Vila Capanema, sexta-feira, 48 minutos do segundo tempo. A vitória sobre o Juventude estava garantida, o resultado era importantíssimo para o Paraná Clube. Três pontos que deixaram o time na quinta colocação na Série B do Campeonato Brasileiro, a apenas três do G4 e no melhor momento do time na competição. Mas o jogo ainda não havia acabado, o Tricolor tinha acabado de roubar a bola, Renatinho estava puxando o contra-ataque.
Quando o R10 olhou para frente, deve ter se lembrado daquela tarde de fortíssimo calor em Cornélio Procópio. Ele estava em campo naquele 19 de fevereiro, no estádio Ubirajara Medeiros. Era apenas a quinta rodada do Campeonato Paranaense, eram apenas dez minutos de jogo quando Vítor Feijão pisou em um buraco do gramado e torceu o joelho. Na hora quem viu o lance sabia que a lesão era grave. Foi um rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo.
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Era um filme que estava passando na cabeça de Renatinho quando ele olhou para frente e viu Vítor Feijão arrancar livre. Também de muitos torcedores do Paraná, que têm no atacante de 21 anos uma das esperanças para o futuro do clube. E principalmente na cabeça de Vítor. “Quando o Lisca me chamou, eu achei que era mentira”, contou o jogador, relatando o momento em que foi acionado para substituir Robson.
Ele entrou aos 40 minutos. Até ali, a partida tinha sido complicada para o Tricolor. O Juventude marcou muito, fez muitas faltas e dificultou a vida dos donos da casa. O primeiro gol só saiu na etapa final, numa cobrança precisa de falta de Renatinho, que achou Alemão livre na área. A tensão explodiu, e Gabriel Dias e Diego Felipe foram expulsos. Foi nesse ambiente que Vítor Feijão voltava a campo após seis meses de recuperação.
A bola ainda estava com Renatinho, e todo o estádio esperava aquele passe para Vítor. “É um menino de ouro. Todo mundo sabe que é um jogador muito forte no um contra um. Foram seis meses, eu acompanhei a transição dele. Ele ainda tem um pouco de dificuldade no gesto, na soltura. É normal, foi uma lesão no joelho”, disse Lisca, que também queria o lançamento para o garoto.
A bola saiu. E aí Vítor Feijão viu passarem como um raio os seis meses de agonia e recuperação. “Eu nunca tive uma lesão tão séria. Quando recebi o resultado do exame falando que rompi, foi o choque”, disse. Nessa hora, ele contou principalmente com a ajuda da esposa, Stephanie. “Foram seis meses bem difíceis, quero agradecer a minha esposa, minha família”, completou o atacante paranista.
Ele já estava com a bola. A lesão havia passado, a cirurgia, a recuperação, a volta aos treinos, a convocação para o jogo, o susto em ser chamado por Lisca. O filme que todo mundo viu passar em instantes tinha que ter um final feliz. E aconteceu. Vítor Feijão recebeu, venceu a marcação na velocidade, deslocou Matheus, fez o gol. Festejou. Chorou. “Só tenho a agradecer ao departamento médico do Paraná. Estou feliz pela oportunidade. Não tenho como explicar. Essa noite é muito especial. Quero oferecer o gol para minha família que está vindo, a Antônia. Que eu faça muitos gols para ela e para o Paraná”, festejou.
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A comemoração teve bola na barriga para homenagear a filha e a esposa e um frenesi no banco de reservas e nas arquibancadas. Que seguiu após o apito final, quando Lisca e Vítor comemoraram juntos, no meio do campo. “Quando o Lisca chegou, já foi falando de detalhes que haviam acontecido e deu para ver que era um cara estudado. Eu busquei meu espaço durante os treinos junto dos meus companheiros e conquistei a confiança dele”, elogiou o jogador.
Foi uma noite especial, em que o 2×0 do Paraná sobre o Juventude foi muito importante, mas que se tornou o pano de fundo para uma história de recuperação pessoal. A história de Vítor Feijão, que saiu da pior lesão da carreira para voltar e marcar seu primeiro gol como profissional. “Foi um período muito complicado, mas eu só posso agradecer por tudo que está acontecendo”, finalizou o atacante.