Erton Coelho Queiroz. Mesmo sem ter visto o Paraná Clube, o dirigente é um dos maiores nomes da história tricolor. Presidente do Pinheiros no maior momento da história do clube, morreu aos 47 anos, a dois anos da criação do Paraná, quando tinha sido reeleito para seu terceiro mandato. Em homenagem ao seu legado, recebeu o nome de um estádio. A Vila Olímpica do Boqueirão, que nesta quarta (7) completa 33 anos revivendo uma antiga tradição dos tempos de Erton – fazer daquele local um espaço formador de talentos.
Quando Erton chegou ao Pinheiros, havia pouco patrimônio e o futebol amargava a segunda divisão paranaense. Nada que lembrasse a história do Água Verde. Mas ele conseguiu tirar o clube da crise, apostando em um estádio próprio e na revelação de atletas. Da Vila Olímpica, surgiram jogadores como Cuca, Serginho, Ribamar, Roberson, Sérgio Luís, Marquinhos Benato, Jatobá, Maurício e Norberto.
Todos passaram pela Vila Olímpica do Boqueirão – que só ganhou o nome de Erton Coelho Queiroz após a morte do dirigente. O estádio foi inaugurado numa quarta-feira chuvosa, 7 de setembro de 1983, vitória do Pinheiros sobre o Coritiba por 1×0, gol de Toninho Vieira.
De lá para cá, o estádio recebeu finais de Campeonato Paranaense (em 1988 e 1997), foi o palco principal do Pinheiros e do Paraná Clube e por vários períodos ficou esquecido, abandonado. Agora, a diretoria tricolor quer ‘reconstruir’ a história da Vila Olímpica. O primeiro passo foi mudar a forma da captação de jogadores. Desde o início do ano, o clube aboliu o sistema de alojamentos e recebe apenas atletas cujas famílias vivem em Curitiba e Região Metropolitana.
Por ser um local de fácil acesso, o estádio agora centraliza o trabalho da base, enquanto o time profissional seguiu para o Ninho da Gralha. A formação de atletas é uma das premissas do empresário Carlos Werner, principal investidor do Paraná e hoje o homem forte do clube. Graças a ele e outros parceiros é que a Vila Olímpica tem aparelhagem mais moderna, mesmo que a aparência externa do local seja de descuido.
Para dar uma ajeitada na casa, foram necessários R$ 300 mil reais de investimento inicial e mais R$ 100 mil por mês para a manutenção. O gramado do campo principal, onde os times de base mandam jogos, foi trocado; os dois campos auxiliares estão bem conservados; os vestiários foram modernizados; e os espaços de academia de musculação, departamento médico e fisioterapia, revitalizados.
“O Ninho ficava um pouco longe para nós e por isso retomamos a base no Boqueirão, até porque nossos atletas são de Curitiba”, reforça o diretor da base, Ricardo Lima. “Não é uma maravilha, mas hoje temos uma base reestruturada, com tudo o que precisa. Estamos formando atletas de alto nível”, completa Lima, numa frase que encheria Erton Coelho Queiroz de orgulho.
Patrimônio
Apesar de ter até sido leiloada em 2015, a sede da Vila Olímpica é uma “garantia” de patrimônio do Paraná Clube. Em junho de 2015, por causa de dívidas trabalhistas do clube, o espaço chegou a ser arrematado em leilão por R$ 11,65 milhões. Em outubro do mesmo ano, o leilão foi anulado e o Tricolor retomou a posse da propriedade.
A agremiação sustenta que o espaço no Boqueirão é inalienável, ou seja, não pode ser vendido ou leiloado para pagamento de dívidas trabalhistas. Desta maneira, na maior parte das demandas judiciais o Paraná oferece agora a sede social da Kennedy como garantia para os credores.
Isto distingue a Vila de todos os outros bens do Tricolor, que estão envolvidos em disputas jurídicas. Diante da possibilidade de perda de posse da Vila Capanema para a União, a Vila Olímpica é tratada ainda internamente como possível alternativa para o clube no futuro. (Com reportagem de Julio Filho)