não?, disse o dirigente do penúltimo colocado do campeonato brasileiro.
Levir Culpi foi o culpado pelo vice em 2004
Depois da pancadaria, Petraglia e Fleury responderam a algumas perguntas sobre assuntos de interesse do torcedor. Mas a parte mais bombástica foi a revelação dos bastidores sobre a saída do técnico Levir Culpi, no ano passado.
Depois de falar que ?todos sabem porque o Atlético perdeu o título brasileiro?, Petraglia explicou a situação. Segundo o presidente do Conselho Deliberativo, Levir o procurou horas antes do jogo contra o Grêmio, em Erechim, para renovar o contrato antecipadamente. O dirigente pediu para que assunto fosse discutido mais tarde, mas o técnico mostrou-se insistente. O clube, então, não aceitou os valores pedidos pelo técnico, que teriam sido muito altos. ?Me penitencio por não tê-lo demitido naquele momento. Não tive coragem?, disse Petraglia.
Naquela tarde, o Atlético cedeu o empate depois de abrir 3 x 0 no placar. ?Depois disso, o ambiente ficou horrível?, falou Petraglia, que também citou a ?satisfação? de Levir ao abraçar Paulo Bonamigo, do Botafogo, assim que terminou a última rodada do campeonato e o Atlético ficou com o segundo lugar.
Sobre reforços, Petraglia disse que o clube não fará ?loucuras?. Ele confirmou ter procurado Cláudio Pitbull, ex-Grêmio, e Petkovic, ex-Vasco, mas desistiu por causa dos altos salários recebidos pelos atletas no Exterior. Sobre Pena, do Porto, alegou desconhecê-lo.
A contratação de técnico não exige pressa, segundo o dirigente. ?Temos uma lista de nomes, mais ainda restam 38 rodadas para o fim do Brasileiro?, disse. Segundo Petraglia, Nelsinho Baptista foi descartado por receber R$ 4 milhões por ano no Japão.
O presidente João Augusto Fleury da Rocha afirmou também que o novo treinador não poderá ter apenas conhecimento empírico (prático), e também saber usar recursos tecnológicos. Nos dois próximos jogos, o time será comandado por Borba Filho.