Washington
– As execuções na prisão de Huntsville, no Texas, duplicarão neste ano em relação a 2001, mas os candidatos ao governo na terra da família Bush ignoram a pena de morte em seus discursos eleitorais com vista às eleições de novembro próximo.Ate o final deste ano programa-se concretizar um total de 35 execuções, contra as 17 registradas em 2001 no Texas.
Há poucos dias o carrasco pôs fim à vida de Jessie Joe Patrick, de 44 anos, acusado de haver violado e matado uma mulher de 80 anos em 1989. A morte de Patrick foi seguida pela execução de Ronald Shamburger, de 30 anos, acusado de ter matado um companheiro de escola em 1994. A execução de Shamburger foi a vigésima-sexta do ano e outros nove condenados deverão ter o mesmo destino até o final de 2002.
Em novembro os texanos voltarão às urnas, para escolher o sucessor do governador Rick Perry (sucessor do presidente americano Bush), entre o próprio Perry, republicano, e Tony Sánchez, democrata.
A pena de morte é um tema que quase não se menciona nas campanhas eleitorais. O programa de Perry a ignora, enquanto o de Sánchez lhe dedica uma nota de pé de página.
A linha dura é, na verdade, um requisito inevitável para os candidatos, em um Estado onde o Parlamento local discute sobre introduzir a pena de morte obrigatória para quem mate policiais ou para bioterroristas.
Em 2000, quando o então governador Bush se encaminhava para a Casa Branca, o Estado estabeleceu seu recorde histórico de execuções, com um total de 40.
“No Texas temos 457 pessoas no corredor da morte e o tempo de espera se reduziu para menos de nove anos, por isso o carrasco tem trabalhado tanto”, explicou Rick Halperin, professor de Direitos Humanos na Southern Methodists University de Dallas, que é também presidente da Texas Coalition, que luta pela abolição da pena de morte.
Texas tem imagem internacional negativa
“Em janeiro o Parlamento se reunirá de novo e esperamos que siga as recomendações de deter as execuções daqueles que mataram quando eram menores e dos retardados mentais, mas será difícil”, disse Halperin. Para ele, as pessoas comuns começam a perceber o isolamento do Texas: “Recentemente, a cidade de Forth Worth foi suspensa como anfitriã dos Jogos Panamericanos, em favor do Rio de Janeiro, e Houston foi eliminada da corrida para sediar os Jogos Olímpicos”.
“Em ambos os casos, os comitês evidenciaram entre as causas a negativa imagem internacional do Texas, devido ao nosso recorde no tema da pena capital”, ressaltou Halperin.
O Arizona e outros estados se encontram há meses revisando cerca de 800 condenações à morte, depois que a Corte Suprema dos Estados Unidos estabeleceu que não pode ser um juiz, mas apenas um júri popular, a decidir sobre a máxima sentença.
No Illinois, o governador George Ryan se comprometeu em defender uma moratória nas execuções. Ryan ordenou que no mês que vem 157 casos de condenações à morte sejam examinados rapidamente por uma comissão especial (que terá 15 minutos para cada caso) para decidir a quem conceder a graça.