Weggis – Pelé iniciou mais uma polêmica e recebeu ontem o troco do técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira.
O Atleta do Século afirmou, em entrevista ao jornal The Times, da Inglaterra, que um confronto entre a equipe de 1970 e a atual terminaria com vitória da de 70.
?Mas seria um jogo difícil?, ressaltou. Parreira demonstrou irritação com os comentários de Pelé e rebateu com ironia. ?Fico feliz que o Pelé consiga fazer essas comparações, que tenha essa capacidade, porque eu não tenho?, declarou, em entrevista coletiva, no Centro de Imprensa do Estádio de Weggis.
Provocação
Parreira diz, com freqüência, considerar impossível comparar times de gerações diferentes. Por causa das mudanças no futebol, dos equipamentos utilizados, das regras, entre outros fatores. Mas Pelé faz esse tipo de análise há tempos. A irritação do treinador brasileiro se deve a alguns comentários recentes feito pelo maior craque da história, por meio dos quais parece diminuir a importância da atual seleção. Disse, por exemplo, que Ronaldinho Gaúcho, eleito melhor do mundo pela Fifa nas últimas duas temporadas, ?ainda não é fato? e que os times tão favoritos em Copas, como é o Brasil agora, costumam ser surpreendidos.
O Rei elogiou o equilíbrio da equipe de 70, comandada por Mário Jorge Lobo Zagallo, atualmente auxiliar-técnico -Parreira, curiosamente, era preparador físico na época. ?Nossos atacantes eram mais organizados do que eles, tínhamos um ataque melhor: Pelé, Tostão, Rivelino, Gérson?, opinou. ?Se Ronaldo estivesse em forma, ele poderia ter entrado em nosso time. O Ronaldinho e o Kaká também. Emerson talvez.?
E acrescentou, na reportagem do The Times, que o time tricampeão do mundo, no México, não era, em sua opinião, apenas voltado para o ataque. ?Todos pensavam que jogávamos ofensivamente, mas não, nós jogávamos de forma defensiva. Quando perdíamos a bola, apenas Jairzinho ficava na frente.
As pessoas não se dão conta disso porque marcávamos muitos gols, mas nós já jogávamos futebol moderno.?
O Atleta do Século ressaltou o setor defensivo, que considera ainda mais importante do que o ofensivo, apesar da presença de Kaká, Ronaldinho, Ronaldo e Adriano. E foi longe ao dizer, segundo o diário inglês, que o ?verdadeiro quarteto mágico era formado por Cafu, Lúcio, Juan e Roberto Carlos?.
Conservador
Antes de finalizar a entrevista, Pelé afirmou duvidar da ofensividade da seleção na Copa da Alemanha. Em sua visão, jogar para a frente não faz parte do perfil de Parreira. ?O Parreira é muito conservador, ele não irá jogar de forma aberta.?
Na Europa, tornou-se comum, nos últimos meses, fazer comparações da equipe brasileira de hoje com a de esquadrões do passado, como a própria seleção de 70, vencedora no México com a presença de astros como Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Tostão, Jairzinho, Rivelino e, claro, Pelé.
Muita gente acredita que o time comandado por Parreira tem boas possibilidades de fazer história e se tornar um dos maiores de todos os tempos, por contar com jogadores de alto nível, como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Kaká, Roberto Carlos, entre outros.