Parreira quer uma seleção ousada

Os nove anos de intervalo entre a última passagem pela seleção brasileira e a atual, iniciada na quarta-feira, fizeram diferença em Carlos Alberto Parreira. Além de mais maduro e experiente, o técnico mostra que está mais disposto a ousar. “A princípio, o time deve atuar no esquema 4-4-2, mas dependendo do material humano disponível, a hipótese da seleção atuar com três atacantes não está descartada”, disse o treinador, lembrando do esquema que colocou em prática no Corinthians, time do qual se despediu ontem.

Parreira também revelou com que tipo de jogadores vai querer contar. O novo técnico da seleção afirmou que não vai abrir mão de uma base de atletas experientes, de alta qualidade técnica, que serão mesclados com as revelações que estão surgindo. Mas, em qualquer caso, eles deverão ter uma característica comum: “Quero jogadores profissionais com espírito de amador, com amor à camisa”.

Segundo Parreira, em uma competição, tão importante quanto o talento é a motivação em campo, que em alguns momentos chega a ser decisiva. Para o treinador, o maior desafio nas Eliminatórias da Copa de 2006 será superar a falta de entrosamento. Parreira, no entanto, acha que seu problema será menor do que o enfrentado por seus antecessores, que disputaram as Eliminatórias da Copa de 2002. “A Conmebol está estudando uma fórmula que, se der certo, vai fazer com que os jogadores sejam liberados por períodos mais longos, como uma semana, com disputa de dois jogos neste intervalo”, contou. Com isso, ele acredita que a resistência dos clubes europeus em dispensar seus atletas brasileiros será menor.

Parreira garantiu que a disputa das Eliminatórias e da Copa do Mundo são suas prioridades, mas que o pouco tempo livre que terá, deverá ser reservado para observar os trabalhos das categorias de base e tornar realidade dois sonhos antigos. “Acredito que seja possível fazer um curso de formação de treinadores ainda este ano”, avisou.

“Outra coisa que quero fazer, mas vai ser mais difícil, é escrever um livro. Já foram feitos alguns contatos neste sentido, mas precisaria sentar uns 10 ou 15 dias para me concentrar só nisso”, revelou Parreira. No conteúdo, aspectos táticos e técnicos do futebol. “Acho que já é tempo de fazer alguma coisa nesse sentido.”

Parreira também contou qual foi a tática usada pelo presidente da CBF para convencê-lo a voltar a ser o treinador da seleção. “Falei com o Ricardo (Teixeira) antes do fim do ano sobre ser coordenador, mas nos últimos dias todos os amigos ficaram me bombardeando com a idéia de ser técnico e, por fim, acabei aceitando”, disse. Depois, quando foi convidado, ele pensou: “Pô, estão me oferecendo o melhor time do mundo”.

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