Patrimônio atleticano em garantia pelas obras na Arena

A modelagem para viabilizar economicamente a readequação da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014, proposta pelo ex-presidente Mário Celso Petraglia, vai comprometer parte do patrimônio do Atlético. Pelo menos o CT do Caju ou o terreno que era do colégio, ou os dois juntos, devem ser dados como garantia a instituições financeiras, a fim de que os recursos para as obras sejam captados. A confirmação de que o patrimônio rubro-negro será empenhado no empreendimento consta da ata da reunião extraordinária do conselho deliberativo do Atlético, que aconteceu dia 25 agosto.

Questionado sobre o comprometimento do patrimônio do clube para garantir financiamento junto às instituições financeiras, Petraglia deu a seguinte resposta aos 104 conselheiros presentes na assembleia. “Para o valor dos Governos Estadual e Municipal, não… Para a parte do CAP, sim. Necessariamente teremos de garantir com o aval do Clube Atlético Paranaense e garantia real de bens imóveis de 1,5 do valor a ser repassado”, disse.

O ex-presidente complementa sua explanação sobre o tema, afirmando: “Precisaremos avaliar as disponibilidades do patrimônio do CAP sem comprometermos a ARENA/FIFA sob nenhuma hipótese! As alternativas são o terreno do colégio com a construção das garagens e imobilizações já previstas para a construção da Areninha e/ou o Centro de Treinamento do Caju”. Há, no entanto, um impeditivo nesta proposta. Consultando a diretoria do Atlético, o Paraná Online descobriu que a área comprada do colégio e o terreno que hoje abriga a Arena da Baixada estão em processo de unificação em um cartório de imóveis de Curitiba.

É intenção do clube também unificar em um só registro de imóveis a área que ainda será desapropriada no entorno estádio, para que sejam cumpridas todas as exigências impostas pela Fifa para a adequação da Arena. Assim, ocorrendo a unificação total da área, não haverá como desmembrar o terreno que era do colégio do terreno da Arena para dar de garantia às instituições bancárias, já que tudo será um só patrimônio perante o registro de imóveis.

Receitas futuras

A adequação da Arena da Baixada também vai exigir sacrifícios futuros do Atlético. Na mesma reunião de conselheiros, questionado sobre o comprometimento de futuras receitas, Petraglia dá a seguinte explicação: “Daremos recebíveis como garantias adicionais e que virão em função direta da nova Arena! “naming right” + 15 mil cadeiras adicionais + cadeiras Vips + lojas novas + garagem etc, até este limite, sendo liberados para o caixa do clube os valores excedentes”. O ex-presidente também deixa claro: “Tanto as receitas originárias da nova Arena como os compromissos assumidos para a sua construção deverão ser previstas no orçamento na próxima gestão.”

Isso suscitou debates na assembleia extraordinária. O ex-vice-presidente do conselho administrativo na atual gestão, Enio Fornea Júnior, manifestou preocupação com a necessidade de se definir um orçamento da obra.”Pois se no futuro o valor for superior, o Estado e o Município não irão complementar as terças partes desse excesso”, disse. O presidente Marcos Malucelli também contestou a modelagem, revelando preocupação com a ausência da apresentação de uma planilha orçamentária.

Petraglia explica que os estudos levam em conta orçamentos realizados pelo CAP e pelo IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). “Caso o valor total dos investimentos ultrapasse o valor de R$ 180 milhões, o CAP ficará responsável e garantirá somente a sua parte (1/3), sendo os valores a maior que R$ 180 milhões, referentes a 2/3, se,rão rateados e garantidos exclusivamente pelos responsáveis, Estado e Município”, conclui o ex-presidente, deixando implícito o entendimento de que o dinheiro público é quem vai arcar com a conta, caso o orçamento das obras exceda seu valor inicial.

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