Paranaense 2005 repete a guerra entre capital e interior

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Verdão entra como favorito, lutando pelo tricampeonato.

O pontapé inicial da 91.ª edição do Campeonato Paranaense será dado hoje, quando os 16 times da Série Ouro iniciam a luta pelo título de 2005. Como acontece há alguns anos, o favoritismo mais uma vez recai sobre os times da capital, Atlético, Coritiba e Paraná. Mesmo que o Tricolor tenha lutado contra o rebaixamento até as últimas rodadas em 2004 e 2003 e o Atlético entre em campo com uma equipe alternativa (os titulares estarão na Libertadores), o trio-de-ferro mais uma vez terá mais capital de investimento para manter os elencos. A parte mais gorda das cotas de televisão e do patrocinador master, vai para as três equipes.

Mas engana-se quem pensa que as equipes do interior se conformam com o papel de meras coadjuvantes. O terceiro lugar conquistado pelo Cianorte em 2004 animou a turma do interior, que conquistou a primeira vitória ainda no arbitral da competição.

Insatisfeitos com as bilheterias fracas na primeira fase do Paranaense de 2004, os clubes interioranos se uniram para enterrar a disputa entre as chaves Norte e Sul. A fórmula que dividia os times conforme a proximidade geográfica desagradou, pois não enfrentou nas fases iniciais os três grandes, responsáveis por chamar público aos estádios.

Num rompante "criativo", os dirigentes chegaram a um acordo por uma fórmula curiosa, que poderá resultar numa decisão de título nas penalidades, o que não ocorre desde 1978. (Veja a fórmula no quadro).

Preparação

As equipes que entram na briga pelo título tiveram preparações distintas. Coritiba, Atlético e Paraná, que disputaram o Brasileirão até o dia 19 de dezembro, começaram a definir os elencos para o Estadual no último mês do ano.

Na busca pelo tricampeonato, o Coxa não traz novidades apenas no elenco, cujo líder promete ser o meia Marquinhos, ex-Paraná. Os alviverdes mudaram de endereço. Devido à reforma no gramado do Couto Pereira, os mandos do Cori serão no estádio Willie Davids, em Maringá.

O Atlético, obstinado em fazer bonito na disputa da Libertadores, vai colocar em campo no estadual o chamado "Ventania", um time alternativo, que será comandado pelo técnico Lio Evaristo. O recém-contratado Casemiro deve ficar envolvido no projeto Libertadores.

A fim de apagar a péssima impressão deixada nos dois últimos estaduais, quando lutou até as últimas rodadas para não cair para a Série Prata, o Paraná manteve três nomes que fizeram a diferença no Brasileirão: o técnico Paulo Campos, o zagueiro Émerson e o goleiro Flávio, que fez que ia, mas não foi.

Já as equipes sem calendário nos últimos meses de 2004 se anteciparam.

O estreante na Série Ouro, Engenheiro Beltrão, colocou a turma para treinar ainda em novembro, como a maioria das equipes do interior. O Londrina, rebaixado para a Série C do Brasileirão, reformulou praticamente todo o elenco e busca apagar a má impressão do Nacional com uma boa campanha no Paranaense. O Cianorte, sensação que terminou em terceiro no ano passado, também fez um planejamento cuidadoso para buscar o título. O discurso de todos é o mesmo: brigar pelo título, sem aquele papo de "fazer uma boa campanha". Apesar de sempre desprezado, o Campeonato Estadual ainda é comemorado no final por causa da rivalidade caseira. Principalmente quando estão em jogo o bi ou o tricampeonato, como é o caso do Coxa. É esperar para ver.

Candidato a destaque

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Marquinhos tem a responsabilidade de conduzir o Coxa ao tricampeonato.

O Coritiba entra neste Campeonato Paranaense com muitas caras novas. Uma delas é bastante conhecida das torcidas da capital. O meia Marquinhos reaparece na competição estadual após dois anos – sua última participação foi em 2003, pelo Paraná Clube. Guindado à condição de principal jogador alviverde, ele sabe da responsabilidade pessoal e também a do time, que luta pelo tricampeonato estadual. Nesta conversa com o repórter Cristian Toledo, da Tribuna, Marquinhos fala do entrosamento com os novos companheiros, e do objetivo coxa para este Paranaense.

Paraná-Online – Depois de quatro treinos coletivos, pode-se perceber evolução na equipe?
Marquinhos – O entrosamento está sendo aperfeiçoado, e já está perto do ideal. A gente está trabalhando forte, intercalando treinos físicos, técnicos e táticos e estamos percebendo a melhora do time a cada dia. Isto deixa a gente confiante para a estréia contra o Engenheiro Beltrão.

Paraná-Online – Você é uma das peças que se encaixaram em um esquema já montado. Como foi a sua adaptação?
Marquinhos – Tranqüila. Depois de alguns anos como profissional, passando por várias equipes, eu aprimorei meu estilo e facilitei o entendimento dos sistemas táticos. Assimilei o esquema do professor Antônio Lopes e o time está encaixado. Eu tenho uma função diferente neste sistema, até porque o meio-campo é formado por três jogadores – eu, o Capixaba e o Brum. Mas não há nada de complicado, temos que jogar bem para sair vencendo a primeira partida.

Paraná-Online – Você, apesar de jovem, tem experiência. Mas ao teu lado estará um jogador com muita rodagem, que é o Capixaba. Além disso, ele foi a referência técnica do Coritiba ano passado. Vocês se entenderam bem?
Marquinhos – O melhor possível. No jogo-treino a gente conseguiu fazer gols e se entender. E o importante é que estamos criando as jogadas de ataque, que é a nossa responsabilidade. Eu estou tranqüilo, a equipe toda é muito boa, entende o que o Lopes passa e facilita o trabalho de todo mundo dentro de campo. Assim a gente fica mais seguro para fazer o que sabemos, que é jogar futebol. Com essas características e o futebol de alto nível dos meus companheiros, espero que já na primeira partida a gente mostre tudo que pretende fazer no Paranaense.

Paraná-Online – Como é o Coritiba encarar um campeonato estadual?
Marquinhos – Acho que a gente entra na competição defendendo um bicampeonato e lutando pelo tri. Esta é uma bagagem que a gente leva e também um peso. Todos sabemos que o Coritiba é um time grande, tem tradição e precisamos mostrar isso dentro de campo. Estamos prontos para isso, a cobrança vai existir e temos certeza que vamos atingir nosso objetivo.

TVs transmitem o estadual

Em 2005, as transmissões do campeonato paranaense não estarão acessíveis apenas àqueles que dispõem de TV a cabo. Após um ano sem acordo, a RPC assinou contrato para transmitir os jogos do estadual por um valor aproximado de R$ 500 mil.

Além da RPC, outra emissora vai transmitir os jogos, mas exclusivamente para os torcedores do interior. No ano passado, a Paraná Educativa fechou um esquema diferenciado com os clubes que disputavam o estadual. Com a exclusividade concedida à NET (TV por assinatura), a emissora estatal exibia os vídeo-teipes das partidas tão logo as transmissões ao vivo se encerravam. Os curitibanos também tinham acesso aos VTs.

Este ano, o acordo firmado entre a Paraná Educativa e a Ethisports, empresa de marketing que gerencia as cotas comercias do paranaense, prevê transmissões ao vivo, menos para Curitiba. "Com dias e horários alternativos, quintas e sábados (a exceção é abertura do campeonato, hoje), as transmissões não serão feitas para a capital, já que o contrato de exclusividade em Curitiba é com a TV Paranaense", revela Ocimar Bolicenho, da Ethisports. Além de alcançar todo o interior, os satélites da Paraná Educativa atingem ainda todo o Brasil e alguns países da América do Sul. Na abertura do estadual, os torcedores do interior poderão assistir à partida Paraná x Roma, às 19h. Quanto às emissoras de TV a cabo, Bolicenho não descarta a possibilidade de acertar um contrato à parte.

Cotas

A Ethisports dividiu o patrocínio do campeonato em vários tipos de cotas. A mais cara, denominada patrocínio master, ficou com a empresa de telefonia celular Claro, que no ano passado patrocinou os times paranaenses no campeonato brasileiro. "Por ora, é o patrocínio que temos assinado. Mas com as definições das emissoras de televisão, certamente teremos mais patrocinadores", diz Bolicenho.

Atlético continua tendo o ingresso mais caro

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Preços na Baixada serão os mesmos do campeonato brasileiro.

O Campeonato Paranaense pode não ter os mesmos atrativos do Brasileirão, mas as equipes da capital não querem pensar em prejuízos. Após algumas reuniões nos bastidores, ficou decidido que as três equipes não poderão cobrar menos que R$ 15,00 pelo ingresso do Estadual. As exceções, é claro, são os ingressos destinados aos maiores de 65 e estudantes. Eles poderão pagar R$ 7,50. No Interior, o piso do ingresso é R$ 10,00, com meia-entrada custando R$ 5,00.

Com o teto liberado, o Atlético já anunciou que vai manter os preços dos ingressos do Nacional. Ou seja: o ingresso mais barato , nas retas dos fundos, custará R$ 20,00 – o meio é R$ 10,00. Nas curvas, custará R$ 25,00 e na reta da Getúlio, R$ 30,00. Mas a social, acima, custará R$ 0,00.

Brigando constantemente contra as baixas médias de público, o Paraná deixou o ingresso mais barato, a R$ 15,00, e mulheres, sócios e menores de 12 anos também pagam meia. Já o Cori, que mandará seus jogos em Maringá, devido às reformas no gramado do Couto Pereira, cobrará R$ 10,00, inicialmente. Idosos, estudantes, mulheres e menores de 12 anos pagarão meio-ingresso.

Públicos

Desde que o Paranaense passou a ter os públicos de seus jogos registrados, a partir de 1963, a média histórica da competição é de 3.045. Neste novo século, só em 2001 o Estadual superou essa marca: média de 3.402 torcedores. Para 2005, o presidente da Federação Paranaense de Futebol se mostra otimista. "Estamos fazendo o campeonato mais organizado dos últimos anos e os clubes do interior prometem vir fortes. Isso vai tornar a disputa mais competitiva e atrair o público", prevê o dirigente.

Entretanto, na análise fria da situação, a coisa muda de figura, especialmente em relação à dupla Atletiba, que tem as melhores médias da história do Estadual. Na final de 78, houve o registro de recorde, com 55.952 torcedores no Couto.

O Coritiba, pela primeira vez desde que o Couto Pereira existe, vai mandar toda a competição em Maringá, no Willie Davids. O Atlético, para não repetir o vexame na Libertadores de 2002, quando estafou os atletas forçando-os a disputar também o Estadual, vai colocar em campo um time alternativo, o Ventania, que certamente atrairá menos torcedores à Arena.

TJD promete maior rigor

Os clubes paranaenses que iniciam a disputa do Estadual a partir de hoje que se cuidem. O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná promete ser tão ou até mais rigoroso do que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) foi durante o Campeonato Brasileiro de 2004. Com a entrada em vigor do novo Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), a turma comandada pelo presidente do STJD, Luiz Zveiter, não teve piedade e penalizou vários clubes, especialmente por incidentes ocorridos nos estádios brasileiros. Jogadores e treinadores também pagaram alto pela indisciplina, com multas altas e suspensões longas.

O presidente do TJD-PR, Bôrtolo Escorsin, promete seguir as regras disciplinares à risca. "O futebol é um espetáculo e temos que contribuir para que seja uma espetáculo cada vez mais disciplinado, dentro e fora de campo", diz, lembrando que a segurança dos torcedores, pregada pelo Estatuto do Torcedor, tem de ser garantida. "As famílias têm que ter tranqüilidade nas arquibancadas."

Para cumprir à risca o projeto, Escorsin reuniu auditores e procuradores do TJD justamente para repassar os principais pontos do CBJD. "Todos estão conscientes, mas reforçamos o tema antes da abertura do campeonato paranaense."

Na opinião de Escorsin, os exemplos severos de punição ocorridos no Brasileirão – Santos e Grêmio foram as equipes que mais perderam mandos de campos pelo mau comportamento da torcida -, serviram de exemplo. "Acredito que clubes, dirigentes e os próprios torcedores estejam mais conscientes. Na parte disciplinar, que prevê multas e suspensões altas, os jogadores também estão, certamente, mais atentos. Estamos no caminho certo da moralização do futebol", conclui.

Coritiba e Império "fora de casa"

Armindo H. Berri

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O Willie Davids, em Maringá, será
a casa do Coxa no estadual.

O campeonato paranaense deste ano marca um fato inédito na história dos estádios do Paraná. Pela segunda vez desde que inaugurou o Couto Pereira, em 1932, o Coritiba mandará jogos pelo certame fora do Alto da Glória.

A primeira vez foi em 1958, quando as obras do então Belfort Duarte obrigaram o Coxa a sair de seus domínios e (acredite!), mandar a maioria dos jogos no velho estádio Joaquim Américo. Na reinauguração do Belfort, perdeu por 3 a 1 para o Atlético, valendo pela mesma competição.

Este ano, por causa da troca do gramado do Couto Pereira, o clube adotou o Willie Davids, de propriedade da prefeitura de Maringá, como sua casa, mandando inicialmente cinco jogos na primeira fase. Os dois clássicos contra o Paraná e a estréia, hoje, contra o Engenheiro Beltrão, estão programados para o Pinheirão. A previsão do Cori é de voltar a jogar no Alto da Glória em maio.

A promessa do prefeito da Cidade Canção, é que a adaptação do Willie Davids estará pronta em dez dias. O estádio será pintado de verde e branco. Mandar jogos fora de seus domínios com certeza prejudicará a média de público, que nos últimos dez anos, foi líder em oito deles.

"Caranguejão"

Por coincidência, o Rio Branco, o segundo clube mais antigo entre os 16 participantes do estadual, fundado em 1913, também marcará história no certame deste ano. Depois de nove décadas no seu tradicional Nelson Medrado Dias, o Leão da Estradinha sairá do endereço antigo para mandar os jogos mais importantes no Gigante do Itiberê, batizado de "Caranguejão" no litoral, com capacidade para 20 mil pessoas.

Em situação mais complicada está o Império de Futebol, que já foi Império do Atleta e Império Toledo. Depois de conquistar o vice-campeonato da Série Prata jogando no estádio 14 de Dezembro, em Toledo, começará o campeonato jogando na Vila Olímpica do Boqueirão, de propriedade do Paraná Clube.

Mas nem a federação tem certeza do local dos outros jogos. Há informação de que empresários de Toledo querem que o time volte à cidade. O Paraná Clube manteve o Pinheirão como sua casa, descartando completamente a possibilidade de utilizar a Vila Capanema para jogos oficiais.

Código deixa os estádios "encolhidos"

O mapa dos estádios do Paraná mostra uma nova realidade para o Estadual. Todos eles tiveram sua capacidade reduzida, em função das exigências feitas pelo Ministério Público e Polícia Militar, em troca da maior segurança para o torcedor.

Para todos os jogos, a Comissão de Vistorias da FPF, além de providências específicas para cada estádio, exigiu quatro itens básicos para todos eles:

1) equipamentos de prevenção contra incêndios (exigência do Corpo de Bombeiros); 2) espaço reservado para a diretoria do visitante; 3) cumprimento de todos os ítens que garantam segurança da torcida; 4) revisão nas medidas oficiais do campo e das traves.

Outros quatro jogos na rodada

Dois modelos de preparação confrontam-se hoje, às 16h, no estádio Emílio Gomes, em Irati, pela primeira rodada do paranaense 2005: o do Iraty, que manteve a base que disputou a Série C do Brasileirão, e o do Nacional de Rolândia, que teve que reconstruir o elenco. A partida abre as disputas do grupo A.

Mais tarde (20h30), pelo mesmo grupo, o Rio Branco estréia no campeonato diante do Cianorte. O jogo marca a estréia do estádio Fernando Chabub, o "Caranguejão??, onde o Leão vai mandar alguns dos jogos do estadual.

O tradicional União Bandeirante e a Adap de Campo Mourão, que entrou na primeira divisão há apenas dois anos, se enfrentam hoje, na rodada de abertura do campeonato paranaense. O jogo, que começa às 16h, em Bandeirantes, é o primeiro oficial dos dois times desde março do ano passado (ou seja, há dez meses).

Se pretende esquecer o vexatório semestre passado, quando foi rebaixado no brasileiro da Série B, o Londrina tem como tarefa vencer o Francisco Beltrão, hoje, às 20h30, no VGD, pela primeira rodada do paranaense 2005. O adversário, um dos últimos a iniciar a preparação para o estadual, fica satisfeito com um empate.

Já o modesto Beltrão, isolado representante do sudoeste, aposta em remanescentes de temporadas passadas como o goleiro Cássio e o volante Dino, os mais experientes em meio a vários ex-juniores. A novidade não joga: o treinador Rui Scarpini, ex-Ituano.

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