Com 387 pontos, Ronaldo obteve mais que o dobro do alemão Oliver Kahn. |
Eleito pela terceira vez pela Fifa o melhor jogador do ano, Ronaldo era o dono da festa. Além de ter recebido a Bola de Ouro (o quinto troféu do Brasil, já que antes Romário e Rivaldo também receberam o prêmio), ele ganhou também a Chuteira de Ouro por ter sido o artilheiro da Copa do Mundo, com oito gols. Na eleição entre 148 técnicos, Ronaldo recebeu 387 pontos, deixando para trás o goleiro alemão Oliver Kahn, que teve 171; o francês Zinedine Zidane, com 148, e os brasileiros Roberto Carlos (114) e Rivaldo (92). Ronaldo recebeu 59 votos. Como não pôde votar em brasileiros, Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção do Brasil na Copa, votou no inglês David Beckham.
Na semana passada, Ronaldo ganhou a cobiçada Bola de Ouro, dada pela revista France Football ao melhor jogador do ano. O atacante ainda recebeu prêmios da BBC e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). O Fenômeno também levou a Bola de Prata por ter sido o segundo melhor jogador da Copa do Mundo.
“Agradeço principalmente aos médicos que me trouxeram de volta ao futebol depois de dois anos muito difíceis. São eles Gerard Saillant, o doutor Franco Combi, do Internazionale, e o fisioterapeuta Nilton Petrone”, disse Ronaldo.
“Agradeço também ao povo brasileiro, que sempre acreditou em mim. Foi um ano maravilhoso. Este foi o prêmio mais importante de todos, depois de dois anos de incertezas, lutando para voltar a jogar. Acabar campeão do mundo e artilheiro é inesquecível. Os que falaram bobagens, os oportunistas que vivem de momentos negativos, devem estar sofrendo muito.”
A chegada de Ronaldo ao Palácio do Congresso de Madri, situado bem em frente ao Estádio Santiago Bernabéu, do Real, foi muito festejada pelo povo de Madri. O craque brasileiro foi o primeiro a descer do carro. Ele abriu a porta para a mulher, Milene, e para o filho Ronald. Ronaldo chegou a tentar se aproximar dos fãs, mas os responsáveis pelo protocolo fizeram com que eles entrassem rapidamente no salão.
Um minutos depois, chegou o goleiro Oliver Kahn, justamente o jogador que, embora tenha falhado nos dois gols na decisão da Copa, foi escolhido pela imprensa como o melhor do Mundial, superando Ronaldo, que marcou os dois gols na vitória de 2 a 0 sobre a Alemanha, na final. O alemão, sempre de cara fechada, deu um discreto aceno para o público antes de entrar, subindo a escadaria sem olhar para os lados. Ao ser chamado ao palco, o jogador exibia seu temperamento fechado. “Chegou a hora de premiar Oliver Kahn. Eu só não entendo por que ele quase não ri. Mas vamos ver se ele vai rir agora…”, brincou o apresentador diante de Kahn, que apenas esboçou um sorriso.
Outro brasileiro também brilhou intensamente na cerimônia: Rivaldo. Ele, que recebeu a Chuteira de Prata, por ter sido o segundo maior goleador da Copa, agradeceu o carinho do povo espanhol e tocou o coração de todos quando falou dos problemas que a população da Galícia enfrenta devido ao vazamento de óleo bruto do navio cargueiro, que afundou na costa espanhola.
“Neste momento em que festejamos os melhores do ano, penso no povo da Galícia que sofre muito. Gosto daquela terra pois foi lá que minha filha nasceu e eu sei o quanto eles estão sofrendo.”
Neste momento, o auditório passou a aplaudir o jogador, que se viu obrigado a cortar seu depoimento. Quando os aplausos terminaram, Rivaldo continuou. “Mas tenho certeza que os galegos conseguirão dar a volta por cima. Eles são muito fortes e determinados”, disse Rivaldo levando o público a aplaudi-lo novamente com muito entusiasmo.