A comissão técnica da seleção admite que o futebol brasileiro precisa rever alguns conceitos e implantar novos modelos de administração. O coordenador Carlos Alberto Parreira disse na entrevista concedida nesta tarde de quarta-feira, na Granja Comary, que o impacto da derrota por 7 a 1 para Alemanha é sim uma grande oportunidade que o Brasil tem para se reorganizar. Parreira aponta o modelo da Alemanha como o ideal para dar início a um novo caminho ao futebol do Brasil.
Ainda amargurados com o que eles da comissão técnica chamaram de Tsunami, 24 horas depois do vexame no Mineirão, Felipão e Parreira elencaram alguns pontos que devem ser atacados para mudar o futebol brasileiro. Aceitam até fazer um pacto com todas as esferas – administrativa, treinadores e jogadores – para implantar um novo método de trabalho.
“É um bom momento sim para se discutir o nosso futebol, que já caiu outras vezes mas continua grande e vai sobreviver a mais essa catástrofe. Entendo que o trabalho da Alemanha é um exemplo. Nós aqui no Brasil temos um centro de treinamento (Granja Comary) à disposição da seleção. Lá eles têm 25, um para cada situação, determinada competição. Há um bom tempo, eles trabalham forte para a melhoria dos treinadores, aperfeiçoamento dos treinamentos e qualificação dos jogadores”, disse Parreira.
O coordenador da seleção entende que a responsabilidade da mudança não é só da CBF, mas dos clubes, federações, treinadores, jogadores e dirigentes. “A CBF não é formadora de jogadores. Ela recebe os atletas dos clubes, treina e põe para jogar nas competições das seleções. Para mudar o conceito do nosso futebol, é preciso melhorar o nível dos nossos treinadores, investir na formação dos jogadores, melhorar as categorias de base dos clubes, melhorar nossos campeonatos e até modernizar a administração dos clubes e entidades, coisa que os europeus fazem muito bem.”
Felipão ressaltou que o trabalho na categoria de base da seleção brasileira já passa por uma renovação em todos os sentidos. “A CBF vem realizando um bom trabalho na base com o Alexandre Gallo. Ele tem promovido cursos com treinadores e responsáveis pela base da maioria dos clubes brasileiros. Saiu por aí mapeando jovens jogadores do Brasil em várias partes do mundo e já tem uns 60 atletas que podem servir à seleção”, disse Felipão.
Parreira argumenta que o trabalho de reorganização do futebol brasileiro não pode esperar uma nova derrota acachapante como a do Mineirão para se reerguer. “Vamos pensar nesse debate sobre um novo conceito. Podemos sim fazer um simpósio. Vamos levar essa ideia adiante”.