São Paulo – Primeiro, o susto. Depois, a Justiça. Não bastasse o drama vivido no Campeonato Brasileiro, com ameaça de rebaixamento, o Palmeiras sofreu na tarde desta sexta-feira outro duro golpe. O meia Pedrinho foi pego no exame antidoping da Confederação Brasileira de Futebol, realizado após o clássico contra o Santos – 1 a 1 na Vila Belmiro. Por lei, estaria suspenso preventivamente por 30 dias. Mas isso não vai ocorrer. O relatório médico do Ladetec-UFRJ confirmou a presença da substância Dihidrobupropion, encontrada em antidepressivos. Mas a Justiça Desportiva considerou que o atleta agiu de boa-fé e não lhe aplicou a suspensão. Ele está liberado para atuar neste sábado, contra o Juventude.
Pedrinho, no entanto, vai a julgamento por uma das comissões disciplinares do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Ele pode ser incurso no artigo 35, portaria 531 do MEC, que prevê pena de suspensão de 120 a 360 dias. Se for condenado em primeira instância, poderá recorrer ao Tribunal. Um influente auditor do STJD deixou claro à Agência Estado, na noite desta sexta-feira, que Pedrinho será absolvido. “Ele não vai pegar nada.”
A explicação é simples: o representante da Comissão de Doping da CBF em São Paulo, consultado pelo Palmeiras sobre medicamentos que Pedrinho precisava ingerir, levou o assunto a uma equipe da Universidade de São Paulo (USP), que não considerou como dopantes as substâncias encontradas nos remédios. De posse da informação, o representante da comissão entrou em contato com o clube, liberando Pedrinho para dar prosseguimento a seu tratamento normalmente.
“Isso tudo vai resultar apenas num problema interno para a Comissão de Doping. O Pedrinho não tem nada com isso”, disse o auditor, pedindo que seu nome não fosse revelado. O consultor da comissão em São Paulo teria de ter consultado o Ladetec, no Rio, laboratório responsável pelo controle de dopagem dos jogos do Campeonato Brasileiro.
Alheio à posição do Tribunal, o Palmeiras correu para defender o jogador. Em ofício encaminhado nesta sexta-feira à CBF, a diretoria anexou a receita do médico psiquiatra Montezuma Pimenta Ferreira, contendo quatro indicações de antidepressivos, e um laudo da professora da USP, doutora Regina Lúcia de Moraes Moureau, responsável pelo controle de dopagem. “O Dihidrobupropion não é considerado doping, uma vez que não pertence ao grupo de substâncias proibidas conforme as regras das federações esportivas e internacionais e legislação vigente no Brasil”, diz o relatório de Regina Lúcia. O Palmeiras quer demonstrar que Pedrinho fez uso do remédio apenas para combater a depressão provocada por problemas familiares e pelo longo tempo de afastamento.
“Estava em depressão profunda e o tratamento era inevitável”, defendeu-se Pedrinho em entrevista coletiva, na noite desta sexta-feira, no clube. “Espero que a CBF faça Justiça e não me puna.”
O diretor de futebol do Palmeiras, Sebastião Lapola, disse no início da noite que esperava que a suspensão não se confirmasse, sobretudo pela explicação do doutor Fúlvio Rosset, médico do Palmeiras: “A partir de janeiro essa substância não mais será considerada dopante”, ressaltou. “Está comprovado que os seus efeitos não interferem no rendimento físico do atleta.”