Não tá fácil para o Paraná se aproximar da área dos adversários nesta Série B. Sem um “garçom”, aquele meia que num passe deixa o companheiro na cara do gol, o time fica dependente dos arremates de média distância. E, por sinal, o Tricolor tem feito um número fora do comum de golaços de fora da área.
Até agora o time registra apenas três assistências para gol nessa Série B. Detalhe que duas delas foram feitas pelo volante Éder, que está suspenso e não poderá enfrentar o Criciúma amanhã, na Vila Capanema – Éder era um dos únicos jogadores do Paraná a atuar em todas as partidas da Série B (resta só Washington). O atacante Paulo Henrique deve ser o substituto. A outra assistência foi feita pelo atacante Fernando Viana.
Quem desempenhava esta função no Paraná era Lúcio Flávio, que não acertou sua renovação de contrato e foi para o Coritiba.
Compactas
“Nós fazemos muitos trabalhos de jogada, de movimentação. Só que as vezes chega no jogo e fica difícil de fazer nas circunstâncias da partida”, argumenta o zagueiro Luiz Felipe sobre a ausência de assistências. “As equipes hoje em dia no campeonato estão bem compactas. Está difícil mesmo, dificulta para a gente. Da mesma forma que está difícil para os outros times entrar na nossa defesa. Mas temos que continuar tentando da mesma forma como eles tentam”, acrescenta.
Solução
“Nós temos que trabalhar mais a bola. Se isso acontecer poderá ter mais assistências, mais jogadas ensaiadas, que vão somar aos golaços que temos feito de fora da área e ajudado a equipe”, opina o goleiro Wendell.
Bola parada não assusta mais
Contra o Criciúma, o Paraná quer provar que está curado da “síndrome da bola parada”, um problema da equipe no início da temporada. Até a quarta rodada do Brasileiro, quando perdeu para o Bahia no final de maio, a equipe paranista tinha sofrido 10 dos 19 gols no ano em jogadas desse tipo. Um transtorno que não ocorreu mais na
sequência.
“Nós melhoramos bastante do começo do campeonato. Estávamos tomando muito gol de bola parada, tivemos algumas falhas e agora acertamos. Nós trabalhamos mais onde estava o defeito”, valorizou o goleiro Wendell.
A preocupação para a próxima partida faz sentido. No último jogo dos catarinenses, contra o América-MG, um dos gols do Criciúma no empate por 2×2 ocorreu justamente na cobrança de escanteio que o zagueiro Fábio Ferreira desviou de cabeça. Um lance que os jogadores paranistas não gostariam de rever na Vila Capanema na sexta-feira.
“O Criciúma é um time que cruza muita bola na área também”, avisa Wendell. O zagueiro Luiz Felipe reforça os pedidos de atenção. “Nós temos de tomar cuidado nos 90 minutos, não pode desligar. Se eles têm a bola parada boa, nós temos de trabalhar, focar nisso e ficar atento para não ser surpreendido”, diz o defensor.
Conselho para os mais jovens
Enquanto não retorna ao time titular, o goleiro Marcos assume o papel de conselheiro dos demais atletas. Além de orientar os mais jovens e comandar os encontros religiosos do plantel ao lado do volante Washington, ele ajuda a manter o astral alto na Vila Capanema.
O convívio é tão harmonioso que permite até brincadeiras sobre seu retorno ao time. Quem assumiu a função nos últimos quatro jogos foi o prata da casa Wendell, de 22 anos. Ciente de que o dono da posição está quase voltando, a previsão é de estar à disposição do técnico Nedo Xavier para o duelo com o Vitória, dia 11, o jogador revelado pelo clube brincou com Marcos, pedindo mais um tempo para mostrar serviço na meta paranista.
“Que ele vá correr mais um pouquinho. Eu digo pa,ra ele, ‘ô chefe, está bom assim, mais uns dois joguinhos. Está sossegado assim’”, revelou Wendell, deixando claro o bom ambiente entre os candidatos à camisa 1 tricolor. “Se for melhor para o grupo ele voltar o mais rápido possível, que volte logo. Mas o ambiente é tranquilo”, falou o atual defensor da meta tricolor.
Recorde
Em conversa informal com a imprensa, Marcos disse que nunca havia ficado mais do que 15 dias afastado por lesão. Ele não atua pela equipe da Vila Capanema desde a derrota para o Santa Cruz, por 4×1, no dia 15 de maio. Exames confirmaram uma lesão na panturrilha. Aos 39 anos, ele chegou a voltar aos treinamentos há duas semanas, mas sentiu novamente dor no mesmo local e teve de retomar o tratamento médico. Atualmente está na fase de transição, trabalhando fisicamente e não vê a hora de entrar em campo novamente.
Golaços
A série de gols bonitos é um capítulo à parte. O time do técnico Nedo Xavier já conseguiu pelo menos quatro pinturas, que mereceram os aplausos da torcida. Os meias Marcos Paraná (contra o Paysandu) e Rafael Carioca (contra o Atlético Goianiense), o volante Washington (contra o Mogi Mirim) e o atacante Henrique (contra o Luverdense) já tiveram a oportunidade de comemorar em chutes improváveis que acabaram no fundo da rede adversária. Gols inusitados que geraram até brincadeiras entre o elenco paranista. “Nós até brincamos que todo mundo queria começar a chutar porque está tendo muitos gols bonitos. Mas isso é fruto do trabalho que estamos fazendo no dia a dia”, valoriza Luiz Felipe, garantindo que não pretende também arriscar o seu golaço. “Aí já é pedir demais. Chutar lá de trás e acertar como eles vêm acertando acho que vai ficar muito difícil para mim”, admite o zagueiro.