O elenco do Paraná se reapresenta hoje para iniciar os seus trabalhos de pré-temporada. O objetivo principal segue o mesmo dos últimos nove anos: voltar para a Série A do Brasileirão. Para isso, no entanto, o time terá que encarar novamente o desafio de começar um trabalho praticamente do zero. Técnico novo, diretor novo, jogadores novos.
A questão que se apresenta aos torcedores em 2017 é: como esperar uma temporada diferente se insistem em cometer os mesmos erros de sempre? A resposta está com a diretoria do Tricolor.
As primeiras ações não mostraram a mudança de mentalidade prometida e os erros se repetiram à exaustão em 2016. Após assumir o time com um discurso de renovação e reestruturação completa, o atual grupo encabeçado por Leonardo Oliveira, um dos articuladores da renúncia do ex-presidente Rubens Bohlen, patinou em seu primeiro ano.
O grande equívoco da temporada foi a falta de convicção. A demissão ainda mal explicada do técnico Claudinei Oliveira logo após o início da Série B escancarou a fragilidade do comando do time. Outras trocas de treinadores aconteceram ao longo do campeonato, o grupo perdeu a força, os atrasos salariais que tinham acabado no começo do ano voltaram com tudo, tirando o foco do elenco, e a salvação de um vexatório rebaixamento para a Série C veio apenas faltando duas rodadas para o fim.
Após a demissão do treinador Roberto Fernandes e do diretor de futebol Hélcio Alisk, a diretoria apresentou Wagner Lopes para comandar o time e Rodrigo Pastana, emergente executivo de futebol, para conduzir a montagem do grupo. Além deles, Tcheco assumiu a gerência de futebol para alinhar a integração de todas as categorias de formação e filtrar as demandas do elenco para a diretoria.
As mudanças surtiram efeito no resgate da confiança do torcedor. Aparentemente mais organizado e profissional, o time também anunciou uma mudança de filosofia na renegociação de contratos e busca por reforços. Com teto salarial reduzido, emprestou ou dispensou jogadores (sem ônus) e lançou-se ao mercado para buscar atletas que compartilhem dos novos ideais.
Jogadores bem pagos e trazidos como soluções em 2016, como Nadson, Válber e Lúcio Flávio, já acertaram suas saídas. O processo de reformulação do grupo continua e tem novidades diárias. Na outra via do mercado da bola, o Tricolor já confirmou as contratações do goleiro Léo (ex-São Paulo), dos laterais Igor e Júnior (ambos vindos do ASA), além do meia Alex Santana (que estava no Guarani).
O diretor Rodrigo Pastana também negocia novos contratos para talentos das categorias de base, bem como a renovação de alguns jogadores que interessam para os próximos anos. Entre eles está o goleiro Marcos, ídolo da torcida, que completa 41 anos em 2017 e deve encerrar sua carreira no Tricolor.
Ao montar um time totalmente novo (de novo) o Paraná espera, sim, fazer diferente. Wagner Lopes chega com moral e carta branca para conduzir o futebol, em tese, durante toda a temporada. Com calendário cheio em 2017 (pode fazer até 72 jogos se chegar a todas as finais que pode disputar, no Campeonato Paranaense, Copa do Brasil e Primeira Liga, além da Série B) o time terá muito trabalho em pouco tempo. A necessidade de um grupo comprometido se faz ainda mais necessária.