Porto Alegre (AG) – Nas eliminatórias da Copa de 1994, a classificação só veio no último jogo, contra o Uruguai, no Maracanã. A vaga para o Mundial de 2002 também só foi assegurada na rodada final, contra a Venezuela, em São Luís.
Para que o drama não se repita, o técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, passou a semana na Granja Comary mostrando aos jogadores a importância de uma vitória neste domingo, sobre o Paraguai, em Porto Alegre. Se vencer, o Brasil estará praticamente classificado para o Mundial da Alemanha, no ano que vem, faltando ainda quatro rodadas para o fim das eliminatórias – Argentina (f), Chile (c), Bolívia (f) e Venezuela (c).
"Se podemos resolver o problema logo, para que deixar para a última rodada? Todos se lembram da tensão, do clima pesado, das últimas eliminatórias que participamos. Temos tudo para conseguir desta vez uma classificação tranqüila", disse Parreira.
Em segundo lugar, com 24 pontos, quatro a menos do que a Argentina, o Brasil chegará a 27 se vencer, abrindo oito pontos de vantagem sobre o quarto colocado, hoje o próprio Paraguai, que tem 19. A América do Sul tem quatro vagas no Mundial e uma quinta pode ser conquistada na repescagem.
Além de mostrar aos jogadores vídeos dos últimos jogos do Paraguai, Parreira reforçou várias vezes a importância de o time manter a concentração durante os 90 minutos. Ele usou como exemplo a recente derrota do Milan para o Liverpool, na final da Liga dos Campeões da Europa, depois de estar vencendo por 3×0. "Logo após ao jogo na Turquia, liguei para o Cafu para saber o que havia acontecido. Cheguei a achar que no vestiário, durante o intervalo, o time do Milan já estava se considerando campeão. O Cafu garantiu que não. Isso mostra que, no futebol, concentração é muito importante. Só se pode relaxar após o apito final", explicou.
Para vencer o Paraguai, Parreira decidiu escalar um time bem ofensivo. Sem Ronaldo, artilheiro das eliminatórias com nove gols, o ataque terá Adriano e Robinho e será municiado por Ronaldinho Gaúcho e Kaká. O treinador quer que pelo menos um jogador – Adriano ou Robinho – fique na área adversária quando a seleção estiver atacando. "Robinho e Adriano são atacantes natos. Mas, apesar de eu e o Ronaldinho Gaúcho jogarmos mais atrás, também chegamos com facilidade à frente. O time vai ser ofensivo", afirmou Kaká.
Parreira não tem dúvidas de que o Paraguai vai jogar fechado, exercendo forte marcação a partir do meio-campo. O técnico vai contra-atacar com a mesma moeda. "Vamos marcá-los em cima, sem deixar que pensem. Vamos induzi-los ao erro. E com a bola vamos jogar pelos lados. Se não fizermos isso, vai ser difícil entrar na defesa deles." Emerson, que se apresentou com uma inflamação no púbis, vai jogar sem estar totalmente recuperado. E a zaga será formada por Lúcio e Roque Júnior.
Ronaldinho e Roberto Carlos não temem cartão
Bernardo Coimbra
Porto Alegre (Agência Placar) – Após a partida contra o Paraguai, hoje, em Porto Alegre, o Brasil encarará a Argentina, em Buenos Aires. Para o clássico de quarta-feira, a seleção poderá perder cinco jogadores, todos pendurados: Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos, Belletti, Emerson e Gilberto Silva.
Para os astros Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos, porém, isso não chega a ser um temor. Segundo o jogador do ano de 2004, escolhido pela Fifa, esse pensamento não pode atrapalhar a concentração.
"Nem estou me ligando muito nisso. Sei que posso tomar, mas vou lutar somente para o Brasil sair com a vitória sobre o Paraguai e fazer a alegria dos torcedores", disse o meia-atacante, que não enfrentou a Argentina, na vitória por 3 x 1, em Belo Horizonte, também pelas eliminatórias.
O lateral-esquerdo da seleção endossou as palavras de seu companheiro. Para Roberto Carlos, o fato de atuar na defesa o preocupa. "Não existe nada disso. Nunca entro tentando me esquivar de não levar um cartão amarelo", destacou o jogador do Real Madrid.
Para o compromisso diante dos paraguaios, Carlos Alberto Parreira não terá o lateral-direito Cafu, suspenso. Em seu lugar, o técnico brasileiro decidiu que Belletti será o titular. O meia Renato, caso necessário, pode ser deslocado para a posição.
Mais dois
Além desses cinco jogadores, outros dois estão pendurados: Ronaldo e Alex. Mas, como ambos foram desconvocados para estes jogos, não enfrentarão mesmo a seleção argentina.
Escalação de Cardozo vai ficar para a última hora
Porto Alegre (AG) – O uruguaio Aníbal Ruiz, técnico do Paraguai, deixará a decisão de escalar ou não o atacante Cardozo, um dos mais experientes do time ao lado do zagueiro Gamarra, para momentos antes da partida de hoje, contra o Brasil. Cardozo se recupera de uma lesão no músculo posterior da coxa direita, praticamente não treinou durante a semana e, se não tiver condições de jogo, deve ser substituído por Roque Santa Cruz.
– O problema de Cardozo é um contratempo inesperado, mas, se não puder escalá-lo, temos Santa Cruz, que está louco para voltar a jogar – disse Ruiz, lembrando que o último, atacante do Bayern de Munique, está há sete meses sem jogar devido a uma operação no joelho direito. Santa Cruz rompeu um dos meniscos na partida contra a Venezuela, em Assunção.
Segundo um dos assessores de imprensa da Associação Paraguaia de Futebol, os médicos estão trabalhando intensamente para pôr Cardozo em condições de enfrentar o Brasil, mas sua lesão está tendo uma evolução lenta. A última revisão a que o atacante será submetido será ao meio-dia de hoje.
– Não temos outro goleador como Cardozo. Sua experiência dentro da área é enorme, por isso vou esperá-lo até o último minuto que puder -concluiu Ruiz.
Lesões de fim de temporada
Porto Alegre (Agência Placar) – A temporada na Europa, onde atuam 19 dos 22 jogadores para os jogos contra Paraguai e Argentina, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2006, está no fim. Por isso, as lesões, além dos adversários, estão sendo encarados como grandes problemas neste momento.
Os exemplos são claros: Juninho Pernambucano, Gilberto, Emerson, Luisão (este afastado dos jogos pelas eliminatórias) passaram mais tempo na sala de musculação do que no gramado.
"Jogar e não sentir dor é muito difícil. Mas quando chegamos a um momento importante como esse, precisamos fazer o sacrifício para conseguir as vitórias nestas duas partidas", disse Emerson.
No treinamento de quinta-feira, em Teresópolis, Juninho Pernambucano deixou a atividade antes do previsto com uma lesão na coxa direita. Na sexta-feira, durante o coletivo, para evitar um risco maior, o craque do Lyon-FRA foi substituído por Diego, da Seleção Sub-20.
Durante toda a noite, os massagistas entram em ação. Quase todos os jogadores são submetidos ao relaxamento da musculatura. Mialgia, lombalgia e tendinites crônicas são os sintomas que mais preocupam o departamento médico e a comissão técnica da seleção brasileira. (BC)