Turbinado recentemente graças a dois dos “paranistas do bem”, os empresários Carlos Werner e Leonardo Oliveira, o Ninho da Gralha agora vive sob risco. A situação foi escancarada por uma carta dos funcionários do CT, relatando o medo de novo abandono por parte da diretoria, situação que poderia culminar com a paralisação das atividades.
O Ninho vivia um momento tranquilo com o aporte financeiro de Carlos Werner. Mas o empresário se afastou do CT e da política do Tricolor após a recusa do presidente Rubens Bohlen em renunciar. Ciente da precária situação financeira, o coordenador administrativo Marcos Mello, confirma que a saída de Werner tornou o futuro da base nebuloso, mas nega a chance de greve e prevê: a única possibilidade de salvação do CT reside na autossustentabilidade.
“No passado, o clube deixou tudo atrasado e temos a dúvida se essa situação não vai voltar. Já estamos montando projetos de captação de recursos, para que a base seja autossustentável, até porque o clube tem dificuldades até mesmo para manter o time profissional”, afirma. “Conversamos com os funcionários e, apresar de eles concordarem com os argumentos da carta, ninguém concorda com a greve. Não há a mínima chance”, reforça Mello.
Sem a presença de Werner, o vice-presidente das categorias de base, Lúcio Nogueira, retomou o controle do Ninho. Ele admite que a pressão é grande e que sua primeira missão é garantir o funcionamento da base.
“Antes a gente tinha regularidade, agora não sabe como vai ficar, isso sempre causa pressão. Todos ainda estão assimilando a saída. Estamos elaborando um projeto para não faltar de modo algum a manutenção dos alojamentos e a alimentação dos atletas. Vamos ter de nos ajustar”, explica.
O receio é de que todo o trabalho de desenvolvimento do Ninho realizado desde a chegada de Werner seja perdido. “Mesmo com as dificuldades, nossa base voltou a ser grande, revelando jogadores e participando de competições. Se a gente deixar voltar a ser o que era há dois anos vai ser muito difícil”, completa Mello, que ainda guarda esperanças de que o grupo de Werner siga ajudando o local.
Atrasados
Enquanto a crise segue forte na Vila Capanema, os torcedores fazem a parte deles. A Associação dos Patronos e Amigos da Gralha Azul, grupo de paranistas que ajuda o clube por meio de doações voluntárias, conseguiu pagar os salários de novembro dos funcionários que recebem até dois salários mínimos. No total, 21 pessoas foram beneficiadas pela ação. Segundo o levantamento, o projeto “Salários em Dia” arrecadou até agora R$ 30.197,54. Desse dinheiro, R$ 25.757,00 foram utilizados para pagar os atrasados de setembro, outubro e agora de novembro, sendo R$ 14.630,00 só deste último mês.
