O técnico Carlos Alberto Parreira não quer polêmicas em torno da definição dos três goleiros que levará para a Copa da Alemanha. Rogério Ceni só será convocado para o mundial se a seleção brasileira não puder contar com Dida ou Marcos.
Frankfurt, Alemanha (AE) -Parreira não abre mão de contar com um goleiro mais jovem no grupo que vai tentar o sexto título mundial na Alemanha. E, para essa vaga, o escolhido é Júlio César, da Inter de Milão. Caso ele não possa ser convocado, por contusão ou qualquer outro imprevisto, Gomes, do PSV Eindhoven, será seu substituto.
Parreira decidiu que não levará três goleiros veteranos para a Copa da Alemanha, pois já está pensando no Mundial de 2010. Afinal, para ele, Dida, Marcos e Rogério Ceni não vão estar na competição que será disputada daqui a quatro anos na África. Por isso, Parreira quer dar experiência a Júlio César, projetando-o como possível titular da seleção brasileira na Copa de 2010.
Como não poderá contar com nenhum dos três goleiros que pretende levar para a Alemanha (Marcos, Dida e Júlio César estão contundidos) no amistoso de amanhã com a Rússia, em Moscou, Parreira convocou Rogério Ceni e Gomes. E já adiantou que o goleiro do São Paulo vai ser o titular e que não pensa em substituí-lo durante o jogo. Parreira elogiou bastante Rogério Ceni no vôo do Rio a Frankfurt, na Alemanha, de onde foi feita conexão para Moscou. Disse que não tem nenhuma restrição ao goleiro do São Paulo, destacando várias de suas qualidades.
Mas o técnico também disse que Marcos, pela excelente Copa de 2002, e Dida, pelo que apresentou nos últimos anos, não poderiam ficar atrás. Ele revelou que torce para uma grande exibição de Rogério Ceni no amistoso de amanhã.
Quando a pergunta é direta -Rogério Ceni tem chances de estar no grupo do mundial? -, a resposta é rápida. "Esperem até 15 de maio", disse Parreira. Depois, ele mesmo comentou sua preocupação com as seguidas contusões de Marcos desde a Copa de 2002. "Não dá para dizer com precisão com tanta antecedência quem vai ser convocado dia 15 de maio. Esperem para ver. Duas semanas atrás, ninguém imaginava que os goleiros para o amistoso do Brasil com a Rússia seriam Rogério Ceni e Gomes e ninguém contava também com a ausência de Ronaldinho Gaúcho – cortado por contusão. No futebol a pressa atrapalha", explicou Parreira.
Para alguns jogadores, jogo de amanhã é decisivo
Michel Castellar
Rio (AE) – O amistoso contra a Rússia, amanhã, em Moscou, a princípio pouco valor teria para a seleção brasileira, mas passou a ser de fundamental importância ao técnico Carlos Alberto Parreira, que o usará para dirimir algumas dúvidas em relação à lista final de convocados para a Copa do Mundo.
Além do gol, com Rogério Ceni como titular no amistoso de amanhã, Parreira terá especial atenção com os zagueiros brasileiros. Lúcio, do Bayern de Munique, Juan, do Bayer Leverkusen, Luisão, do Benfica, e Cris, do Lyon, foram chamados para o amistoso. Roque Júnior, do Bayer Leverkusen, foi preterido desta vez. Ao deixar Roque fora e convocar Luisão e Cris, Parreira deu um sinal de que pode sacrificar um zagueiro para a Copa, com o objetivo de reforçar o meio-de-campo, porque o volante Edmílson, do Barcelona, seria escalado no setor em uma eventual necessidade. Desta maneira, com Lúcio e Juan assegurados, os outros três atletas brigam pela última vaga.
Ainda no setor defensivo, desta vez na lateral-direita, Cicinho terá uma oportunidade única de provar que pode até mesmo ser o titular no mundial, no lugar de Cafu, que se recupera de uma cirurgia. Em má fase, o capitão da seleção ainda conta com o aval de Parreira, mas o atleta do Real Madrid tem sido um dos destaques do time e seus desempenhos ficam cada vez mais difíceis de serem ignorados até pela própria comissão técnica. "Temos que equacionar alguns nomes e posições, porque na Copa quero um time equilibrado e que me dê muitas opções", destacou Parreira. "E vou decidir pelo equilíbrio da equipe, porque preciso estar preparado para casos de contusões ou expulsões durante o mundial. Tenho de estar precavido."
Brasil e Rússia já se enfrentaram três vezes e a seleção venceu por duas vezes e empatou outra. Em 1994, pela Copa do Mundo, nos EUA, 2 a 1. Dois anos depois, em um amistoso em Moscou, empate por 2 a 2. Em amistoso de 1998, novo triunfo, 5 a 1, em Fortaleza.
Técnico russo diz que seu time está pronto para amanhã
Moscou (AE) – O ex-jogador Alexandr Borodiuk, que comandará a seleção da Rússia no amistoso contra o Brasil, amanhã, em Moscou, afirmou que sua equipe está preparada para o confronto. "Conheço bem o estilo de jogo e a tática dos brasileiros. Assim, tenho uma idéia de como vamos jogar", disse o técnico, que ainda tem dúvidas sobre duas ou três posições no meio-de-campo.
Borodiuk treinará a Rússia neste amistoso, já que a Federação Russa de Futebol ainda não contratou um novo treinador para a disputa das eliminatórias para a Eurocopa/2008. Depois da eliminação nas eliminatórias européias para a Copa do Mundo – a Rússia ficou em terceiro no seu grupo, atrás de Portugal e Eslováquia -, o treinador Yatsev foi demitido.
Dez seleções têm chance na Copa
Berlim (AE) – O treinador Carlos Alberto Parreira sabe que a equipe que dirige não é a única favorita para ganhar a Copa do Mundo, na Alemanha. Consciente das dificuldades que encontrará no mundial, o técnico listou mais nove seleções capazes de levantar o troféu Fifa em julho. Além disso, acredita que o campeonato terá jogadores em melhor forma do que em 2002.
"A Argentina joga com força, mas nós também o fazemos bem. A Inglaterra tem a melhor equipe desde que ganhou o título, em 1966. A Alemanha sempre é Alemanha, por quem temos grande respeito e não digo isso só por educação. A Itália é uma equipe nova desde que tem Lippi, mais ofensiva e bem organizada", disse Parreira, em uma entrevista ao semanário esportivo alemão Kicker.
O treinador ainda citou forças como a França e a República Checa. "Desde o retorno do Zidane, a França está mudada e reforçada. Os checos têm uma seleção feita para a competição, em bom estado físico e com boa técnica", contou o brasileiro, que completou a lista de favoritos com Portugal e Holanda. "Além disso, é preciso ficar atento às novas potências, como Japão, Coréia do Sul e Estados Unidos".
Brasil, uma opção longe do frio russo
São Paulo (AE) – O Brasil está de olho no dinheiro dos clubes russos. Para tanto, pretende atrair os cartolas de Moscou para que escolham os ares tropicais como destino de seus atletas para treinar durante o inverno local. A embaixada do Brasil na capital russa já inicia contatos com os clubes, com o Ministério dos Esportes e com a Federação Russa de Futebol para oferecer campos de treinamento que poderiam ser usados entre dezembro e março.
Com temperaturas de até 27 graus negativos, os times russos são impedidos de treinar nos campos domésticos por mais de três meses do ano. A saída para muitos é transportar todo o elenco até países vizinhos.
Outro projeto brasileiro é o de montar uma escola de futebol na Rússia para crianças carentes, tanto de Moscou como do interior russo. "Assim como o balé Bolshoi tem escola para crianças desfavorecidas no Brasil, poderemos ter nossa academia no exterior no setor que somos reconhecidamente líderes, que é o futebol", afirmou o embaixador do Brasil em Moscou, Carlos Augusto Rego Santos-Neves. O governo russo já estuda a proposta e as primeiras iniciativas devem ser anunciadas nos próximos meses.
Um crescimento com dinheiro fácil
Jamil Chade
Moscou (AE) – Transformado pelo fim do regime soviético e dominado atualmente por magnatas capitalistas, o futebol russo passa por verdadeira revolução e um boom financeiro. Com o fim do apoio estatal aos clubes, empresários bilionários tomaram conta do esporte. Uma legião de estrangeiros desembarcou no país nos últimos anos e os clubes se fortaleceram. Mas, paradoxalmente, a seleção russa, que enfrenta o Brasil amanhã, passa por um de seus momentos mais críticos.
A equipe nacional não se classificou para a Copa do Mundo, ao ficar no meio do caminho nas eliminatórias européias, e assim colocou em discussão o modelo adotado no futebol do país nos últimos anos. Na Federação Russa de Futebol, os funcionários concordam que o patriotismo que marcava a participação dos jogadores na equipe da antiga União Soviética desapareceu e foi substituído por outros incentivos, principalmente financeiros.
A CBF deverá receber cerca de US$ 1,5 milhão pelo amistoso, o maior cachê que lhe foi oferecido até agora. Na imprensa russa, rumores foram levantados de que o dinheiro seria de Roman Abramovich, milionário russo e dono do Chelsea.
Mas se o dinheiro foi injetado no futebol do país, quem mais se beneficiou por enquanto foram os clubes. Durante a era soviética, as equipes eram verdadeiros instrumentos para glorificar o estado socialista. Cada clube era ligado a uma instituição tradicional do país. O CSKA, por exemplo, era a equipe do exército, enquanto o Dínamo era ligado à KGB, a temível polícia política, e o Lokomotiv, como o próprio nome sugere, tinha laços estreitos com o serviço ferroviário. Portanto, cada classe tinha para quem torcer.
Nesse universo pretensamente amador, os atletas, mesmo aqueles que treinavam como profissionais, eram oficialmente apenas soldados, estudantes ou exerciam outras profissões. Os salários acompanhavam essa lógica. Segundo a Federação Russa de Futebol, os salários não passavam de US$ 300 por mês. As conquistas, principalmente as internacionais, eram compensadas com carros ou com apartamentos. Tudo por conta do estado.
Esses privilégios desapareceram quando a União Soviética entrou em colapso e a lógica do mercado transformou as atividades esportivas. No lugar do estado e de suas instituições que mantinham os clubes, elites locais e empresas passaram a comandar o futebol, muitas delas para sua autopromoção. Hoje, há uma série de normas que tentam fazer com que a administração tenha transparência, mas mesmo assim persistem muitas dúvidas a respeito da origem do dinheiro que jorra em abundância no futebol.