Os quase 40 dias de treino parecem não ter valido nada para o Atlético. Numa atuação sofrível, o Rubro-Negro criou pouco, errou muito, perdeu pênalti e ficou num magro empate em 0 a 0 com o Fortaleza, ontem, na Baixada. Saiu de campo merecidamente vaiado pela torcida e com o moral baixo para o clássico com o Paraná Clube, domingo, no Pinheirão.
Se esperava um Fortaleza totalmente retraído, o Atlético surpreendeu-se já no começo do jogo. Claro que os cuidados defensivos do estreante técnico Hélio dos Anjos eram preponderantes, mas o time cearense também buscou o jogo e chegou a criar mais lances perigosos na primeira etapa.
O Atlético teve mais posse de bola, mas pecou por dois motivos. Primeiro, usou com pouca eficiência as laterais -Moreno e Cristian ainda tentaram criar alguns lances pela esquerda, mas Jancarlos e os meias que caíam pela direita nada produziam.
Em parte, um fruto da mudança de esquema tático para o 4-4-2, que exige mais presença defensiva dos laterais. Mas o principal problema foram os erros de passe na construção das jogadas -Ferreira e, especialmente, Evandro, foram os que mais entregaram bolas aos adversários. E falhando neste fundamento o Rubro-Negro permitiu ao Fortaleza usar uma arma perigosa. Mesmo sem atacantes velozes, o Tricolor de Aço saía com agilidade nos contragolpes, sempre puxados pelo esperto Jorge Mutt, outro estreante da noite.
As vaias da torcida ao final da primeira etapa dimensionam a apresentação do Atlético. ?Tivemos dificuldade para trabalhar a bola. Temos que melhorar?, pedia o técnico Givanildo, na saída para o intervalo.
Antes dos dois minutos do segundo tempo, o Atlético ganhou um alento. Jorge Mutt, que já havia recebido o amarelo, cometeu falta imprudente em Evandro e foi expulso. Mas como os erros da primeira etapa se repetiam, Givanildo mudou duas peças de uma vez, logo aos 11 minutos: Válber e Dênis Marques substituíram Evandro e Pedro Oldoni.
Os novatos deram algum ânimo ao time, que chegou com mais freqüência perto da área adversária. Mas faltava qualidade para superar a sólida retaguarda do Fortaleza, o que irritou a torcida – vaias contra a lentidão do time, contra passes para a lateral e pedidos de raça eram manifestações seguidas das arquibancadas. Mesmo abdicando do ataque e marcando com todos os atletas no campo de defesa, os visitantes levaram perigo em duas cobranças de escanteio. Numa delas, Cléber pegou cabeçada quase à queima-roupa de Finazzi.
Depois de finalizar pela primeira vez aos 31 minutos do segundo tempo, com Válber, o Atlético teve a chance de ganhar o jogo num pênalti contestado pelo Fortaleza, cometido pelo goleiro Márcio. Mas, aos 39, Herrera cobrou no meio do gol, o goleiro defendeu com os pés e o próprio Herrera perdeu o rebote com o gol vazio. Uma apresentação tão medíocre não merecia mesmo valer três pontos. ?Nosso time é uma bosta?, e ?ão, ão, ão, tá pior que a seleção?, decretou a irritada torcida rubro-negra.
CAMPEONATO BRASILEIRO
ATLÉTICO-PR 0X0 FORTALEZA
Atlético
Cléber; Jancarlos, Danilo, João Leonardo e Moreno; Erandir, Cristian, Evandro (Válber) e Ferreira (Herrera); Neto Baiano e Pedro Oldoni (Dênis Marques). Técnico: Givanildo Oliveira
Fortaleza
Márcio, Ivan, Alan, Glauber, Mazinho Lima (Ramalho), Dude, Wendel, André Cunha, Jorge Mutt, Nunes (Anderson) e Finazzi. Técnico: Hélio dos Anjos.
Súmula
Local: Joaquim Américo
Árbitro: José Henrique de Carvalho (SP)
Assistentes: Evandro Luis Silveira (SP) e Márcio Luiz Augusto (SP)
Cartões amarelos: Ferreira (CAP) Cartão vermelho: Jorge Mutt
Giva nem liga mais pro coro da torcida pedindo sua saída
Um côro adormecido nos últimos jogos do Brasileirão ecoou novamente na Baixada após a má jornada do Atlético. O ?fora Givanildo?, porém, nem incomoda mais o alvo das críticas. ?Já estou acostumado com isso?, falou o técnico rubro-negro.
Givanildo lamentou mais a ausência dos dois principais cobradores de pênalti -Evandro e Ferreira, sacados no segundo tempo – quando o Rubro-Negro teve a maior chance de gol na partida. ?Você veja como é o futebol. Evandro e Ferreira não estavam mais e então chamei o Danilo. Mas o Herrera pôs a bola debaixo do braço, estava confiante e bateu?, murmurou, sobre o pênalti desperdiçado pelo colombiano.
Para Givanildo, o time não fez por merecer a vitória. ?Com um homem a mais é preciso trabalhar, coisa que não fizemos. Até nas partidas que perdemos, contra São Caetano, Inter e Goiás, criamos situações de gol. Sofremos por causa disso?, falou o treinador, que se recusou a comentar a ausência de Dagoberto no improdutivo ataque atleticano – o treinador assumiu a responsabilidade por sacar da equipe o atacante, metido numa briga judicial com o clube. Já o zagueiro Danilo disse ter concordado com as vaias da torcida e classificou o futebol apresentado pela equipe de ?ruim?. ?Demos dois ou três chutes a gol.
É muito pouco para quem teve um jogador a mais em todo o segundo tempo?, falou. No clássico com o Paraná Clube, domingo, às 18h10, no Pinheirão, o treinador terá de volta o zagueiro Alex e o volante Alan Bahia, que estavam suspensos. Givanildo deu a entender que voltará a usar o esquema com três zagueiros (?o time estava acostumado a jogar assim?). Neste caso, Evandro, Ferreira ou um dos atacantes deixará a equipe.