Fábio Alexandre |
Por onde Pelé passava, seguiam seguranças, assessores e fãs do Rei do Futebol. |
?Ele esbarrou em mim! Ele esbarrou em mim!? A frase, em tom desesperado, parece de uma fã apaixonada pelo grupo RBD.
Mas saiu da boca de um sujeito barbado, pra lá dos 40 anos, que olhava para aquele cidadão de 66 anos, a mesma cara do tempo em que encantou o planeta jogando futebol. Trinta anos depois de encerrar sua carreira, é ainda assustador o frenesi que Pelé provoca nas pessoas. Curitiba foi palco, ontem, de mais uma prova do magnetismo do Atleta do Século.
?Ele? não ficou nem uma hora nas dependências do Tribunal de Contas do Estado, que vive uma série de eventos alusivos aos 60 anos de sua criação. Mas pareceu um furacão que assolou o prédio em que o poder público é fiscalizado. Faltou espaço para que funcionários, estagiários, conselheiros, políticos e jornalistas pudessem acompanhar os passos de Pelé.
O Rei do Futebol chegou ao TCE por volta de 15h20, ao lado do presidente Nestor Baptista, recebido com palmas dos funcionários que lotavam o saguão de entrada. Enquanto isso, os outros prédios públicos tinham suas janelas lotadas de gente querendo um aceno do maior jogador de futebol da história.
?Ele? foi rapidamente levado a uma sala privativa, onde se encontrou com os conselheiros e com o vereador Aladim Luciano (PV), contemporâneo de confrontos do Santos com Coritiba, Bangu e Corinthians. Ali, Pelé ficou assinando camisas de times de futebol, camisetas, cadernos e bolas – sempre com a paciência que fez dele uma unanimidade entre as personalidades planetárias.
Depois, participou da sessão solene em sua homenagem, teceu elogios ao trabalho do Tribunal de Contas e foi levado para o segundo andar do prédio, onde descerrou placa alusiva à sua presença. Em volta, dezenas de funcionários, que sacavam seus telefones celulares com câmera para registrar um mísero instantâneo do Rei. Estavam tão emocionados que invadiram o espaço dos jornalistas, que ficaram espremidos num corredor mínimo.
Numa tumultuadíssima entrevista, de pouco mais de cinco minutos, o Rei lembrou do trabalho que faz em parceria com o Hospital Pequeno Príncipe, opinou sobre a ausência de Kaká e Ronaldinho da seleção brasileira (?Eu sempre tive orgulho em defender o Brasil?, resumiu) e não quis arriscar um palpite para a final da Copa Libertadores da América entre Grêmio e Boca Juniors (?Final nunca tem favoritos?).
Cercado por seguranças e fãs, Pelé saiu do TCE antes das 16h, acompanhado de sua ?comitiva?. Quarenta minutos que os funcionários do tribunal não vão esquecer. Para o Rei, mais uma prova que seu carisma continua tão inabalável quanto sua trajetória nos campos.