Só um milagre tira o Corinthians das semifinais do campeonato brasileiro. O Atlético-MG precisa vencer por cinco gols de diferença. Mas para evitar o clima de já-ganhou e o excesso de confiança, o técnico Carlos Alberto Parreira cita um provérbio chinês – “Não sabendo que era possível, foi lá e fez” -, para definir o confronto de manhã, no Morumbi. “É muito díficil, mas nada é impossível no futebol”, disse. “Claro, se não forçarmos as jogadas, se mantivermos a posse de bola, dificilmente correremos riscos. E a catástrofe não acontecerá.”
Ao mesmo tempo que se mostrava contrariado com o clima de já-ganhou e a badalação em cima do elenco, vibrava com a fase de Deivid. “Vou dar a manchete para vocês: Artilheiro das decisões”, brincava com os jornalistas. “Ele pode estar mal, mas na hora certa decide.” E um recado aos concorrentes ao título. “Sempre os outros é que disparam na frente, são os melhores do mundo. Mas quem acaba beliscando é o Corinthians.”
As declarações de Parreira sobre Deivid são baseadas nas decisões de que o Corinthians participou no primeiro semestre. O atacante balançou as redes em sete oportunidades. Foram três nas semifinais da Copa do Brasil, diante do São Paulo, e outros três na decisão, diante do Brasiliense.
Anotou também, no jogo de ida da decisão do Torneio Rio-São Paulo, diante, novamente, do São Paulo. “Conversando com o Fábio Luciano, comentei que na hora que o time mais precisa eu faço gols,” revelou Deivid. Diante do Atlético-MG, o atacante pela primeira vez anotou quatro gols numa mesma partida. Já havia marcado três diante do Americano, pela Copa do Brasil.
O segredo da tarde inspirada pode ter sido a oferta da mulher Juliana. “Ele me ligou dizendo que se fizesse um gol ganharia presente”, disse. “Agora, terei de receber quatro. O natal será recheado”, brincou. Sobre a comemoração de um dos gols, quando gritou é para você Jefferson, esclareceu. “Meu amigo de Santos, que estava fazendo aniversário.”
Tabu
A última derrota por diferença de cinco gols aconteceu na primeira partida do Torneio Rio-São Paulo de 1999. No Maracanã, vitória do Botafogo por 6 a 1 na estréia do técnico Oswaldo de Oliveira no Corinthians. Na época a equipe estava desfalcada de seis titulares (Índio, Gamarra, Silvinho, Gilmar, Rincón e Edílson). Do atual elenco, apenas Vampeta estava presente.
Aliás, perder por cinco gols é fato raro para a maioria dos jogadores do atual elenco. Pelo menos defendendo o Corinthians. Tirando o volante, nenhum deles ainda sentiu este gosto amargo. “Quase. Diante do Grêmio (neste Brasileiro) levamos de 4 a 0. Mas de cinco, jamais”, afirma Gil. O artilheiro Deivid viveu a experiência quando defendia o Santos, justamente contra o Corinthians. “Levamos de 5 a 0 no Paulista de 2001”, lembrou.
Nem reforça o Galo no Morumbi
O zagueiro Nem foi liberado ontem pelo Departamento Médico do Atlético-MG e poderá enfrentar o Corinthians, amanhã, no Morumbi, na partida de volta das quartas-de-final do Campeonato Brasileiro.
Nem se recuperou de um estiramento muscular na coxa direita, contusão que o tirou da última partida. Ele participou do treino com bola realizado no CT de Vespasiano e está à disposição do técnico Geninho.
Por outro lado, o zagueiro Neguete, que voltou a sentir uma contusão muscular na coxa esquerda, foi vetado pelos médicos e não enfrenta o Timão.