O zagueiro Edu Dracena ficou mais tempo no trabalho em plena sexta-feira, mas voltou para casa bem mais feliz. Assim como os goleiros Jailson e Fernando Prass, o defensor de 37 anos acertou a prorrogação de contrato por mais uma temporada e permaneceu até mais tarde na Academia de Futebol, em São Paulo, para assinar os papéis. Em entrevista exclusiva ao Estado, ele disse estar satisfeito com a renovação e explicou que em 2019 repetirá a estratégia de um trabalho mais longo de pré-temporada para evitar lesões durante o ano.

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Você ficou ansioso enquanto a renovação de contrato não saía?

Eu fiquei ansioso, mas em nenhum momento pensei que iria sair. Você cria uma expectativa de que vai ficar. Um mês e meio atrás tanto o presidente do clube (Mauricio Galiotte) quanto o Alexandre Mattos (diretor de futebol) falaram que ao término do campeonato íamos conversar. Minha família ficou muito feliz, porque estamos muito bem adaptados aqui. Quando fui assinar a renovação, eu parecia um novato que estava na frente do primeiro contrato da carreira. A minha mão até tremia (risos).

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Por que houve essa sensação especial?

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Chega um momento da sua carreira em que as pessoas acham que você não rende mais. Eu, com 37 anos, renovando com um grande clube, como o Palmeiras, e vendo a consideração que as pessoas e os dirigentes têm por mim, é algo muito especial. Eu não cheguei a ouvir outros clubes. Queria ficar aqui no Palmeiras. Vamos continuar fortes no ano que vem.

Você, o Fernando Prass e o Jailson comentavam sobre a espera para renovar?

A gente falava bastante sobre isso. Todo mundo fica apreensivo. É o futuro da sua vida, da sua carreira, da sua família. O Palmeiras é o clube onde todo mundo quer jogar. Você estar aqui e permanecer é uma honra. Se fosse sair, eu teria de me adaptar a outra equipe, ao estilo. Aqui todo mundo me conhece. Então a ansiedade bateu forte em nós três até a renovação sair. Nós ficamos muito felizes.

Para 2018 você fez uma pré-temporada mais longa e só foi jogar como titular em abril. Como será em 2019?

Nós vamos repetir a programação. A pré-temporada será mais longa também porque o ano também terá um calendário enxuto, com Copa América. O trabalho na pré-temporada ajuda bastante a gente a ter bom rendimento.

Nas férias você vai precisar fazer algum treinamento?

Nos 10 primeiros dias eu não faço nada. Eu dou um descanso para o corpo. Depois eu começo a fazer uma academia e a correr. A gente recebe uma programação. Não podemos voltar “zerados” para a pré-temporada. Eu vou para a minha cidade, lá eu sempre organizo um futebol com churrasco junto com o Rodrigo Caio (zagueiro do São Paulo). Ele é de lá de Dracena também.

Ser eliminado na semifinal da Libertadores foi a maior frustração do ano?

Nós sentimos bastante. A gente lamentou, sentiu que poderia chegar à final. Mas acredito que o ponto forte do Palmeiras foi assimilar o mais rápido possível a eliminação. Muitos times são eliminados e demoram a dar a resposta. A gente conseguiu reagir logo em seguida. Por isso o Palmeiras foi campeão.

Você ganhou o Brasileiro pela quarta vez na carreira (Cruzeiro em 2003, Corinthians em 2015 e Palmeiras em 2016 e 2018). Tem algo em comum entre os elencos de que participou?

É preciso ter um elenco diferenciado. O Palmeiras conseguiu colocar em prática essa receita, ao usar todos os jogadores. Isso foi um grande diferencial para nós neste ano.

Depois de defender o Santos e o Corinthians, a torcida não demonstrou resistência à sua chegada ao Palmeiras. Por quê?

Sempre procuro ajudar a instituição, o clube. Sempre respeito os times pelos quais passei. Não sou jogador que ganha um torcedor na fala, provocando o rival. Procuro ganhar moral com a torcida jogando bem. Por isso sou visto como quem respeita o clube em que está.

Apesar de ter renovado por mais um ano, o que você planeja para depois da aposentadoria?

Eu gostaria de ficar no meio do futebol mesmo, de passar minha experiência. O que não quero é logo início ser treinador. Quem sabe auxiliar ou dirigente. É difícil falar agora, porque estou na ativa, mas a partir do momento que sentir que vou parar, quero alguns meses antes me preparar para essa nova função.