O técnico Carlos Alberto Parreira e o Corinthians estão vivendo uma situação diferente na última partida do Brasileirão. Na conquista da Copa do Brasil e do Rio-São Paulo, no primeiro semestre, o time entrou em campo para o jogo final como favorito. Domingo, a situação será diferente. O time perdeu o jogo de ida para o Santos por 2 a 0 e precisa vencer por diferença de dois gols para ser campeão. A situação de azarão de ocasião mexeu com os brios do treinador.
Ao ser perguntado sobre sua motivação para esta final, Parreira – que já ganhou a Copa de 1994 e o Brasileiro em 1984 pelo Flu, entre outros títulos – não escondeu que está encarando a desvantagem de seu time como um desafio. “Ninguém fala do Corinthians. Toda a imprensa só fala do Santos, como se este jogo já estivesse ganho”, reclamou o treinador, que está passando pela primeira vez pela experiência de ver seu time precisando de uma vitória superior a um gol para conquistar um título.
“Vai ser um jogo difícil por causa da vantagem do Santos, mas ela não é abismal”, afirmou o corintiano. Parreira garantiu que o time já está emocionalmente recuperado da derrota e buscando maior motivação na confiança que o torcedor está demonstrando. “Tinha gente esperando na fila para comprar ingresso às 6h da manhã de segunda-feira.”
O técnico não tem poupado esforços para reverter a situação adversa. Levou o time para Extrema, sul de Minas Gerais para recuperar a auto-estima de seus jogadores na base de muita conversa. Paralelamente, o técnico “arrancou o couro” de todos os atletas, exigindo o máximo de empenho e eficiência em todos os fundamentos.
Aparentemente, o trabalho parece ter surtido efeito. Os jogadores que na terça-feira eram a imagem da dúvida e do desânimo, pareceram ter entendido a mensagem e não reclamaram dos treinos puxados, dedicados ao trabalho de fazer os titulares anularem os reservas, devidamente orientados a jogar exatamente como o time de Emerson Leão. O resultado de todo o esforço poderá ser conferido amanhã, no Morumbi.
Técnico mexe em 2 setores
Além de mexer na parte técnica e psicológica dos jogadores, Parreira também vai mudar a escalação. Depois de confirmar a volta de Fabinho no meio-campo após cumprir suspensão, apresentou outras prováveis novidades na formação titular. Ontem, após o último treino em Extrema (MG), o técnico confirmou que a defesa vai mudar e o zagueiro Anderson será o companheiro de Fábio Luciano no lugar de Scheidt.
Esta, no entanto, pode não ser a única mudança na equipe. Depois de testar Marcinho no meio-de-campo na quinta-feira, ontem foi a vez de Juliano ter a sua chance de assumir a vaga. O favorito, no entanto, continua sendo Renato, que foi titular no segundo semestre.
Parreira deixou claro que a substituição de Scheidt por Anderson não foi caso de deficiência técnica. “Apenas acho que as características de Anderson são mais adeqüadas ao tipo de jogo que vamos ter contra o Santos.” Segundo o treinador, enquanto Scheidt tem melhor toque de bola, Anderson é um jogador de força, tem mais explosão.
No que diz respeito ao meio-de-campo, Parreira fez mais suspense. “Na hora do jogo vocês poderão saber a minha escolha.” O treinador explicou que durante o período em Extrema testou todas as combinações possíveis de atletas, para diferentes situações durante a partida contra o Santos. “Esse tipo de coisa tem de ser feita com antecedência. Não dá para resolver na hora qual jogador você vai colocar em campo.”