Paulo Campos desabafou durante a semana.

O Paraná Clube encara o Vasco da Gama – hoje, às 18h, em São Januário – tentando driblar a crise que começa a tomar conta do clube. A seqüência de maus resultados (são quatro rodadas sem vitória) trouxe à tona divergências de opiniões e dirigentes já não falam a mesma língua. No meio desse turbilhão, o técnico Paulo Campos procurou ajustar o time, que pela segunda vez na competição adotará o 3-5-2. Por mais que a diretoria evite o assunto e o treinador diga não estar preocupado com seu futuro, novo tropeço poderá determinar uma reformulação total na estrutura do tricolor.

Vale a máxima que diz: “Futebol é resultado”. Paulo Campos procurou manter a serenidade, mas afirma que houve uma “negatividade de fora para dentro” ao longo da semana. “Foi algo curioso, pois nem nas goleadas para Vitória e Juventude senti esse clima”, admitiu, sem entrar em detalhes. Indagado sobre a possibilidade de deixar o clube, o treinador foi taxativo: “Não vou responder a essa questão. Só posso assegurar que estou satisfeito com a diretoria e confio no meu trabalho”. Mesmo assim, o próprio Campos sabe que de nada adianta jogar bem e não vencer. A opção pelo 3-5-2 está diretamente ligada à ausência da dupla de volantes titular. Axel e Beto, suspensos, serão substituídos pelo também volante Nilson e pelo zagueiro Carlinhos.

Além dos treinos táticos para adaptar o grupo à nova estratégia de jogo, a comissão técnica trabalhou a mente dos atletas, esperando uma reação do grupo. O psicólogo Gilberto Gaertner procurou trazer para o futebol alguns dos ensinamentos do vôlei. Ontem, Cláudio, Fernando e Marcel treinaram exaustivamente cobranças de faltas, fundamento em que o Paraná mostra deficiência. Durante o ensaio, Gaertner passou orientações aos atletas, numa forma de “treino mental”. “Acontece no vôlei, por exemplo, na hora do saque. É preciso concentração, e no futebol não é diferente”, explicou o psicólogo.

Curiosamente, o técnico Paulo Campos decide seu futuro no Paraná diante do clube em que iniciou sua carreira, como auxiliar técnico. Depois de trabalhar no Vasco, de 1979 a 1981, ele seguiu para o exterior. No ano passado, jogando em São Januário, o tricolor goleou por 4×1. Naquele momento o técnico Adílson Batista já era contestado e também fez a opção pelo esquema com três zagueiros. Foi a primeira vitória do Paraná fora de casa, o que ainda não ocorreu na atual edição do brasileiro. Coincidências que dão mais tempero ao confronto, onde a real capacidade do elenco paranista novamente será colocada à prova.

Vingança para Edinho

Não há clima de “vingança”, mas o jogo de hoje tem sabor especial para o lateral-esquerdo Edinho. No Brasileirão do ano passado, ele estava do outro lado. Defendeu o Vasco por dez meses, sem ver a cor do dinheiro. “Foi um período complicado, pois não recebi nada. Felizmente hoje estou no Paraná, que tem honrado todos os compromissos”, disse o atleta. Esta não é a primeira vez que Edinho enfrenta o ex-clube, mas espera repetir o que fez no carioca.

Jogando pelo Madureira, o lateral marcou um golaço. “Foi o gol mais bonito da minha vida”, relembra, animado. “Parti da minha intermediária, driblei quatro marcadores e dei um tapa no canto direito do Fábio”, contou. Edinho só espera melhor sorte para o Tricolor, pois naquele jogo, o Madureira perdeu por 2×1. “O curioso é que defendendo o Vasco, marquei gol diante do Madureira, e vice-versa”, lembrou. O ala reconhece que as assistências são seu ponto forte e espera atuar com maior liberdade hoje, devido ao novo esquema implantado por Paulo Campos.

“Vamos esperar a preleção, para ver qual será a minha função no jogo. Mas, acredito que terei mais liberdade para o apoio”, disse. Durante a semana, o treinador voltou a processar uma mudança já aplicada em jogos anteriores. Com velocidade e habilidade, Edinho foi deslocado para a meia-esquerda, com a conseqüente entrada de Wesley na lateral. “É algo que o professor vem ensaiando. Fico feliz porque é prova de que ele confia no meu futebol”, finalizou.

CAMPEONATO BRASILEIRO
10ª RODADA
SÚMULA
Local: São Januário (Rio de Janeiro).
Horário: 18h.
Árbitro: Leonardo Gaciba da Silva (RS).
Assistentes: Marco Viana Ibanez (RS) e Paulo Ricardo Silva Conceição (RS).

VASCO x PARANÁ CLUBE

VASCO
Fábio; Chiquinho, Serjão, Henrique e Diego; Ygor, Coutinho, Cadu e Róbson Luís; Muriqui e Valdir. Técnico: Geninho.

PARANÁ
Flávio; Fernando Lombardi, Gélson Baresi e Carlinhos; Cláudio, Nilson, Marcel, João Vítor e Edinho; Fernando e Galvão. Técnico: Paulo Campos.

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