Parreira confirma time da estréia na Copa das Confederações

Leverkusen, Alemanha – Carlos Alberto Parreira definiu ontem o time do Brasil que enfrentará a Grécia, amanhã, em Leipzig. Escalação sem mistério, apenas a impressão de que a seleção sofrerá, e muito, na estréia na Copa das Confederações. A dúvida vem do coletivo de ontem no BayArena, estádio do Bayer Leverkusen. No modorrento treino entre titulares e reservas não saiu nenhum gol, nenhuma jogada brilhante. E duas perguntas sobraram: acabou o encanto da seleção? E o Robinho pode brilhar?

Parreira respondeu que não acabou o encanto. Gostou da forma como os titulares se comportaram e até por isso antecipou a escalação dos 11 eleitos para a estréia: Dida, Cicinho, Lúcio, Roque Júnior e Gilberto; Emerson, Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Robinho e Adriano.

"Gostei do treino, o time ficou mais compacto. Os coletivos sempre são muito equilibrados. Foi ruim? No último coletivo antes de enfrentarmos o Paraguai disseram que foi um horror. Me perguntaram se gostei. Depois todos viram o que aconteceu…" Brasil 4 a 1, show de bola.

Esta é a esperança do treinador: depois de um ensaio sem brilho uma apresentação de gala. Tudo muito bonito, porém, só na teoria. No exercício desta terça ficou claro que Cicinho joga pensando em ser centroavante e por isso levou um monte de bola nas costas. Kaká e Ronaldinho ainda não encontraram o tempo certo. Robinho e Adriano distantes como o Sol da Terra.

"O Robinho precisa encostar mais no Adriano, jogar no ataque. Pedi a ele que fizesse isso no treino. Esta Copa das Confederações será um grande teste para o Robinho", antecipou Parreira. Robinho que se cuide. Arrebenta na Alemanha ou adeus lugar entre os titulares.

O craque do Santos recebeu o recado. Agora resta o jogo. A seleção brasileira deixou Leverkusen ontem à noite em vôo fretado para Leipzig. Hoje faz o treino de reconhecimento do gramado do Zentralstadion. E, amanhã, estréia contra a Grécia.

"O time deles não tem nenhum analfabeto de bola. Todos sabem jogar. Eles têm um esquema fechado, marcam pesado e são fortes nos contra-ataques sempre com três jogadores. E a jogada aérea é mortal", alerta Parreira. "Mas temos de fazer valer o nosso favoritismo. Devemos assumir e jogar como favoritos."

Ronaldinho não quer ser a estrela

Leverkusen – Ronaldinho Gaúcho não aceita o rótulo de grande estrela da Copa das Confederações. Eleito o melhor de todos pela Fifa em 2004, ele espera ser reconhecido como mais um jogador da seleção brasileira e não o astro principal da companhia. Sua missão, garante, é dar ao Brasil outro título. E antecipou que o quarteto fantástico – Kaká, Robinho, Adriano e ele – vai dar certo no torneio. Só não promete maravilhas para o jogo de estréia, amanhã, contra a Grécia, em Leipsig.

Na manhã de ontem, no Castelo de Lerbach, cenário medieval em que a CBF instalou a seleção nas cercanias de Leverkusen, Ronaldinho revelou alguns segredos da concentração, o que representa a Copa das Confederações e a ?doce vida? de ser o número 1 do mundo.

Agência Estado – Você é a grande atração da Copa das Confederações. Por onde passa, arrasta multidões. Isso aumenta a responsabilidade ou encara tudo normal?
Ronaldinho – Acho tudo muito natural. Não me vejo como a estrela. Estou feliz pelo momento que estou vivendo. Quero continuar assim e tenho certeza de que serei feliz aqui na Alemanha. Não penso ser a atração da Copa, quero é ajudar meus companheiros a dar mais um título ao Brasil.

AE – Depois do fiasco contra a Argentina, a expectativa no Brasil é pelo rendimento do quarteto fantástico. Vai funcionar?
Ronaldinho – Acredito muito neste esquema ofensivo. A nossa dificuldade é fecharmos os espaços quando o Brasil perde a bola. Se encaixarmos essa parte defensiva, a equipe vai ficar bem blindada. E lá na frente, com muita movimentação, nós quatro poderemos surpreender, decidir.

AE – Se a seleção perder e o quarteto não funcionar?
Ronaldinho – As críticas serão fortes. Isso é normal quando se perde, como é normal o elogio quando se ganha. Eu, particularmente, me sinto bem neste esquema ofensivo. Para dar certo, eu e o Kaká temos de ajudar na marcação e criar situações de gols para o Robinho e Adriano. É assim que devemos jogar.

AE – Se funcionar, podemos garantir que a seleção ficará imbatível?
Ronaldinho – A seleção brasileira não é imbatível. Temos de lembrar que estamos a um ano da Copa do Mundo, o time precisa de tempo para se ajustar.

AE – O Pelé disse que a final do Mundial de 2006 será entre Brasil e Alemanha. O Rei está certo?
Ronaldinho – Tomara que sim. Espero que seja dessa forma, que seja essa final e o Brasil consiga o título.

AE – Por falar em rei, quem é o rei ou o príncipe deste castelo na concentração?
Ronaldinho – Aqui não tem reis, nem príncipes, tem é um grupo de jogadores determinados a vencer. Formamos um grupo forte e com muita vontade de vencer sempre.

AE – O Castelo de Lerbach, cercado por um bosque e ?isolado? do mundo, não assusta? Como vocês gastam o tempo?
Ronaldinho – O conforto é grande, a tranqüilidade também. No primeiro dia (sábado), não havia nada. Agora tem bastante internet, playstation. Estamos concentrados e nos divertindo. Todos nós, jogadores, estamos acostumados com as concentrações. Não tem mistério.

Craque teme pela família

Leverkusen – ?Temo por minha família?, confessou Ronaldinho Gaúcho, em entrevista ao jornal alemão Bild, ontem. O jogador da seleção e do Barcelona está preocupado com a segurança de seus familiares no Brasil e pretende levá-los para morar com ele na Espanha.

?Meus familiares foram ameaçados de morte. E no meu país foram registrados muitos seqüestros de parentes de jogadores nos últimos meses?, afirmou Ronaldinho Gaúcho, lembrando dos casos envolvendo Robinho, Grafite, Marinho, Rogério e Luís Fabiano. ?Velar pela minha família é minha maior responsabilidade, além de jogar futebol.?

?Há três semanas trouxe comigo para Barcelona minha mãe, porque tinha medo de deixá-la no Brasil, onde o sistema de segurança é deficiente?, contou o jogador, que está atualmente na Alemanha para disputar a Copa das Confederações pela seleção brasileira. ?Minha mãe pode andar com liberdade e eu não me preocupo com nada. Por isso, trarei toda minha família para viver na Espanha.?

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