Parreira defende sua zaga

Santiago – As críticas à defesa da seleção brasileira na vitória sobre a Argentina, por 3 a 1, incomodaram Carlos Alberto Parreira e os jogadores. O técnico inocentou os zagueiros Juan e Roque Júnior das eventuais falhas na partida de quarta, no Mineirão. Mas pode deslocar Edmílson para a vaga de Juan, abrindo assim um lugar para Gilberto Silva retornar ao time titular contra o Chile, amanhã, em Santiago.

Os jogadores da seleção repudiaram, ontem, as cobranças à zaga. “Quando se fala que a defesa falhou, todo mundo olha para os dois zagueiros. Está errado. Tem que olhar o time como um todo. Tivemos algumas falhas nas bolas altas contra a Argentina, isso deve ser corrigido, só que os erros não foram apenas dos zagueiros”, disse Parreira, antes do treino de ontem no estádio do clube Universidade Católica, que foi acompanhado por cerca de mil pessoas, a maioria adolescentes.

No treinamento, Parreira fez uma sessão de cruzamentos para a zaga tirar de cabeça. Primeiro usou a dupla Edmílson-Roque Júnior e depois Juan-Roque Júnior. Foi uma pequena pista de que pode mesmo deslocar Edmílson para a zaga e escalar Gilberto Silva de volante, posição em que se consagrou na Copa do Mundo de 2002.

Edmílson não está preocupado com a possível reviravolta no seu espaço no time. Estava chateado era com as críticas que a defesa recebeu depois do jogo contra os Argentinos. “Não quero ficar aqui falando se devo ou não continuar jogando de volante, isso pertence ao Parreira. Se ele me escalar de zagueiro, tudo bem. Se for para continuar de volante, tudo bem. O que é chato é ficar ouvindo que tivemos falhas na defesa. Os críticos e torcedores têm de ver que nesse time todo mundo gosta de atacar: Cafu, Roberto, Juninho, Zé Roberto, Kaká. Vai todo mundo, é claro que a zaga fica desprotegida.” Roque Júnior também não deu importância à eventual alteração na defesa da seleção. Questionado se a provável troca de Juan por Edmílson seria uma prova de que a zaga falhou, ele rebateu firme. “As pessoas se esquecem que não é só a defesa que erra. Tem de ver o time inteiro, não existe divisões por setor. Quando tem a bola todo mundo joga, quando não tem, todo mundo também tem de jogar”, afirmou.

“Essa história de que o Brasil não tem zagueiros bons não me comove. Desde 1986, quando o Júlio César (Guarani) foi jogar na Alemanha, todos os zagueiros que passaram pela seleção foram jogar em grandes clubes de ponta da Europa, isso mostra que temos qualidade”, defendeu Roque Júnior.

A tese de Roque tem a defesa de Parreira. O treinador repetiu nesta sexta-feira que a seleção está bem servida de defensores. E que, recentemente, ganhou mais dois: Luisão e Cris. “Ninguém falava deles. Nós bancamos e eles responderam muito bem.”

Frio do Chile não preocupa a seleção para amanhã

Santiago

– Os jogadores da seleção brasileira não estão preocupados com o frio previsto para amanhã, às 21h30 em Santiago (22h30 no horário de Brasília), durante o jogo contra o Chile.

Nem a comissão técnica da equipe do Brasil, que não planejou nada especial para evitar esse problema na partida pela 7.ª rodada das Eliminatórias da Copa.

Acostumados a jogar no inverno europeu, os jogadores comentaram que a baixa temperatura não serve como desculpa para uma eventual fraca atuação do Brasil.

Santiago teve ontem a mínima de 10 graus e a máxima de 22. O serviço de meteorologia chileno anunciou a chegada de um frente fria para hoje e amanhã, com mínima de 2 graus e máxima de 18. No horário do jogo, a temperatura pode apontar até 1 grau negativo.

“Quando cheguei na Inglaterra (em 2000), meu primeiro jogo foi com 4 graus negativos. Sofri muito, depois me adaptei. Na partida contra o Chile estão falando em um frio de 1 grau. Não é um absurdo. Dá para suportar, a gente até corre mais”, disse Edu, escalado por Parreira para substituir Zé Roberto, suspenso com o segundo cartão amarelo.

Edmílson é um pouco mais precavido. Joga no Lyon, na França, também sob baixas temperaturas. “Eu uso uma pomada nos dedos do pé que aquece bem. No frio, o pé fica um pouco duro e a pomada ajuda”, contou.

O artifício usado por Edmílson não será adotado pela comissão técnica da seleção brasileira. Luís Rosan, fisiologista do time, revelou ontem que não haverá nenhum grande cuidado com os atletas por causa do frio.

“Estamos encarando esse problema do frio com muita naturalidade. São jogadores que atuam na Europa. Estão acostumados. Eles disseram que o frio não é problema. Se não é problema para eles, muito menos para nós”, explicou Rosan.

Moracy Sant?Anna, preparador físico da seleção, também não vê o frio como um grande problema, mas alterou seu plano de trabalho para o jogo de amanhã, no Estádio Nacional. “Vou esticar um pouco mais o aquecimento dentro do campo. Normalmente o trabalho é de 15 minutos. Vou usar mais cinco minutos. O problema é o intervalo de 20 minutos entre o aquecimento no campo até o jogo começar. Os jogadores descem para o vestiário, fazem as orações e dez minutos antes da partida, têm de perfilar ao lado do time adversário para entrarem juntos no campo e ainda tem o tempo que ficam parados para a execução dos hinos.”

Os 20 minutos entre o final do aquecimento e o início do jogo, alertou Moracy, devem ser compensados em pelo menos dois minutos de exercícios.

“Quando acabar o hino, eles deverão se movimentar bem, dar pequenos piques, manter os músculos aquecidos”, afirmou o preparador físico, que não recomenda uso de bebida quente, comum na Europa, nem outros artifícios, apenas luvas ou uma camiseta mais grossa debaixo do uniforme oficial.

O técnico Carlos Alberto Parreira é outro que não teme pela reação dos jogadores ao frio. “Menos mal que eles atuam na Europa. Lá, jogam até com neve no campo. Penso que é melhor jogar no frio do que no calor intenso, angustiante. No frio os jogadores correm mais, disputam mais a bola, e o jogo fica até mais atraente.”

Dos 11 jogadores escalados para a partida contra o Chile apenas Luís Fabiano não é “europeu”. O atacante do São Paulo, apesar de não jogar sob baixa temperatura, não está preocupado.

“Quero ajudar a seleção brasileira vencer o Chile. Se vai fazer frio ou não, isso não me preocupa.”

A decisão de passar o jogo das 16h para 22h30 não foi exclusiva da comissão técnica do Chile, mas também da Associação Nacional de Futebolistas Profissionais (ANFP), entidade chilena que está administrando a partida.

Para vencer, Chile terá que ser “brilhante”

Santiago –

O técnico da seleção do Chile, Juvenal Olmos, reconhece que será muito complicado vencer o Brasil amanhã, em Santiago, pela sétima rodada das eliminatórias da Copa. Por isso, ele deverá preparar um time retrancado, com apenas um jogador fixo no ataque.

Olmos armou a equipe no esquema 4-3-2-1 e deverá começar a partida com Tapia; Rojas, Fuentes, Olarra e Pérez; Maldonado, Meléndez, Mark González; Pizarro e Mirosevic; Navia. Em entrevista publicada ontem pelo jornal El Mercúrio, Olmos respondeu com rara sinceridade, ao ser perguntado se, com esse time, poderia vencer o Brasil.

“Jogando bem, o Chile poderá ganhar de muitas seleções, mas para ganhar do Brasil será preciso jogar de maneira brilhante”, disse.

Os problemas de Olmos, no entanto, não se referem apenas à seleção brasileira. O Chile terá vários desfalques para esta partida. O atacante Marcelo Salas está contundido e não joga. Maurício Pinilla – que marcou o gol da vitória sobre a Venezuela – está suspenso. Patrício Galaz teve um quadro de amigdalite agravado e o zagueiro Jorge Vargaz foi cortado por contusão.

Por tudo isso, o treinador diz que não vai arriscar e quer um time forte na marcação. “Seria um erro deixar espaços para uma equipe que aproveita os espaços vazios como ninguém”, justificou ele.

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