Parreira acerta com CBF e vai embora

Rio – O técnico Carlos Alberto Parreira formalizou ontem a sua saída da seleção brasileira. Em conversa com o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, ele decidiu também se desligar da entidade, da qual era contratado como funcionário desde janeiro de 2003. Deve descansar com a família até o fim do ano.

Parreira já chegou da Alemanha, depois da eliminação do Brasil nas quartas-de-final da Copa, decidido a entregar o cargo. Depois, abriu mão do plano inicial de seguir na CBF como coordenador ou executivo do futebol, ao lado do novo técnico – Paulo Autuori e Vanderlei Luxemburgo são os favoritos.

?Não tinha como ficar. Nas últimas copas do mundo que não vencemos ocorreu o mesmo. O técnico voltava para o País e saía no dia seguinte. Não havia clima para continuar. O Brasil é uma potência no futebol e, por isso, as cobranças aqui são mais intensas. Não é nenhuma novidade?, afirmou Parreira. De acordo com o treinador, o contato com Ricardo Teixeira ?foi amistoso?. ?Já conhecia muito bem o script. Quando não se ganha uma Copa do Mundo pelo Brasil, a solução é uma só,? disse.

Parreira falou que está se sentindo muito bem, ?como um cidadão comum, uma pessoa normal, com direito à privacidade?. Ele não falou sobre o desempenho do Brasil na Copa, mas ressaltou que ?o resultado de um jogo (a derrota para a França, nas quartas-de-final) não apagará uma vida de conquistas e vitórias.?

Em sua terceira passagem pela seleção brasileira, Parreira alcançou a marca de segundo treinador a dirigir maior número de jogos da equipe: foram 117, com 64 vitórias, 39 empates e 14 derrotas. Ficou atrás apenas de Zagallo, que comandou a seleção principal por 135 vezes.

Se a CBF definiu a situação de Parreira, ainda não tomou nenhuma iniciativa quanto à permanência ou não do coordenador-técnico Mário Jorge Lobo Zagallo. Ricardo Teixeira quer analisar o caso com calma, até em respeito pelo passado de Zagallo – que poderia ocupar um cargo simbólico na entidade.

O supervisor Américo

Faria e o restante da comissão técnica também aguardam decisão da diretoria da CBF.

Nota oficial

Em comunicado oficial a CBF destaca: ?o respeito que merece o treinador? com passagens na seleção brasileira marcadas por conquistas, ?a mais importante delas o tetracampeonato mundial de 1994?. No texto, Teixeira ressalta ?a trajetória vencedora de Parreira em sua última passagem pela seleção, com a conquista da Copa América 2004 (no Peru) e da das Confederações 2005 (na Alemanha)?.

Timão de olho no ex-técnico

O destino de Parreira pode ser o Corinthians. Ele treinava o clube em janeiro de 2003, quando se demitiu para voltar à seleção, depois de um ano vitorioso: o time foi campeão do Rio-São Paulo (anabolizado naquele ano) e da Copa do Brasil, e vice do Brasileiro.

O Brasil volta a jogar no dia 16 de agosto, contra a Noruega, em Oslo, e segundo as normas da Fifa, a convocação dos atletas que atuam no exterior deve ser feita até o dia 1.º de agosto.

Autuori cotado. Luxa corre por fora

Rio – Paulo Autuori é o mais cotado para assumir a seleção. Com a oficialização da saída de Carlos Alberto Parreira, o nome do novo técnico da seleção brasileira deverá ser informado até amanhã pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. E sem o fantasma de Luiz Felipe Scolari, Paulo Autuori, atualmente no Kashima Antlers, do Japão, assumiu a dianteira na disputa.

A expectativa era que no final da noite de ontem, no Brasil, o presidente da CBF entrasse em contato com Autuori no Japão. Mas o indício de que o caso ainda pode sofrer uma reviravolta ocorreu no final da tarde.

Ricardo Teixeira, até então recluso, começou a dar sinais de indecisão ao consultar interlocutores em busca de outras opções. Nessa hora veio à tona novamente o nome do técnico do Santos, Vanderlei Luxemburgo. O dirigente, no entanto, continuava reticente em aceitá-lo.

Para Teixeira, contratar Luxemburgo seria incorrer em um risco. Tudo por causa dos problemas judiciais do técnico – ele está recorrendo de uma condenação a cinco anos e três meses de prisão em regime semi-aberto, aplicada pela juíza da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, Valéria Caldi Magalhães, em julho de 2003.

Na ocasião, Luxemburgo foi considerado culpado ao omitir informação ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias – sonegação de impostos referentes aos anos de 1994, 95 e 98. Além disso, ainda repercute mal na CBF o apoio público de Luxemburgo à candidatura de Aloízio Mercadante (PT) para o governo de São Paulo. Apesar de tudo, a possibilidade de o técnico vir a comandar a seleção ainda não foi descartada.

Outras hipóteses, como a de escolher um trio de ex-atletas campeões pela seleção, chegaram a ser cogitadas pelos amigos do presidente da CBF. Mas ele hesita bastante em se arriscar numa aventura neste momento.

Com isso, crescem as chances de Autuori. Seja quem for o novo técnico, uma coisa é certa. Ele receberá uma ordem clara de Ricardo Teixeira. ?O presidente quer uma renovação total. Era, Roberto Carlos, Cafu e até o Ronaldo (Real Madrid) está condenada?, disse uma das pessoas próximas a Teixeira. Indagado do porquê da revolta do dirigente com Ronaldo, respondeu: ?ele desdenhou da seleção ao não disputar a Copa América de 2004, a Copa das Confederações de 2005 e chegou à Copa com 98 quilos. Todo mundo botou que eram 95, mas a verdade é esta!?

Por isso, o novo técnico da seleção terá que ter um perfil disciplinador, com ?pulso? para agüentar as pressões e terminar com uma Era de jogadores consagrados no time.

Correriam, também, por fora os nomes de Abel Braga, hoje no Internacional; Muricy Ramalho, no São Paulo, e até mesmo de Dunga, tetracampeão pelo Brasil na Copa de 1994, e que tem algum trânsito na CBF.

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