Lima –
Ao entrar no vestiário do Peru, após o empate contra o Brasil, Paulo Autuori sentiu os seus jogadores um pouco desanimados. Traziam a impressão de que haviam jogado melhor do que os campeões do mundo e mesmo assim não venceram. “Falei para eles que deviam estar contentes porque mostraram raça e vontade de vencer, enfrentando de igual para igual ao melhor time do mundo”, disse o treinador brasileiro, por telefone, três horas após o final da partida de domingo em Lima.Autuori sabe que, para ir longe nas eliminatórias, precisa ter jogadores confiantes. “O Peru tem jogadores com técnica muito boa, mas tática e fisicamente eles precisam melhorar muito. E tem também o lado emocional. Se estiverem de cabeça baixa por terem empatado contra o Brasil, tudo se complica”, afirmou.
O treinador explica que não pediu para seu time marcar Ronaldo individualmente por considerar essa prática contrária aos seus conceitos. “No futebol de hoje, uma máxima deve ser observada sempre: quem tem a bola, tem de jogar buscando o gol e quem não tem a bola, tem de brigar muito para recuperá-la. Por isso, não abriria mão de um jogador apenas para impedir o Ronaldinho de jogar. Prefiro a marcação em zona, pressionando sempre quem tem a bola.”
O gol de empate do Peru foi fruto do aprendizado de Solano no futebol inglês. “Ele tem um cruzamento muito bom, coisa que aprendeu com os ingleses. E, na jogada, as coisas se inverteram. Antecipou-se à zaga do Brasil e cabeceou muito bem. Acho que de tanto dar bola para os outros cabecearem, aprendeu como se faz”, revelou Autuori.
Solano é um dos veteranos em que Paulo Autuori resolveu confiar, apesar do fracasso nas últimas eliminatórias. “O nível do campeonato peruano é fraco, tem pouca competividade e por isso apostei em jogadores que disputam ligas competitivas, trazendo também algumas revelações do campeonato peruano. Muita gente faz pressão para que eu escale o Morán, do Cienciano em lugar do Jorge Soto, que joga no México. Só que em uma partida contra o Brasil, um jogo importante, acho melhor confiar em jogadores experientes e que não vão sentir o jogo.”
Apesar de confiar em Soto, o técnico lamenta o seu erro grosseiro, que resultou no pênalti para o Brasil. “Ele conseguiu lindamente tirar a bola do Kaká, mas em vez de fazer o passe longo, tentou sair jogando e perdeu novamente. O Galliquio fez o pênalti.”
Amanhã, o adversário é o Equador e Autuori novamente vê dificuldades pela frente.
