Ezequiel Eli Pinheiro e Maria Célia Teixeira Barros querem deixar de uma vez por todas o preconceito para trás. Para ambos, completar os 42.195m da 9.ª Maratona de Curitiba, amanhã, não significa apenas uma conquista esportiva, mas uma forma de vencer suas limitações. Ele, paraplégico, competirá entre os cadeirantes. Ela, deficiente visual, correrá guiada pelo marido, Antônio de Barros, que tem apenas 10% de visão.

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"O esporte é um grande aliado para a pessoa com deficiência tornar-se recordista e ser reconhecida. Nossa participação será mais uma oportunidade para divulgar a importância do apoio e do investimento na carreira dos paratletas", diz Ezequiel.

A Secretaria Municipal do Esporte e Lazer estima que, além dos dois, um grupo de dez pessoas participe do pelotão especial da Maratona. No ano passado foram nove homens e quatro mulheres. A largada da categoria será às 7h20, na praça Nossa Senhora da Salete, no Centro Cívico, depois do pelotão das mulheres e 10 minutos antes do dos homens. A maioria dos paratletas virá de outras cidades e ficará alojada na praça Plínio Tourinho.

Aos 35 anos e considerado o segundo melhor do ranking mundial na categoria P 52 -modalidade na qual os cadeirantes utilizam apenas uma das mãos para movimentar a cadeira adaptada para a prova -, Ezequiel está treinando pesado para conseguir, durante a Maratona de Curitiba, quebrar o seu próprio recorde em provas longas. Seu melhor tempo, 2h15min, foi marcado em setembro, na Maratona de Florianópolis.

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"A característica da prova curitibana é o número de subidas", explica Ezequiel. Para vencer o que ele considera sua maior dificuldade, concentrou seu treinamento, realizado três vezes por semana, nesta parte de percurso.

Ezequiel participa da prova, desde a primeira edição, realizada em 1997.

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"O que falta aos paratletas são empresas interessadas em patrocinar o esporte", afirma Ezequiel, que utilizará durante a prova uma cadeira adaptada que ganhou como prêmio da Global Loterias, depois de vencer o desafio de completar, em 12 horas, os 120 quilômetros que ligam Ponta Grossa a Curitiba.

Guiada

Determinação e o desejo de melhorar as oportunidades oferecidas às pessoas com deficiência visual são as razões que levarão a telefonista Maria Célia Teixeira Barros, 43 anos, a correr a prova, guiada pelo marido, Antônio de Barros, que tem apenas 10% de visão.

"É preciso ter coragem para dar o primeiro passo. Sem ele não é possível chegar ao 42.º quilometro", diz Maria Célia. Cega desde a infância, ela começou a correr há mais de 20 anos, mas só há quatro participa da Maratona de Curitiba. "Na primeira vez não consegui finalizar a prova, parei no 39.º quilometro. De lá para cá, melhorei muito meu condicionamento", relata.

A parte mais difícil, segundo Maria Célia, é encontrar gente disposta a servir de guia. "Tenho a sorte de contar com meu marido, que passou a correr para me guiar. Este é o tipo de apoio que as pessoas podem oferecer aos deficientes visuais", ressalta.