Teresópolis, RJ – O mistério continua: Robinho joga ou não joga contra o Peru, domingo, em Goiânia? O técnico Carlos Alberto Parreira promete responder a essa pergunta hoje à tarde, após o primeiro treino coletivo da seleção brasileira em Teresópolis. Mas já deu indícios de que as chances de isso acontecer são cada vez maiores. Se o atacante santista entrar, quem sai é o volante Juninho Pernambucano.
Ontem, Parreira comandou um treinamento tático somente para a defesa. Chegou a escalar nove jogadores de linha no time titular, inclusive Juninho, mas só por um curto período. Depois o sacou e manteve o meio-de-campo com Emerson, Zé Roberto Kaká e Ronaldinho Gaúcho – uma formação bem mais ofensiva do que a de costume.
Como não pôs ninguém no ataque, o mistério continua. Questionado se a formação de meio-campo definida por Parreira é um indício de que pode entrar no ataque titular, Robinho foi seco: ?Não sei?.
Todos os seus colegas, porém, comentaram que o time pode ganhar muito com a sua entrada. Até Juninho Pernambucano, o maior candidato a deixar a equipe titular, é favorável a entrada de Robinho. ?Isto aqui é um grupo e o que importa são as vitórias. Se o professor Parreira optar pela minha saída, tudo bem. O Robinho é um grande jogador e vou torcer por ele?.
A idéia de Parreira é ter dois cabeças-de-área, dois armadores e dois atacantes bem definidos, esquema bem diferente daquele que vinha usando havia dois anos, com três volantes, dois jogadores que se revezavam na função de conduzir a bola (Ronaldinho Gaúcho e Kaká) e um único atacante enfiado (Ronaldo). A opção por tirar Juninho Pernambucano, e não Zé Roberto, é simples: este último é canhoto. Se saísse, o time ficaria ?torto? para a direita, já que passaria a ter apenas Roberto Carlos como canhoto.
?Não importa o esquema tático e nem quem joga, o que importa é o time ter equilíbrio?, disse Parreira, que completou: ?A qualidade do jogador brasileiro é indiscútivel, mas não adianta nada se não houver doação na hora de marcar?.
Robinho jura que está preparado para entrar no time titular e com muito comprometimento com a marcação. Ele lembra que vem se destacando na função de desarmar os zagueiros adversários e cita a função tática que desempenha em sua equipe para provar que pode fazer o que quer que Parreira lhe peça na seleção.
?O Santos joga com três atacantes, eu, Basílio e Deivid. E todos nós marcamos bastante. Se eu entrar, vou me esforçar ao máximo para corresponder às expectativas em torno do meu futebol?.
Ronaldinho Gaúcho e Kaká, que passariam a jogar mais recuados com a entrada de um segundo atacante, também acham que podem fazer essa função numa boa. ?Vamos ter de ajudar mais na marcação, mas acho que não teremos problemas de entrosamento, pois todos aqui se conhecem muito bem?, disse Kaká. ?E vamos ganhar muito no aspecto ofensivo?, emendou Ronaldinho Gaúcho.
Uma conseqüência da mudança de esquema de Parreira é que os laterais Cafu e Roberto Carlos passem a apoiar menos o ataque. ?Vamos ter que nos preocupar mais com a marcação?, disse o capitão Cafu.
Já os dois volantes, Emerson e Zé Roberto, dizem que não se sentirão ?sacrificados? por terem de fazer a função que, até o ano passado, era desempenhada por três jogadores, e não por dois: a de tentar deter o setor de criação do meio-de-campo adversário. ?Lembro de ter jogado num esquema com dois volantes quando o técnico ainda era o Luxemburgo. Acho que não vai ter problema?, disse Zé Roberto. ?O que muda é que devemos ter uma atenção a mais?, completou Emerson.
?Vou apostar em Ronaldo?, diz Carlos Alberto Parreira
Rio de Janeiro – Carlos Alberto Parreira vai bancar Ronaldo o quanto for possível. Para o técnico da seleção, o atacante é injustiçado, principalmente em seu próprio País. ?Ele é o melhor do mundo, mas aqui no Brasil parece que temos dificuldade em admitir isso.?
Em entrevista exclusiva à Agência Estado, Parreira diz também que é preciso ?aprender a conviver com a celebridade? que é o Real Madrid.
Agência Estado – Muitos criticam os dois Ronaldos por não renderem na seleção o que rendem nos clubes. O que acha disso?
Parreira – É óbvio que faz muita diferença a falta de treinos, o dia-a-dia do clube, a seqüência de jogos… é importante dizer também que ninguém tenta inibir o Ronaldinho para que ele não faça as jogadas e dribles que faz no Barcelona. Ele não faz isso porque não tem na seleção o mesmo entrosamento que tem com os jogadores do clube dele.
AE – E o Ronaldo?
Parreira – Outro dia o Real perdeu e todos falaram que o Ronaldo foi mal. Vi o jogo e, na minha opinião, ninguém foi bem. Mas só se falou que o Ronaldo foi mal.
AE – Acha que ele está em boa fase?
Parreira – O Ronaldo passou por um turbilhão com o casamento, mas, mesmo assim, continuou jogando normalmente. Tenho informações de que ele até perdeu peso.
AE – É titular absoluto da seleção?
Parreira – Não gosto desse termo. O importante é entender que o Ronaldo é dos grandes jogos. No momento difícil, aparece e resolve. Enquanto puder, vou apostar nele e não vou sacrificá-lo em nenhum momento.
AE – O Ronaldo é injustiçado?
Parreira – Olha, no futebol mundial não há um atacante como o Ronaldo. O mundo inteiro valoriza isso. O Brasil, não. Parece que a gente tem dificuldade para admitir que o Ronaldo é um jogador excepcional.
AE – O Adriano se machucou, mas vinha bem. Ele pode tomar o lugar do Ronaldo em breve?
Parreira – Pergunte ao mundo: ?Quem é melhor, Ronaldo ou Adriano??
AE – O Ronaldo ainda está muito na frente do Adriano então?
Parreira – (irritando-se) Faça essa pergunta para o mundo: ?Quem é melhor, Ronaldo ou Adriano??
AE – Posso fazê-la para você?
Parreira – Não vou comparar jogadores de seleção. Não faço isso. Posso falar que o Ronaldo é movido a desafios e aparece nos grandes momentos.
AE – Você acha que os fatores extra-campo podem prejudicá-lo?
Parreira – Se forem mal conduzidos, sim. Mas ele conduz bem. Desde que o conheço, ele não sai da mídia. Temos que aprender a conviver com a celebridade que ele é. É complicado ser o Ronaldo. Se eu, que não sou celebridade, tenho 500 compromissos por semana, imagina ele! É um dos rostos mais conhecidos do mundo!
AE – Você dá conselhos para ele?
Parreira – Não.
AE – Já deu?
Parreira – Na Copa de 94, todos queriam o Ronaldo. Tive uma conversa com o empresário dele, que é meu amigo, o Reinaldo Pitta. No final, foi ótimo o Ronaldo ter ido para o PSV, da Holanda. Se fosse de cara para Itália ou Alemanha, talvez não fosse bem. O choque seria grande.
AE – E o que esperar do Ronaldo na seleção neste momento?
Parreira – O Ronaldo e o Ronaldinho são jogadores individualistas. Não adianta ensinar tática para o Ronaldo. O negócio é bola no pé dele. O Zico já me falou: ?Parreira, nunca vi um atacante se posicionar tão bem como o Ronaldo. É impressionante! Nunca está impedido e pega sempre o ponto morto do zagueiro?.
AE – Então são nove para correr e os dois Ronaldos para brilhar?
Parreira – Não é preciso defender com mais do que oito jogadores. E aí o Ronaldo e o Ronaldinho fazem o papel deles, de individualistas.
AE – E o Kaká, onde se encaixa?
Parreira – O Kaká é meio-termo. Brilha taticamente e também no individual.
Emerson ignora interesse do Rel Madrid
Teresópolis – O volante Emerson, da Juventus de Turim, garantiu ontem que desconhece o suposto interesse do Real Madrid em sua contratação.
O jogador, que voltou a ser convocado para a Seleção Brasileira depois de longo período de ausência, garantiu que vai cumprir até o final o seu compromisso com o clube italiano, que termina em 2008.
?Não fui informado deste novo interesse do Real. Tenho contrato até 2008 e pretendo cumpri-lo. É claro que me sinto orgulhoso por despertar o interesse de um clube como o Real, mas não há nada neste sentido?, afirmou o volante.
De acordo com a imprensa espanhola, Emerson seria uma indicação pessoal do presidente do Real, Florentino Perez.
No começo do ano passado, Perez chegou a fazer uma oferta ao Roma pelo passe do jogador, mas Emerson preferiu transferir-se para a Juventus, acompanhando o técnico Fabio Capello. Ainda de acordo com a imprensa espanhola, Capello também estaria na lista de contratações para a próxima temporada. Ele seria o primeiro da lista numa eventual demissão do brasileiro Vanderlei Luxemburgo.
Brasil deve fazer amistoso com a Argentina
Teresópolis – O Brasil deverá fazer um amistoso com a Argentina, dia 27 de abril, no Morumbi, como parte das comemorações dos 40 anos da TV Globo. O jogo ainda não está confirmado pela CBF e pela AFA – Associação Argentina de Futebol, mas já está mexendo com o ambiente da Seleção Brasileira.
Ontem, o técnico Carlos Alberto Parreira revelou que, para esse amistoso, convocará apenas jogadores que estejam em atividade no Brasil. Será uma espécie de teste final para aqueles que ainda sonham com uma vaga no grupo que luta para chegar à Copa do Mundo da Alemanha, no ano que vem. Em dois anos à frente da Seleção, Parreira já convocou 69 jogadores. ?E dificilmente chamarei muito mais do que isso. Talvez uns cinco ou seis, no máximo?, disse o treinador.
A expectativa em torno desse teste contra a Argentina é com relação às possíveis presenças de Cicinho, do São Paulo, e Fred, do Cruzeiro. Parreira já fez elogios aos dois jogadores. O técnico, porém, faz questão de ressaltar que está com suas atenções voltadas completamente para as partidas contra o Peru e o Uruguai. ?E mesmo contra a Argentina, o jogo que vale para nós é o do dia 8 de junho, pelas Eliminatórias.?