Pelé tenta explicar escolha dos melhores do mundo

Londres – “Foi dureza.” Ao justificar os critérios para a escolha dos 125 maiores jogadores vivos do mundo diante de dezenas de jornalistas estrangeiros, Pelé não escondeu o desconforto com a tarefa que lhe foi atribuída pela Fifa.

Apesar de afirmar ter ficado “honrado com a oportunidade”, o craque admitiu que diante da limitação do número, muitos jogadores que mereciam constar da homenagem não foram lembrados. “Somente no Brasil temos cem jogadores que mereciam ser incluídos”, disse Pelé durante a entrevista coletiva realizada na Royal Academy of Arts, no centro da capital britânica. “Me doeu o coração, há muitos jogadores que eu adoro, mas era preciso escolher.” Ele observou que era impossível agradar a todos. “Cada pessoa tem uma lista diferente”, disse.

Pelé salientou as limitações e o esforço que teve na seleção dos nomes. “Fiquei com as mãos amarradas, mas fiz o melhor possível para cometer o menor número de erros”, disse. Inicialmente, a Fifa entregou 300 nomes, escolhidos por cinco pessoas ligadas à organização. A partir daí, Pelé iniciou uma seleção que, segundo o projeto original, teria 50 jogadores na ativa e os demais já aposentados. Mas, segundo os organizadores, Pelé exigiu que o número de jogadores que já abandonaram os campos de futebol fosse ampliado para 75. “Não foi fácil, quem sabe quando a Fifa fizer mil anos eu tenha mais facilidade para escolher mil jogadores”, brincou o craque.

No final da entrevista, Pelé foi cercado por jornalistas estrangeiros. Dessa vez a tarefa do craque foi mais fácil, pois a maioria dos pedidos era por autógrafos.

“Não era a lista certa”

Questionado sobre a polêmica criada no Brasil pela publicação de uma lista extra-oficial pelo jornal Folha de São Paulo, que inclusive gerou uma série de críticas entre seus ex-colegas de gramado, Pelé observou que ela estava errada. “Não era a lista certa, mas essas coisas acontecem”, disse. “Talvez eles tenham pego a informação de alguém que não tinha a lista correta.”

Ladeado pelo jogador francês Thierry Henry e pelo goleiro da seleção inglesa na Copa de 1970, Gordon Banks, com quem trocou vários elogios, Pelé foi alvo de uma bateria de perguntas sobre os nomes escolhidos de vários países, desde a China até a Turquia. O craque procurou enfatizar que na escolha não levou em consideração a nacionalidade dos jogadores, mas principalmente a performance e contribuição que eles deram ao futebol. Pelé foi também pressionado pelos jornalistas a escolher os cinco jogadores da ativa que considera os mais importantes da atualidade. Segundo ele, são eles os franceses Zinedine Zidane e David Trezeguet (Pelé falou o nome de Marius Tresor, provavelmente o confundindo com Trezeguet), os brasileiros Roberto Carlos e Ronaldo e o italiano Alessandro Nesta. Segundo Pelé, há outros jogadores excepcionais que apresentaram nos últimos anos uma performance “de altos e baixos”, como o espanhol Raúl e o português Luis Figo.

Maradona

Os organizadores das comemorações do centenário da Fifa afirmaram, durante a coletiva, que o jogador argentino Maradona não se recusou a ser fotografado para o livro que conterá os selecionados por Pelé. Segundo eles, Maradona e outros quatro jogadores, entre eles Rivellino, não estavam disponíveis para o trabalho. Mas os holandeses Marco van Basten e o alemão Uwe Seeler se negaram a posar para o projeto.

Durante seis meses, 18 fotógrafos comissionados pela Fifa realizaram o trabalho, que no final consiste em cem fotos, pois várias delas incluem mais do que um craque. O projeto “Fifa 100” foi apresentado na noite desta quinta-feira durante um jantar de gala no Natural History Museum, comandado pelo francês Michel Platini e Pelé.

Nilton Santos reage: não preciso de esmola

AE

São Paulo – O ex-lateral-esquerdo Nilton Santos e o ex-meia Rivellino receberam com um “obrigado, mas não quero”, a inclusão de seus nomes na lista oficial dos 125 melhores jogadores do mundo – a primeira, tinha 120 nomes. Para eles, o fato de estarem na relação não tem a menor importância.

“Até parece que estão me fazendo um favor. Não necessito de esmola. É bom que não me convidem para nada, porque vou rir em suas caras”, disse Nilton Santos, num recado claro aos dirigentes da Fifa e, também, a Pelé. “Quem ficou pedindo minha presença na lista dos melhores não fui eu. Foram os botafoguenses, a imprensa e os amigos que me viram jogar”, completou o lateral-esquerdo bicampeão mundial nas Copas de 1958 e 1962.

Rivellino, titular da equipe que conquistou o tricampeonato em 1970, pediu uma “explicação oficial” sobre o motivo de seu nome não ter aparecido na primeira lista divulgada. “Se não fosse a manifestação pública, eu não seria incluído”, afirmou, para em seguida garantir: “Mas para mim é indiferente, conheço minha história”.

O atual comentarista esportivo Gerson, que na Copa do México foi um dos comandantes, dentro e fora de campo, da seleção brasileira, continua inconformado com a lista elaborada por Pelé – seu nome não entrou. Ele mantém sua opinião de que o Rei cometeu várias injustiças e reafirmou que o episódio só serviu para que ele percebesse finalmente que Garrincha foi mais jogador que Pelé.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo