Pela primeira vez após dezenove rodadas o Paraná Clube passará uma semana livre da zona de rebaixamento. Independente do que ocorra no jogo de amanhã em São Caetano do Sul. A aparente tranqüilidade, porém, não deve ser confundida com morosidade. O técnico Paulo Campos já alertou que o segredo agora é segurar a onda e impedir novo ingresso nesta área indesejável. A questão emocional receberá especial atenção, ainda mais por tudo que envolve o jogo frente ao São Caetano, às 20h30, no Anacleto Campanella.
“O nosso time só agora vai sentir na pele todo o peso do incidente envolvendo o zagueiro Serginho”, ponderou Paulo Campos. E diz isso tendo por base tão somente o seu time. “Foi um companheiro de profissão que morreu de forma trágica. Nossos jogadores ainda estão abalados e creio que o Paraná terá que administrar a condição psicológica do time com mais cautela que o próprio São Caetano.” Nesta análise, o treinador leva em conta os últimos resultados do adversário. “Eles sentiram o golpe naquela meia hora, mas já se recuperaram frente à Ponte Preta”, explicou.
Paulo Campos chegou a defender que a partida não fosse realizada agora, mas sua intenção não foi sequer cogitada junto à CBF. Será o primeiro jogo do São Caetano em seu estádio após a perda de Serginho. “Nós é que vamos sentir toda essa carga emocional. Mas, como a tabela nos obriga, o jeito é jogar e em campo prestar nossa homenagem ao Serginho.” O técnico paranista sabe que acima de tudo seu time terá que estar atento à pressão normalmente imposta pelo São Caetano. O Azulão venceu 12 das 19 partidas que disputou em casa neste Brasileirão.
O time de Péricles Chamusca praticamente “matou” a Ponte Preta nos primeiros minutos do jogo do último domingo. “Ainda vou ver o teipe deste jogo, mas eles sempre tentam aplicar essa blitz”, lembrou Paulo Campos. Por isso, o primeiro dia de treinamentos foi voltado exclusivamente a ajustes na defesa. Sem o zagueiro Fernando Lombardi e o volante Axel, suspensos, o treinador armou o setor com João Paulo e Messias. Os dois atuarão ao lado de Émerson e Beto.
Como terá as voltas de Etto e Edinho, os laterais titulares, resta apenas a expectativa para a utilização – ou não – de Canindé e Marcelo Passos. Os meias estão liberados pelo departamento médico, mas Paulo Campos não deu dicas sobre que formação pretende utilizar. Ao que tudo indica, não deve recorrer a um sistema mais cauteloso – com três volantes -, pois o empate não pode ser desprezado. “Qualquer ponto somado fora, nesta reta final, é lucro”, resumiu o ala-direito Etto.
Empate em São Caetano do Sul já é bom
Depois de muito tempo, o Paraná Clube entra em campo sem precisar desesperadamente de uma vitória. Um empate diante do São Caetano já seria bom resultado. Com mais um ponto, o Tricolor subiria duas posições na tabela de classificação, superando Vitória e Flamengo. Além disso, caso não perca para São Caetano e Paysandu – também fora de casa, no domingo – o time de Paulo Campos se garante fora da “Z. R.” por mais uma semana.
Se empatar os dois próximos jogos, o Paraná chegaria a 46 pontos e não seria superado nem por Botafogo, nem por Atlético Mineiro, já que leva ampla vantagem no número de vitórias, primeiro critério de desempate. “O que não podemos é mudar nossa forma de atuar. O segredo é jogar com segurança, fechadinhos, mas tendo opções de ataque”, comentou o volante Beto.
Depois destes jogos fora, o Paraná terá duas partidas seguidas em seus domínios, contra Atlético Mineiro e Goiás. Pelas projeções, quem chegar a 51 pontos tem grande chance de se manter na Série A. Porém, há muitos confrontos diretos. Trabalhando com uma margem de segurança, o Tricolor quer atingir ao menos a marca de 53 pontos. Para isso, precisa de mais três vitórias.