A pressão de clubes europeus para que seus jogadores não sejam mais liberados a fim de disputar amistosos de seleções nacionais fora do continente é vista como um sério problema para Carlos Alberto Parreira. “Se isso ocorrer, vai nos prejudicar muito, sem dúvida”, disse o técnico do Brasil.
Até agora, a Fifa não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. Os clubes europeus estariam tentando um “acordo de cavalheiros” com a entidade máxima do futebol.
A intenção da comissão técnica da seleção brasileira é a de fazer a partir do segundo semestre deste ano vários amistosos, alguns deles na América do Sul e no próprio Brasil. Se a idéia dos clubes europeus ganhar força e se concretizar, esses jogos estariam praticamente inviabilizados.
“Seria bastante complicado reunir uma seleção somente com os que atuam no País”, prosseguiu Parreira. O técnico ressaltou que a medida seria muito boa apenas para os clubes europeus. “Na verdade, não poderíamos mais marcar amistosos no Brasil.”
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, disse que desconhece qualquer opinião da Fifa sobre a hipótese. Ele esteve na semana passada na Suíça, participando de reuniões do Comitê Executivo da Fifa. “Foram discutidas várias coisas e não se falou nisso”, afirmou. “A CBF não recebeu nenhum comunicado, não há nada de formal sobre o caso.”
Os clubes europeus têm manifestado uma crescente má vontade com a liberação de atletas para compromissos de seleções. Alegam perda técnica e financeira. O maior alvo das críticas é o Brasil, com jogadores de excelente nível espalhados por vários países da Europa.
E amanhã deve haver mais reclamação. É que o técnico Parreira anuncia, na sede da CBF, a lista dos convocados que atuam no exterior para o amistoso do dia 29 de março, contra Portugal, na cidade do Porto. A relação final será divulgada na próxima semana.
O treinador nem está muito preocupado com esse confronto contra o time dirigido por Luiz Felipe Scolari. A atenção de Parreira e da comissão técnica está voltada para a Copa das Confederações, em junho, na França. A expectativa de contar com os convocados duas semanas antes da competição já não existe. “Vamos ter de nos contentar com cinco dias de trabalho com todo o grupo”, revelou.
A Copa das Confederações coincidirá com as finais de várias competições, como Copa do Brasil, campeonato espanhol e Copa Libertadores da América. Além disso, o campeonato brasileiro estará em plena atividade, o que deve gerar queixas de clubes do País que eventualmente cedam mais de um atleta à seleção.