Aposenta ou fica?

Sem conquistar o acesso com o Paraná, futuro de Marcos vira incógnita

Goleiro voltou ao Tricolor para realizar o sonho do acesso, que não se tornou realidade. Foto: Marcelo Andrade

Paranista de coração, ídolo da torcida e jogador que mais vezes entrou em campo na história do Paraná. O goleiro Marcos, aos 40 anos, tinha o sonho de se aposentar ao final desta temporada devolvendo o Tricolor de volta para a Primeira Divisão. Mas a realidade do clube é outra, já que a luta nesta reta final da Série B é apenas para permanecer na Segundona e o desfecho do arqueiro dentro dos gramados deve ficar muito longe do pretendido.

“Fui formado por esse clube e tudo que tenho hoje devo ao Paraná Clube. Realmente vir nesse momento, a essa altura do campeonato, dar essas explicações aqui, é uma coisa que me dói muito e me machuca. No início, o sonho que eu tenho, que o torcedor tem, que todo paranista tem, era de chegar em um momento como esse nós estarmos brigando em cima. É um momento triste e nenhuma explicação vai confortar o coração do nosso torcedor, pois mais que eu explique várias situações que aconteceram”, lamentou ele.

Quando retornou ao Tricolor, em 2013, Marcos nunca escondeu sua vontade de deixar o clube novamente na elite do futebol nacional. O arqueiro, depois de colecionar passagens pelo futebol europeu, deixou para trás sua vida no Velho Continente, dinheiro e um contrato promissor para tentar ajudar o time paranista na luta para voltar à Primeira Divisão.

“Eu tenho sentimento de torcedor quando se inicia o ano, cheio de esperança, com aquele sonho de ver a Vila Capanema cheia, de ver o torcedor pintado na rua com as cores do clube e chegar nesse momento estar brigando lá em cima. Esse era o desejo do meu coração. Trabalhei todos os dias e dei meu melhor para que isso acontecesse. Não conseguimos e a gente volta aqui para dar explicação disso, daquilo. Meu foco é vencer os jogos, somar os pontos necessários para que a gente se sinta aliviado, mas não feliz. Feliz a gente ficaria somente se estivesse brigando pelo G4 e chegasse no final e conseguisse o tão sonhado acesso”, admitiu o goleiro, que ainda não sabe se vai encerrar a carreira ao final deste ano.

“Em relação ao futuro, vamos deixar um pouco para depois. Falei que seria um sonho encerrar a carreira com o clube na Série A. Foi por isso que eu voltei. Não deixei a qualidade de vida que tinha na Europa, minha família, dinheiro para trás para vir simplesmente encerrar a carreira. Vim para conquistar algo, para fazer alguma nova história e ajudar o clube a conseguir o acesso. Todos os momentos, todos os dias vim para o treinamento com esse pensamento e dei meu melhor. Vamos esperar um pouco, decidir mais na frente e o foco é tirar o Paraná dessa situação e deixar nosso torcedor mais aliviado”, contou.

Críticas

Diante do cenário ruim do Paraná na Série B, em alguns momentos o torcedor, irritado com mais um ano de insucesso, deixou de lado a importância de Marcos ao clube e passou a criticá-lo duramente. O ídolo do clube não escondeu o descontentamento com algumas críticas, mas garantiu que entende esse sentimento.

“Isso é uma coisa que machuca. Eu também dou a vida por esse clube. Abri mão de qualidade de vida, de salário e aqui fiquei sem receber bem dizer nos dois primeiros anos. Deu para contar os salários que eu recebi. Tive oportunidades de sair, mas não saí por um sonho, um objetivo, que era ajudar o Paraná a atingir o objetivo principal que é o acesso. Eu sozinho não consigo, é claro. Sei que com a falta de resultados acaba sobrando para todos. O torcedor é emocional, eu entendo, mas ao mesmo tempo fico triste. Quando os resultados não vêm, quando a equipe perde mais do que ganha, tem a defesa mais vazada do campeonato, a cobrança vem. Estou preparado para isso e vou procurar ajudar meus companheiros a dar o melhor para sair dessa situação”, arrematou Marcos.

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