São Paulo – Santos, Palmeiras, Paulista e São Caetano sobreviveram aos confrontos de um jogo só neste fim de semana para continuar na briga pelo título do paulista de 2004. Coincidentemente, os quatro times fizeram parte do grupo 2 na primeira fase da competição – uma demonstração clara de que não houve equilíbrio entre as chaves do torneio estadual. Os representantes do grupo 1 – São Paulo, Portuguesa Santista, Ponte Preta e União Barbarense ficaram no meio do caminho.
As regras das semifinais serão bem diferentes das utilizadas nas quartas-de-final. Santos x São Caetano, Palmeiras x Paulista jogam em sistema de mata-mata, com partidas de ida e volta. Se houver empate nos dois jogos, o finalista será definido diretamente em disputa de pênaltis, sem a prorrogação. O mando de jogo nos confrontos, marcados para domingo e dia 4 de abril, será definido hoje, em sorteio na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF). As campanhas nas fases anteriores não são levadas em conta.
A rodada do fim de semana levou vários times a uma reflexão sobre o complexo regulamento do paulista de 2004. Já no início da competição, discutiu-se o fato de ocorrer o encontro das duas melhores equipes já nas semifinais. Ontem, a eliminação do time com melhor campanha na primeira fase o São Paulo e a classificação de quatro equipes que estavam na mesma chave na primeira fase, aumentou a polêmica. Se bem que a discussão, agora, pode parecer apenas choro de mau perdedor.
O São Paulo foi líder invicto na primeira fase, viu suas esperanças de disputar a segunda final seguida no estadual irem por água abaixo após uma apresentação ineficaz contra um aplicado São Caetano, que venceu por 2 a 0, ontem, no Morumbi. E essa poderia não ter sido a única surpresa da rodada. O Palmeiras também esteve à beira de ficar de fora das semifinais ao encerrar o primeiro tempo do jogo contra a Portuguesa Santista em desvantagem de 1 a 0. A equipe de Jair Picerni, no entanto, conseguiu superar-se e venceu por 2 a 1.
No sábado, quem passou grande sufoco foi o Paulista, que permitiu vantagem da Ponte Preta por 2 a 0 no primeiro tempo, empatou no segundo e decidiu na prorrogação (4 a 3). O Santos também não teve facilidade contra o União Barbarense, mas seguiu adiante com 1 a 0.
Palmeiras vence de virada e enfrenta o Paulista
Santos –
Foi com a ajuda de Muñoz que o Palmeiras conseguiu vencer a Portuguesa Santista de virada por 2 a 1, ontem, e garantir sua classificação para as semifinais do paulista. Os gols da equipe, que pega o Paulista por uma vaga na decisão, foram de Vágner Love e Pedrinho.No primeiro tempo, o Palmeiras, que sofreu uma baixa importante com a ausência do contundido Magrão, não conseguiu transformar em gols a vantagem de posse de bola nos primeiros 20 minutos.
Mas a Briosa também não se intimidou e atingiu o Palmeiras no seu ponto fraco: as bolas aéreas. Aos 20 minutos, Reinaldo cobrou escanteio e Beto, de cabeça, abriu o placar. Seria perfeito para a Santista não fosse Diguinho ser expulso por falta em Adriano Chuva.
No intervalo, os técnicos tentaram aproveitar os atletas do banco de reservas. Nenê colocou o zagueiro Leandro Barbosa no lugar do meia João Fumaça. Picerni tirou o volante Marcinho e colocou o atacante Rafael Marques. Adriano Chuva foi substituído por Muñoz antes do intervalo, após choque contra o muro de sustentação do alambrado.
O técnico do Palmeiras foi mais feliz nas mudanças. Depois de ameaçar duas vezes, o time do Palestra Itália chegou ao gol em jogada de Muñoz que, na área, passou a bola para trás. Vágner Love de frente para o gol empatou a partida, manteve a artilharia (11 gols) e a média de um gol por jogo no Paulistão.
Quatro minutos depois, Muñoz mostrou que realmente rende melhor entrando durante o jogo. Repetiu a jogada do primeiro gol e, desta vez, a bola encontrou Pedrinho, que definiu a virada palmeirense. Mas isso não impediu alguns sustos do time de Jair Picerni. Primeiro com Gileno chutando de longa distância aos 44 e o goleiro Cristiano, o melhor em campo da Santista, cabeceando com perigo na última bola do jogo, aos 47, para defesa de Marcos.
Ficha técnica
Portuguesa Santista: Cristiano; Edson Mendes, Diguinho, Chicão e Fabinho; Axel, Beto (Luciano Moreno) e João Fumaça (Leandro Barbosa); Reinaldo (Gileno), Marlon e Nando. Técnico: Nenê.
Palmeiras: Marcos; Baiano, Nen, Leonardo e Lúcio; Marcinho (Rafael Marques), Correia, Diego Souza e Pedrinho (Fábio Gomes); Adriano Chuva (Muñoz) e Vágner Love. Técnico: Jair Picerni.
Gols: Beto aos 21 minutos do primeiro tempo. Vágner Love aos 10 e Pedrinho aos 14 do segundo.
Renda e público: não divulgados.
São Caetano dá lição ao tricolor no Morumbi
São Paulo –
O São Caetano venceu o São Paulo ontem, por 2 a 0, dois gols de Fabrício Carvalho, desbancou o único invicto do paulista e garantiu lugar na semifinal, com uma lição de futebol aos tricolores que saíram de campo sendo chamados de “pipoqueiros” pela própria torcida. De novo.O clube do ABC, que vai lutar contra o Santos por uma vaga na final, manteve a escrita de nunca ter perdido para o São Paulo no Morumbi, onde a equipe dirigida por Cuca só havia levado um gol em 2004, até ontem.
No início, até parecia que a história seria diferente. Antes dos 15 minutos, as duas melhores chances surgiram de jogadas iniciadas em roubadas de bola de jogadores do meio-de-campo são-paulinos. Aos oito minutos, Alexandre desarmou Warley, conduziu até a entrada da área e chutou com perigo. Cinco minutos depois, Souza fez o mesmo com Marcinho e iniciou ataque, concluído por Luís Fabiano.
Passada a empolgação inicial, a marcação perdeu eficiência, e o São Caetano, aos poucos, virou o senhor do jogo. No intervalo, quando o São Paulo já perdia, Rogério Ceni fez o resumo adequado da situação. “Tivemos mais posse de bola, mas as melhores chances foram do São Caetano.”
No primeiro tempo, após só assistir aos minutos iniciais, o goleiro tricolor teve mais trabalho que o colega Sílvio Luiz, e fez duas defesas difíceis antes de tomar o primeiro gol de Fabrício Carvalho, aos 35 minutos. “Ele subiu no primeiro pau e não pode. Já temos um jogador pré-determinado para marcar essa jogada”, alertava Rogério Ceni no intervalo, em outro sábio comentário.
Esse “jogador pré-determinado” a que se referiu Rogério é o zagueiro Fabão, o vilão da vez no Morumbi. Não satisfeito com a falha fatal no primeiro tempo, repetiu o erro aos 11 minutos do segundo tempo, e o segundo gol do São Caetano foi uma reprise do primeiro, com os mesmos mocinhos e o mesmo bandido: Anderson Lima cobrou escanteio no primeiro pau, Fabrício Carvalho se livrou de Fabão e cabeceou para o chão e para a rede. Dez minutos depois, Fabão fez falta dura, foi expulso e deixou o São Paulo com dez. Marcinho fez o terceiro, que o árbitro errou ao anular, e o São Caetano teve a chance de golear. O azulão Fábio Santos foi expulso após acertar Jean com o braço. Quando a torcida tricolor gritava “eiro, eiro, eiro, time de pipoqueiro”, Luís Fabiano deu um pontapé em Serginho e também levou o vermelho. Para que a reprise fosse completa.
Ficha técnica
São Paulo: Rogério Ceni; Cicinho, Fabão, Rodrigo e Fábio Santos (Jean); Alexandre, Fábio Simplício, Gustavo Nery e Souza (Marquinhos); Grafite (Vélber) e Luís Fabiano. Técnico: Cuca.
São Caetano: Sílvio Luiz; Gustavo, Thiago e Serginho; Anderson Lima, Marcelo Mattos, Mineiro, Gilberto e Marcinho (Lúcio Flávio); Fabrício Carvalho (Fábio Santos) e Warley (Euller). Técnico: Muricy Ramalho.
Gols: Fabrício Carvalho aos 35 minutos do primeiro tempo e aos 11 do segundo.
Corinthians sonha com Ricardinho
São Paulo –
Os comentários aumentam a cada dia no Parque São Jorge: a diretoria corintiana está disposta a resgatar o meia Ricardinho e enfrentar uma batalha jurídica com o São Paulo. O jogador está encostado no Middlesbrough, da Inglaterra. Contratado há dois meses, não entrou em campo até agora. Seu futebol é considerado “lento demais” pela comissão técnica do time inglês. O jogador será dispensado em maio, quando termina seu contrato.Quando acertou a sua rescisão com o São Paulo, Ricardinho aceitou uma cláusula que o impediria de atuar em uma equipe paulista em 2004. A multa é de US$ 1 milhão.
Só que a diretoria corintiana, que estava decidida a entrar na Fifa para pedir dinheiro ao São Paulo pela liberação de Ricardinho para atuar na Europa, vai comprar a briga.
O principal defensor da volta do meia é o vice-presidente de futebol Antônio Roque Citadini. “O relacionamento de Ricardinho com o Corinthians sempre foi excelente. Não houve traumas na sua saída do clube. Vamos ver o que pode acontecer no futuro”, repete diariamente o dirigente.
O técnico Oswaldo de Oliveira também gostaria de poder voltar a comandar o meia, considerado por ele um “líder intelectual”. Enquanto isso, o clube perdeu a briga por Athirson. O lateral acertou o seu retorno ao Flamengo.
O atacante Jô fará um trabalho de fortalecimento muscular. O atacante de 17 anos tem 1,90 metro e apenas 64 quilos. “Preciso ganhar massa para agüentar as pancadas dos beques”, afirma, em tom de brincadeira.