Os próximos dias vão demorar a passar para jogadores, comissão técnica, dirigentes e torcedores do Paraná Clube. Até a tarde de sábado (18), por diversas vezes passará um filme de agonia e esperança. Agonia de dez anos de falhas, promessas não cumpridas, dilapidação de patrimônio e gestões temerárias. E esperança que se renovou a cada temporada, com possibilidades abertas, chances claras e enfim uma realidade de acesso. Tudo isso está num caldeirão emocional que envolve o Tricolor até a partida decisiva contra o CRB, em Maceió.
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Por mais que a hipótese tenha sido praticamente descartada pelos analistas, o Paraná pode subir neste sábado. É preciso, claro, uma combinação de resultados. Vencendo os alagoanos, precisará contar também com empates ou derrotas de Londrina, que enfrenta o América-MG no estádio do Café, e Oeste, que encara o ABC no Frasqueirão. Não é uma possibilidade tão difícil, mas que fica improvável diante da regularidade do Oeste e principalmente por conta da incrível arrancada do Tubarão, que vem de sete vitórias nas últimas oito rodadas. A rigor, a grande ameaça para o acesso do Tricolor está no próprio estado.
E a tensão, natural em um momento como esse, está fazendo estragos. Assim como na derrota para os paulistas, no empate da terça com o Santa Cruz a ansiedade atrapalhou. “Faltou mais equilíbrio mental e poder de concentração”, admitiu o técnico Matheus Costa. “Não conseguimos criar jogo de fundo, pelos lados, para colocar uma bola de qualidade na área. Foi um dia muito atípico e aquém do que poderíamos produzir”, completou o comandante.
E novamente a preocupação tomou conta dos torcedores, mesmo que o Paraná siga tendo vantagem de dois pontos para os rivais pelo G4 – e ser o único que depende dos próprios esforços para subir para a primeira divisão do ano que vem. “São partidas decisivas e a ansiedade pode ter tomado conta do nosso modo de jogar. Nesse momento, o caminho não é certo ter incerteza e energia negativa. Ainda estamos no G4 com dois pontos de vantagem. Se torcedores e jogadores tiverem insegurança, não vai ser positivo. O sonho tem que ser grande”, desabafou Leandro Vilela, que deve voltar ao time titular em Maceió.
Mas a mobilização inicial terá que partir de dentro. Nos jogos mais delicados da Série B, o Tricolor sentiu. A jovem equipe (média de idade de 24,6 anos), treinada pelo mais jovem dos técnicos nas séries A e B do Brasileirão, sofreu para manter os nervos no lugar. O resultado foi a baixa produtividade. Instabilidade que é admitida pelos jogadores. “Fomos elogiados no último jogo. Hoje (terça) não reproduzimos um nosso futebol. Temos que ter consciência disso e focar no jogo contra o CRB”, afirmou o zagueiro e capitão Eduardo Brock.
Querendo ou não, em cima desses personagens estão planos e sonhos de centenas de milhares de torcedores. E também uma possibilidade de virada histórica do Paraná Clube. Quem vive o dia-a-dia tricolor sabe que subir para a primeira divisão mudaria não só o patamar técnico, mas principalmente resolveria os problemas financeiros do clube. Gestões anteriores chegaram a dizer que o acesso era “a salvação” paranista.
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E em torcedores e dirigentes acaba sempre voltando a polêmica declaração do ex-dirigente Marcus Vinícius, que afirmou que se os tricolores não se unissem “o Paraná vai acabar” – que foi o estopim para a mudança de gestão e a chegada ao poder do grupo hoje liderado por Leonardo Oliveira. Em dois anos, o Tricolor saiu de uma situação pré-falimentar para estar a dois jogos de voltar à Série A. E é por isso que a expectativa é que a atitude dos jogadores será bem diferente no sábado. “Só depende de nós. Vamos brigar até o final”, avisou o goleiro Richard. “Temos que reagir rápido. Reagir já”, concordou Matheus Costa. “Não tem nada perdido. Vamos conseguir o acesso”, finalizou o lateral Cristovam.