Os problemas relacionados aos salários atrasados no Paraná Clube não são novidade. Na última década, diversos foram os momentos em que o Tricolor precisou lidar com crises internas ligadas à falta de pagamentos. Apesar da situação complicada, o técnico Matheus Costa acredita que nem de longe esse é o pior cenário enfrentado pelo clube, que vive uma evolução nesse sentido. Na última quarta-feira (23), o time paranista perdeu por 2×1 para o Sport, ficou com 44 pontos na Série B, mas o discurso é que ainda existe possibilidade de conquistar uma vaga no G4 até o fim da temporada.
Após o jogo em Recife, o treinador desabafou ao falar da fragilidade financeira que vive o time e deixou claro que a raiz do problema é antiga. Ainda assim, o comandante acredita que a realidade não é tão ruim.
“O Paraná Clube vive essa situação de muito tempo. Não temos que achar culpados, talvez são aqueles de 20 anos atrás, quando era um dos clubes mais ricos do Brasil. Não sabemos o que aconteceu para viver essa situação, mas sei que viveu momentos piores, hoje há um progresso”, destacou.
Alguns dos episódios de atrasos de salário no Paraná comprovam que, de fato, a questão é antiga, como alega Matheus Costa, e já foi mais crítica. Em 2010, por exemplo, após o término da Série B, os jogadores ficaram por horas sentados na porta da diretoria na sede da Kennedy, esperando seus salários. Cansados de tantas promessas, os atletas se reuniram e decidiram que não sairiam de lá se algo de concreto não fosse realizado pelo então mandatário, Aquilino Romani.
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Em 2013, os débitos interferiram diretamente no desempenho em campo. O time vinha numa crescente na Série B, mas quando passaram a conviver com os atrasos, a insatisfação dos jogadores passou a ser refletida no gramado. Em algumas ocasiões, a equipe abria um placar favorável no primeiro tempo e voltava a campo deixando claro que não jogaria. Com isso, sofria propositalmente o empate ou a derrota.
O Tricolor terminou a temporada ficando apenas a três pontos do acesso. Para falar da insatisfação dos atletas quem era o porta-voz dos jogadores era Lucio Flavio, atual auxiliar-técnico do time. Na época, o ex-meia chegou a emprestar dinheiro para os colegas que não tinham como arcar com as despesas pessoais.
Já em 2015, uma cena que ficou marcada foi o choro do então gerente de futebol do Paraná Clube, Marcus Vinícius, após uma derrota no Campeonato Paranaense para o Athletico por 1×0. Ele desabafou e pediu que os torcedores se unissem urgentemente, pois do contrário “o Paraná Clube acabaria”.
Dívidas trabalhistas e muitas contas ameaçaram a continuidade do Paraná, mas ainda que os episódios citados tenham sido apenas alguns dos momentos difíceis enfrentados, o time também teve muita superação nesse período. Em 2017, por exemplo, conseguiu uma campanha importante na Copa do Brasil e terminou o ano confirmando o acesso à Série A, o que rendeu um respiro financeiro. As dívidas estão sendo administradas pelo presidente Leonardo Oliveira, interventor dos processos judiciais.
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Por todos os avanços – mesmo que em pequena escala – que teve nos últimos anos, Matheus Costa se vê esperançoso diante do clube e disse que o Tricolor não é o único no Brasil a sofrer com a situação de falta de dinheiro.
“O Paraná tem uma torcida maravilhosa e uma camisa muito forte. Infelizmente, é mais um time que vive este processo, como tantos outros que conseguiram solucionar. Mas temos que ir progredindo, saber das dificuldades que o clube enfrenta e continuar trabalhando”, explicou.
Caso a equipe paranista consiga de fato ter êxito nas sete rodadas restantes da Segundona e alcance o acesso, a perspectiva continuará sendo de dificuldades financeiras na próxima temporada. Ainda assim, a projeção de onde o Paraná pode chegar a longo prazo é esperançosa.
“Temos sete jogos, temos condições e fazer o melhor planejamento possível para 2020, com os pés no chão, sabendo que a instituição busca o reequilíbrio e voltará a ser o que todos esperam”, concluiu.