Parreira pede respeito aos uruguaios

Rio – Feliz com a boa atuação da seleção brasileira na goleada de 4×0 sobre o México, no domingo, em Piura, no Peru, pelas quartas-de-final da Copa América, o técnico Carlos Alberto Parreira lembrou que o elenco está junto há 20 dias, agora não terá mais que sofrer com os problemas da altitude, e que a tendência é uma melhora ainda maior na partida de amanhã, às 21h45, no Estádio Nacional de Lima, contra o Uruguai. Mas o treinador afirmou que o adversário da semifinal tem que ser muito respeitado por sua tradição.

“O Uruguai tem sofrido muito com a reformulação feita nas suas categorias de base e com vários problemas de ordem financeira. E, por isso, não está fazendo uma boa campanha nas eliminatórias para a Copa do Mundo da Alemanha. Porém, aos poucos os jogadores estão se reencontrando e revivendo a grande tradição da camisa celeste. É um bom time, com alguns jogadores experientes, e que deve ser respeitado por tudo que representa no futebol mundial”, comentou Parreira.

Sobre a goleada sobre a seleção mexicana, o técnico do Brasil disse que os 20 dias de treinamento estão começando a dar resultado, e que, por isso, a atuação contra os mexicanos já foi bem melhor do que nos outros jogos da Copa América.

“Desde o início da competição que eu dizia sobre o tempo que este grupo estava junto. É muito complicado se entrosar em uma semana. Mas, com a seqüência dos treinamentos e das partidas, estamos encontrando o padrão tático ideal, pois os jogadores já sabem exatamente o que fazer. Fomos melhores do que o México durante os 90 minutos e merecemos o resultado”, disse.

Velho Lobo

Ao definir a vitória sobre o México, o coordenador-técnico Zagallo disse que foi o resultado de quem saiu da altitude para a atitude. Ele ressaltou que a boa exibição do time não pode representar excesso de confiança, advertindo que são dois passos que precisam ser muito bem dados para que a seleção chegue ao título. “Acho que estamos no caminho certo, mas é preciso seriedade e respeito aos adversários para conseguirmos este objetivo”, disse Zagallo. Para o jogo de amanhã, Parreira deve manter a formação que iniciou a partida contra o México, com Kléberson e Edu pendurados com um cartão amarelo.

Goleador humilde e solidário

Lima –

Artilheiro da Copa América, com cinco gols, e destaque do Brasil até agora na competição, o atacante Adriano, da Inter de Milão, poderia estar falando de suas ambições na Europa e na própria seleção, de seus planos para o Mundial de 2006, de uma eventual disputa de vaga com Ronaldo, o Fenômeno, e até com Ronaldinho Gaúcho. Em suas entrevistas após a vitória do Brasil por 4 a 0, sobre o México, ele teria novamente motivos para abordar a facilidade com que faz gols e detalhar suas principais virtudes, como a de proteger bem a bola, chutar com força, dar arrancadas em grande velocidade.

Mas Adriano preferiu outra iniciativa. Ele está preocupado com críticas ao companheiro de ataque, Luís Fabiano, e deixou claro que quer ajudá-lo. “Ele tem qualidade técnica para superar qualquer problema. Tem bom preparo físico. Nada de desesperar. O Luís tem de acreditar em seu potencial.”

Adriano, de um lado, vive uma fase excelente na seleção. E sabe que o colega não vem rendendo o mesmo que no São Paulo. Por isso, ainda na saída do Estádio Miguel Grau, em Piura, na madrugada de ontem, ressaltou a importância de dividir com Luís Fabiano os méritos pelo bom rendimento do ataque do Brasil na Copa América – a seleção marcou dez gols em quatro partidas.

“Temos estilo semelhante. Um tem de ajudar o outro. Se ele precisar, sempre estarei pronto para fazer alguma coisa.” De acordo com Adriano, Luís Fabiano não tem tido sorte nas finalizações, mas colabora bastante com a equipe por sua movimentação em campo, suas tabelas precisas e deslocamentos. Ele lamentou o pouco tempo de treino, antes da Copa América, para que a dupla de ataque se acertasse. “Com entrosamento, seria bem mais fácil.”

Adriano foi ontem o mais badalado dos atletas brasileiros em Lima. Vários jornais peruanos estampavam fotos suas na primeira página. Mesmo assim, o jogador não se deixou envolver pelos elogios. Até minimizou o fato de ser, hoje, o principal goleador da competição. “Fiz cinco gols. Não é nada ainda. É preciso ganhar o título para depois ver isso.” Mesmo como centro das atenções, Adriano continua com o discurso pausado e humilde, próprio de quem sabe que o futebol pode, muitas vezes, ser igual a uma armadilha.

“Não fico triste com críticas. É assim mesmo. Quando alguém se destaca numa partida de seleção, passa a ter um tratamento especial. Que pode durar dois ou três dias, até o jogo seguinte.”

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