Parreira pede que haja compromisso dos atletas

Weggis – O técnico da seleção brasileira Carlos Alberto Parreira disse ontem que sua principal missão é conseguir dos jogadores que eles se comprometam com a equipe para conquistar o hexacampeonato mundial na Alemanha.

Para o técnico, os jogadores já são bem-sucedidos, profissional e financeiramente, e por isso devem encontrar na Copa um estágio a mais de realização. "É importante que os jogadores se sintam comprometidos com o projeto, à vontade e felizes", afirmou o treinador, na primeira entrevista coletiva concedida em Weggis, pequena cidade na Suíça onde a seleção está concentrada desde segunda-feira.

Parreira ressaltou que a prioridade da comissão técnica será ter o time inteiro fisicamente para o jogo de estréia, contra a Croácia, no dia 13 de junho, em Berlim, e as demais partidas no mundial. Para isso, ele conta com os resultados dos exames médicos e físicos que começaram a ser realizados ontem e seguem até hoje, numa clínica na cidade vizinha de Notwil.

"Se for necessário poupar alguém durante um ou dois treinos, vamos poupar. O objetivo é ter o time inteiro o máximo que puder", disse o técnico, que admitiu não ser possível jogar a Copa apenas com os 11 titulares. "Temos o desgaste físico, contusões, cartões amarelos, cartões vermelhos. Certamente a gente será obrigado a usar mais de 11 jogadores", disse.

Ronaldo já treina

A condição física de Ronaldo, que está parado há mais de um mês por causa de uma contusão muscular, não preocupa o treinador. "Ele está clinicamente recuperado, se preparou fisicamente e já começa treinando com bola", declarou o técnico, que comandará a primeira movimentação nesta quarta-feira, no Estádio Thermoplan, em Weggis. "Ele está no peso ideal", completou o técnico.

O estado físico dos jogadores, aliás, deixou o técnico satisfeito. Segundo o médico José Luiz Runco, a equipe chega às vésperas da Copa em melhor estado do que o grupo que disputou o mundial de 2002. "Vamos poder nos concentrar no trabalho técnico físico e tático, principalmente tático."

Parreira não teme que Ronaldinho Gaúcho, melhor jogador do mundo, seja caçado em campo pelos adversários. "Ele será visado, sem dúvida alguma, porque está em grande fase e evoluiu muito nos últimos anos. Mas não diria que será caçado", afirmou o técnico.

Tranqüilo, Parreira diz que não vê nenhuma necessidade de conversar com Adriano, que viveu má fase na Inter de Milão durante a temporada européia, e reafirmou que ele se sente bem mais à vontade na seleção. "O problema é o time dele. Aqui ele tem carinho. Ele chega e o semblante dele muda. Mas, se houver necessidade, vamos falar com ele", afirmou.

Como administrar tantas vaidades

Weggis, Suíça – A seleção brasileira é favorita e tem todas as armas para conquistar mais um título mundial: excelente elenco, comissão técnica de peso e estrutura bem montada. Carlos Alberto Parreira admite não ter problemas e, por isso, seu principal objetivo e uma das poucas preocupações é manter os astros unidos.

O próprio treinador fala do tema abertamente, como nesta terça-feira. Sabe mais do que ninguém não ser fácil lidar com tanta gente badalada num mesmo grupo. Há vaidades, interesses pessoais… E este time é um dos mais fortes dos últimos tempos e conta com os principais jogadores do mundo, milionários e representantes de clubes poderosos, como Real Madrid, Barcelona e Milan. "Nós lidamos com celebridades, com jogadores famosos, conhecidos por todos. O mais importante é saber trabalhar em equipe, é jogar com alegria", afirmou, em concorrida entrevista coletiva no Centro de Imprensa do Estádio de Weggis. "A equipe é que conquista títulos, não o jogador individualmente."

Parreira fez questão de dizer também que seleção campeã não pode pensar apenas em dar show, em jogar para o público. "Não se pode viver só de beleza, é preciso ter competitividade." A declaração do treinador serve de aviso para aqueles que sonham com time extremamente ofensivo e chegam a pedir, até, um quinteto mágico. A equipe titular terá quatro jogadores na frente: Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo, componentes do badalado quarteto mágico.

Para o primeiro jogo da Copa do Mundo, dia 13 de junho, contra a Croácia, em Berlim, o treinador vai escalar os quatro juntos, independentemente do que ocorrer nos treinamentos. Mas, se a equipe apresentar vulnerabilidade no setor de marcação, ele fatalmente modificará o esquema, tirando um dos atacantes para colocar mais um volante, Juninho Pernambucano, Edmilson ou Gilberto Silva.

Antes de estrear no mundial, o Brasil disputará dois amistosos. O adversário do dia 30 será um time de Lucerna, na Basiléia. Em 4 de junho, o time enfrentará a Nova Zelândia, em Genebra. Em seguida, a delegação viaja para a Alemanha.

Nossa Senhora vai pra Suíça

Aparecida – Uma imagem de Nossa Senhora Aparecida vai ser entregue no dia 2 de junho aos jogadores da seleção brasileira na Suíça. A santa, doada pelo Santuário Nacional de Aparecida, o maior centro de peregrinação do País, foi abençoada ontem em uma cerimônia na basílica. Um grupo de músicos brasileiros do projeto ?Música e Cultura no Brasil?, que faz uma turnê pela Europa, ficou encarregado de entregar a santa ao time.

No mundial passado, o jogador Ronaldo esteve em Aparecida para agradecer a conquista do pentacampeonato.

Por coincidência, a imagem – feita em resina e de 30 centímetros – doada pelo santuário saiu com o número de série 513 – decimais considerados de sorte por Zagallo.

Família vê treino de camarote

Weggis – Milhares de pessoas correm atrás de ingresso para ver pelo menos um treino do Brasil na Suíça. Os cambistas estavam cobrando ontem, via internet, mais de US$ 100. Mas tem gente que não precisou enfrentar fila, não gastou nada.

A simpática família Stöckli é dona de uma agradável casa localizada bem atrás de um dos gols do Estádio de Weggis. No andar de cima do sobrado, exatamente da varanda do quarto de Martin, de 10 anos, é possível ver os treinos melhor do que em qualquer lugar da arquibancada, confortavelmente, sem aperto.

Aos amigos não vai pedir dinheiro. Mas com a seleção lucrará bastante. Na frente da casa, alugou um espaço por cerca de 1.300 francos suíços (cerca de R$ 2.300) para vender lanches e bebidas. "Esperamos ganhar 5 mil francos no período em que a seleção estiver aqui. É mais do que ganho por mês com minha empresa." (EM&JC)

Mulatas substituem os craques

Weggis, Suíça – A seleção deverá treinar no Estádio de Weggis pela primeira vez apenas na tarde de hoje, mas os suíços poderão ver show brasileiro em campo. Um grupo de mulatas brasileiras que vivem no país vai se apresentar no campo, amanhã à noite, com a participação do cantor Neguinho da Beija Flor. O entusiasmo do povo pelo Brasil deverá proporcionar bom público.

A iniciativa foi do suíço Edi Haas, casado com a goiana Vanessa Haas há dois anos. Edi é engenheiro, tem uma empresa de construção, mas nas horas vagas comanda dois grupos ao lado da mulher, o Estrela do Brasil e o Mangadancers. Vanessa também é uma das dançarinas. "Vai ser ótimo a gente poder se apresentar na mesma época em que a seleção está aqui", festejou a brasileira, animada com a possibilidade de conhecer os atletas.

Vanessa conheceu Edi há cinco anos, durante viagem pela Suíça. O casal, hoje, vive em bela casa situada a cerca de 15 quilômetros de Weggis e eventualmente vai ao Brasil. "Mas ela não quer ficar muito tempo por lá, logo pede para voltar, adaptou-se muito bem à Suíça", contou Edi.

Há uma série de brasileiros na região. Muitos encontraram trabalho e resolveram não voltar mais para o País. Eliane Poloni, uma das amigas de Vanessa, conheceu um italiano, casou-se e, por enquanto, não se vê de novo no Brasil. "Temos uma vida tranqüila, com segurança, aqui tudo é certinho, um bom local para educarmos nosso filho."

A apresentação das mulatas amanhã contará com tempero suíço. As músicas terão como pano de fundo o som do instrumento "alp horny", que parece uma flauta gigante. O objeto era utilizado nos primórdios da Suíça como meio de comunicação das pessoas entre as montanhas.

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